Capital paulista recebe recertificação por eliminação da transmissão vertical do HIV

Primeira metrópole da América Latina a eliminar a transmissão vertical, a cidade de São Paulo registrou este feito em 2019. Na época, o então prefeito da cidade, Bruno Covas, disse que estava muito feliz com a conquista. “Provavelmente São Paulo passa a ser a maior cidade do mundo a ter esse selo! Isso é fruto de um trabalho de longo prazo que teve total apoio durante nossa gestão. Uma conquista que será mantida com o apoio de toda a sociedade. Mas a luta continua. Ainda temos que impedir o avanço da doença e a falsa impressão que se criou que aids tem cura”, disse.

Neste 25 de janeiro, aniversário da cidade, a Agência Aids relembra que dois anos após ser certificada pelo Ministério da Saúde (MS) como município que eliminou a transmissão vertical do HIV, a cidade de São Paulo conseguiu a recertificação em 2021.

A eliminação da infecção do vírus de mãe para o filho durante o período da gestação (intrauterino), no parto (trabalho de parto ou no parto propriamente dito) ou pelo aleitamento materno, juntamente com a redução da transmissão vertical da sífilis e da hepatite B, está entre as prioridades do Ministério da Saúde para controle das infecções sexualmente transmissíveis (IST) e das doenças de condições crônicas.

A capital possui uma rede de saúde complexa e integrada que resulta em uma cadeia de cuidados e proteção envolvendo a Atenção Básica, Especializada, Saúde da Mulher, Saúde da Criança, áreas que cuidam da Vigilância em Saúde, maternidades, entre outras. Outro fator é a adoção de programas como Mãe Paulistana, e as ações da Coordenadoria de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/Aids, com todas as iniciativas de assistência e prevenção. A disponibilização do teste de HIV, monitoramento das gestantes e a capacitação dos profissionais para o cuidado contínuo estão entre as medidas adotadas pelo município de São Paulo.

Como o HIV pode ser transmitido pelo aleitamento, a Coordenadoria de IST/Aids oferta para todas as mães que vivem com HIV a fórmula láctea para alimentação do bebê e para os irmãos. Essa fórmula é dada até o primeiro ano de vida do bebê e depois substituída pelo leite integral até os cincos anos de idade. Antes mesmo de sair da maternidade, a mãe recebe um medicamento para inibir a produção de leite e sai de alta com a fórmula láctea.

Crianças com HIV no Brasil 

Segundo o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, quanto à categoria de exposição entre os indivíduos menores de 13 anos, em 2019, a maioria dos casos (88,8%) teve como via de infecção a transmissão vertical. A taxa de detecção do HIV em crianças de 5 a 9 anos no ano de 2019 foi de 0,6% tanto no sexo masculino, quanto feminino.

A taxa de detecção de aids em menores de cinco anos tem sido utilizada como indicador para o monitoramento da transmissão vertical do HIV. Observou-se queda na taxa nos últimos dez anos, a qual passou de 3,6 casos/100 mil habitantes em 2009 para 1,9 casos/100 mil habitantes em 2019, o que corresponde a uma queda de 47,2%.

Todas as regiões do país apresentaram queda na taxa de detecção de aids em menores de cinco anos na comparação entre 2009 e 2019. A região com maior queda no período foi a região Sul, com 69,7% de declínio. A redução observada na região Sudeste foi de 43,8%; no Nordeste, de 43,3%; no Norte, de 29,8%; e na região Centro-Oeste, de 25,0%.

No Brasil, entre as mulheres, verifica-se que, nos últimos dez anos, a taxa de detecção apresentou decréscimo em todas as faixas etárias, sendo as de 5 a 9 anos, de 10 a 14 anos, as que tiveram as maiores quedas: 57,1%, 61,5%, respectivamente.

Na população geral, as maiores reduções na mortalidade ocorreram nas crianças de 5 a 9 anos (50,0%) e de 10 a 14 anos (66,7%).

Em todo o mundo, dados da Unicef mostram que pelo menos 300 mil crianças foram infectadas pelo HIV em 2020, ou uma criança a cada dois minutos, disse o UNICEF em um relatório divulgado hoje. Outras 120 mil crianças morreram de causas relacionadas à aids durante o mesmo período, ou uma criança a cada cinco minutos.

O último relatório HIV and Aids Global Snapshot (disponível somente em inglês) adverte que uma prolongada pandemia de covid-19 está aprofundando as desigualdades que há muito impulsionam a epidemia de HIV, colocando crianças, adolescentes, gestantes e lactantes vulneráveis em maior risco de não ter acesso a serviços vitais de prevenção e tratamento do HIV.

O relatório observa que muitos países viram interrupções significativas nos serviços de HIV devido à covid-19 no início de 2020. O teste de HIV infantil em países com alta carga diminuiu em 50% a 70%, com novas iniciações de tratamento para crianças menores de 14 anos caindo em 25% a 50%.

ONGs que atuaram no acolhimento a crianças com HIV

Associação de Auxílio à Criança Portadora do HIV

A infectologista, Dra. Marinella Della Negra, começou a trabalhar com crianças vivendo com HIV em 1985, quando aceitou acompanhar pela primeira vez um bebê soropositivo recusado por outras equipes, já que então pouco se conhecia sobre os tratamentos da doença e suas formas de transmissão.

A partir daí, se dispôs a pesquisar a aids pediátrica e a procurar informações com especialistas, em revistas e em instituições internacionais. Os casos seguintes de crianças HIV positivo foram encaminhados a Marinella, que passou a se dedicar quase que exclusivamente ao número sempre crescente de pequenos pacientes.

“Em 1989, começaram a chegar as primeiras portadoras do vírus, filhas de mães infectadas pelo HIV. Nós recebemos doação em dinheiro de uma empresa que repassava verbas para organizações não-governamentais e com essa ajuda começamos essa ONG, que é a Associação de Auxílio à Criança Portadora do HIV, para ajudar as famílias a sobreviverem, porque naquela época não tinha remédio, não tinha nada, as mães não podiam trabalhar, os pais também não, Esse dinheiro servia pra pagar aluguel, para pagar conta, para dar cestas básicos. Demos por muitos anos cestas básicas e leite para essas crianças”, relata a infectologista.

Além de ajudar os doentes, fornecendo remédios, cuidando de seu encaminhamento a hospitais e ambulatórios, e de transmitir informações sobre a doença a pacientes e suas famílias, a ONG criada por Marinella também organizou o primeiro encontro sobre aids pediátrica no Brasil.

 

Projeto Criança Aids

Projeto Criança AIDS | Doações Online, Captação de Recursos, Doação e Fundraising

O Projeto Criança Aids (PCA) é uma Organização Não Governamental (ONG), que atende famílias em vulnerabilidade social, responsáveis por crianças e adolescentes vivendo e convivendo com HIV/aids.

O PCA atua desde 1991 no auxílio e no resgate da dignidade das crianças e seus familiares. As famílias atendidas recebem uma cesta mensal com produtos de higiene pessoal, limpeza e alimentos!

A equipe de voluntários visita regularmente as casas de todas as famílias responsáveis para conferir a frequência escolar, condições de saúde e moradia. Todas as crianças atendidas são encaminhadas por meio de Centros de Referência e Tratamento da Aids (CRTs), e por hospitais como o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e Hospital São Paulo.

Casa Vida

A Casa Vida, casa de apoio que atendeu crianças vivendo com HIV/aids em São Paulo, encerrou o trabalho há dois anos, sem nenhum caso de HIV e com um número reduzido de acolhidos. Fundada em 1991, o espaço oferecia moradia, educação, alimentação, vestuário, lazer e encaminhamento psicológico e médico. Por quase 30 anos, a Casa Vida acolheu bebês, crianças, adolescentes, e pessoas vivendo com HIV, contribuindo assim, na luta contra o estigma e o preconceito. Era mantida pelo Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto e coordenada pela irmã Judith Luppo. O projeto teve como madrinha Diana, Princesa de Gales e recebeu recursos de várias organizações religiosas do mundo

Casa Siloé

Casa Siloé |

A Casa de Apoio Siloé foi idealizada, em 1994, pelo padre italiano Valeriano Paitoni, então páraco da Igreja Nossa Senhora de Fátima do Imirim, zona Norte da cidade. Na época, não existia tratamento para a aids e muitas pessoas morriam. Uma das consequências era o enorme contingente de crianças soropositivas órfãs de pai e mãe. Foi com o objetivo de acolher esses pequenos que a pastoral paroquial decidiu fundar a Sociedade Filantrópica Padre Costanzo Dalzébio e a Casa de Apoio Siloé. A comunidade uniu forças, arrecadou fundos e construiu a casa nas dependências da igreja. No dia 7 de outubro de 1994, a Siloé recebeu a primeira criança com HIV, batizada de Indaiara. Desde a fundação, mais de 100 crianças moraram na Casa Siloé. Muitas chegaram bebês e saíram aos 18. Hoje, a Siloé não existe mais, mas houve época em que abrigou 16 crianças.

Associação Casa de Apoio Amigos da Vida

A Associação Casa de Apoio Amigos da Vida – ACAAV cuida de crianças e adolescentes portadores do vírus do HIV desde 1995 na região de Sapopemba, Zona Leste de São Paulo-SP.

A casa tem capacidade para acolher 20 crianças, mas que devido a situações de extrema urgência, extrapola o número chegando ate mesmo acolher 25 destas. O objetivo é proporcionar qualidade de vida e condições para o convívio saudável, para ajudar as crianças a superar a incansável luta com o vírus HIV.

Para isso, buscam resgatar a dignidade da vida e respeito pelo ser humano, para uma possível reintegração as famílias de origem ou em famílias substitutas, conforme a situação pessoal de cada criança.

Leia também:

Aniversário de São Paulo: A metrópole e a história de seu pioneirismo em 40 anos de luta contra aids

Dica de entrevista

Projeto Criança Aids

Telefone: (11) 2275-9516

Associação de Auxílio à Criança Portadora do HIV

Telefone: (11) 3081-0781

Associação Casa de Apoio Amigos da Vida

Telefone: (11) 2302-6821