O ativista Luis Baron, presidente da ONG Eternamente Sou, foi o convidado desta semana na coluna “Senta aqui, com Marina Vergueiro”, no Instagram da Agência Aids.

Homem cis gay, ele vive com HIV há 34 anos, é pai e apaixonado por artes visuais. Em 2017, por uma demanda pessoal, começou a pesquisar sobre as velhices LGBTQIA+. Ao constatar que essas velhices não tinham nenhuma visibilidade, resolveu estudar a temática e em 2019, ao verificar que esse assunto não era abordado nas redes sociais, lançou um canal sobre a questão, o “@Topassado_”, hoje presente no Instagram e Youtube.

“Não há pesquisa sobre a população LGBTQIA+ idosa, por isso comecei a estudar seriamente, fiquei interessado em saber quem cuidava desta população, onde estavam essas pessoas. Eu sempre falo que gay não é cachorro, a velhice não é nada mais do que o passar do tempo. Tenho sorte de ter chegado a velhice, a minha geração passou pelo HIV/aids”, comemorou.

Luis considera que a geração mais jovem abriu caminhos que não poderia imaginar. “Vivi para ver uma vereadora trans eleita na maior cidade da América Latina. A nossa cultura não é de olhar para a velhice, o capital incentiva você a permanecer jovem. É só ver a quantidade de processos estéticos.”

Questionado sobre a sua luta pessoal contra a aids, Luis contou que perdeu dois maridos para aids. “Eu mesmo vivo com HIV há 34 anos. Também perdi seis amigos. A epidemia de HIV/Aids afetou toda comunidade LGBTQIA+. Lembro do sofrimento dos homens gays, mas também das travestis. Costumo dizer que é mais complicado ser velho do que ser soropositivo, sempre lidei com o HIV com muita clareza. Mas a velhice não permite isso, as pessoas começam a achar você menos atraente. A questão do HIV hoje é diferente. Temos PEP, PrEP, pessoas falando sobre o tema na internet. Eu amo a tecnologia, vivo a medicina, a ciência e o SUS. Sou fruto da tecnologia, comecei a tomar antirretroviral em 1997. Nunca tive doença oportunista. Tomava 22 remédios por dia feliz, eu sabia que estava sendo cuidado. Fui ficando saudável com o tempo.”

Sobre ser pai Luis garantiu que sempre teve o desejo. “Tive um pai de bosta e decidi ser um pai legal para o meu filho. Quando veio o HIV, o sonho acabou, achei que não ia durar suficiente. Tínhamos apenas o AZT. Em 2004, antes do meu filho chegar, eu estava ótimo. Hoje, tenho um filho maravilhoso, vai fazer 17 anos.”

Após liderar luta no passado, idosos LGBTQIA+ estão em busca de acolhimento - 16/06/2021 - UOL ECOA

O ativista chegou a Associação EternamenteSou em 2019. No mesmo ano, assumiu a vice-presidência da Associação onde hoje é o presidente. A entidade tem seu trabalho voltado para os cuidados psicossociais das pessoas LGBTQIA+ 50+. O principal objetivo da ONG é atuar em prol das pessoas idosas LGBT. Considerando o preconceito, intolerância e a invisibilidade sofrida por esse público, a ONG desenvolve um trabalho integrado e multidisciplinar com um grupo de voluntários de modo a favorecer a inclusão social, protagonismo, proporcionando uma velhice digna e ativa, além da garantia de direitos humanos e promoção da cidadania LGBT.

 

Convidamos você a assistir o bate-papo na íntegra:

Dica de entrevista

EternamenteSOU

Tel.: (11) 96843-1177