Madonna e Pabllo Vittar em show na praia de Copacabana

Após muita expectativa, a Rainha do Pop finalmente estreou nas areias de Copacabana, no Rio de Janeiro, em frente a mais de 1,6 milhão de pessoas neste sábado (5). Com pouco mais de 1 hora de atraso, Madonna finalizou no Brasil sua turnê Celebration, na qual levou a cabo mais de 80 performances ao redor do mundo. Aos 65 anos, a cantora americana é uma aliada da luta contra o estigma e a falta de informação  em relação ao HIV/aids desde o início da carreira nos anos 80. Durante a apresentação da canção “Live To Tell”, que integra “True Blue”, seu terceiro álbum de 1986, ela faz uma homenagem às 40 milhões de vítimas da aids enquanto um telão gigante no fundo do palco projeta imagens de personalidades e pessoas anônimas que não sobreviveram à epidemia. Nomes como CazuzaRenato Russo, Henfil, Sandra Brea e Betinho foram lembrados. Madonna fez questão de mencionar que naquela noite seu amigo e artista plástico Keith Haring faria aniversário, caso a aids não tivesse tirado sua vida, e jurou lutar pelos direitos LGBTQIAP+ até o dia de sua morte.

Um dos momentos mais esperados da noite foi a colaboração com Paulo Vittar, que subiu ao palco para uma coreografia que esteve ensaiando à exaustão nos últimos dias para a performance de “Music”, que contou com uma bateria de samba formada por crianças. A cantora maranhense cantou, dançou e agitou a bandeira do Brasil ao lado de sua ídola máxima, para o delírio do público. No twitter, fãs da drag queen lembraram de um post de 2011 em que ela dizia “Um dia vou calar a boca de todos que duvidaram de mim”. Anitta também fez uma participação como jurada de uma competição de BallRoom em que Estere, a filha de Madonna de apenas 11 anos, performou a clássica “Vogue”.

Imagem do turnê Celebration de Madonna, no Rio de Janeiro

A diva do showbizz disse estar muito feliz de fazer este show no Rio de Janeiro e brincou lembrando que já se relacionou com homens brasileiros. Arriscou algumas palavras em português, como “safada” e “bunda suja”, em referência ao seu icônico show no mesmo Rio de Janeiro da turnê “The Girlie Show Tour” em 1993, quando falou a expressão pela primeira vez. Durante a apresentação de “Like a Virgin”, Madonna fez uma bela homenagem ao seu amigo Michael Jackson que contou com a música “Billie Jean”.

Em poucos mais de 1h30 de show, a controversa artista abordou questões como a emancipação sexual, direitos LGBTQIAP+, masturbação feminina, etarismo, além de fazer duras críticas à Igreja católica em “Like a Prayer”. Em um dos momentos, seu corpo de baile feminino dançou com os seios à mostra e Madonna finaliza a coreografia com um beijo sensual em uma dançarina trans. Ela também prestou homenagem a diversas personalidades mundiais, entre elas as brasileiras Marielle Franco, Paulo Freire, Marina Silva,Mano Brown, Gilberto Gil, Erika Hilton e René Silva.

Madonna e Anitta no palco da Celebration tour no Rio de Janeiro

A trajetória de Madonna ao longo dos anos se entrelaça com a epidemia de aids, ambas compartilhando aproximadamente quatro décadas de história. No seu álbum de 1989, “Like a Prayer”, a diva incluiu um panfleto intitulado “Os Fatos Sobre a AIDS”, educando seus fãs sobre práticas sexuais seguras e promovendo respeito e empatia para com aqueles afetados pela doença. Este panfleto enfatizava que pessoas com AIDS, independentemente da sua orientação sexual, merecem compaixão e apoio, não discriminação e intolerância. Desde então, Madonna tem utilizado suas plataformas de shows, performances e entrevistas para destacar a importância de acabar com o estigma em torno do HIV e garantir acesso ao tratamento antirretroviral. Em 1º de dezembro de 2015, no Dia Mundial de Luta contra a AIDS, ela realizou um concerto em Londres, chamando a atenção para as milhares de crianças afetadas pela AIDS desde o início da epidemia, muitas das quais ainda morrem atualmente, apesar da existência de tratamentos que poderiam salvar suas vidas. Em uma entrevista de 2006, Madonna revelou que David Banda, um dos seus filhos adotivos, perdeu os pais devido à AIDS.

Marina Vergueiro (marina@agenciaaids.com.br)