O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (10) que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prepara um parecer para desobrigar do uso da máscara para quem já foi vacinado contra a Covid ou quem já se infectou com o coronavírus.

O anúncio chocou ativistas da luta contra aids, que disseram que o não uso de máscara incentivado por Bolsonaro é uma medida irresponsável. De acordo com os militantes, o baixo número de pessoas completamente vacinadas contra a Covid-19 (cerca de 11% da população) no Brasil e a alta taxa de transmissão do vírus, com a média móvel de novos casos da doença acima de 50 mil por dia, não permitem que a população deixe de usar as máscaras neste momento.

Pesquisas revelaram que a chance de um vacinado se infectar com a doença é muito menor do que a de quem não recebeu nenhum imunizante, e o tamanho dessa proteção varia de acordo com a vacina utilizada.

Nos Estados Unidos, as autoridades de saúde anunciaram em meados de maio que pessoas totalmente vacinadas não precisam usar máscara nem respeitar o distanciamento social na maior parte das situações. A proteção segue necessária em ambientes de maior risco, como hospitais e aviões.

Quando a obrigatoriedade das máscaras caiu nos EUA, o país já havia aplicado mais de 260 milhões de doses e cerca de metade da população adulta já estava completamente vacinada.

Além disso, as principais vacinas usadas nos EUA, da Pfizer/BioNTech e da Moderna, baseadas na tecnologia de RNA mensageiro, possuem eficácia acima de 95% e oferecem altíssima proteção. Ainda assim, há casos extremamente raros de pessoas vacinadas que desenvolvem Covid grave.

 

Rodrigo Pinheiro, presidente do Fórum de ONGs/Aids de São Paulo: “Estou ficando assustado neste país em que estamos vivendo. Aprovar o não uso de máscaras por pessoas vacinadas contra a covid-19 é de uma irresponsabilidade sem tamanho. Até os Estados Unidos, que tem um alto índice de pessoas vacinadas, três vezes mais do que o Brasil, foram bastante criticados por adotar essa prática. É grave, o presidente do Brasil mostra o grau de genocida que ele é, o que me deixa mais preocupado é o ministro da Saúde seguir as decisões que um presidente da república que não é da área da saúde e que já demonstrou por diversas vezes não ter conhecimento. Se o ministro Queiroga seguir o presidente Bolsonaro nesta decisão ele deve entregar o cargo e também seu diploma como médico.”

Jacqueline Cortes, do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas: “Essa manifestação do presidente sobre o não uso de máscaras é um absurdo. Em primeiro lugar, é amplamente divulgado pela ciência, autoridades de saúde e pelos protocolos sanitários do Brasil e do mundo que nós só estaremos protegidos depois das duas doses da vacina contra a covid-19. Existe ainda o período da janelinha. Para além desta questão, sabemos que há pessoas que tiveram covid e pegaram o vírus pela segunda e terceira vez. Também sabemos que pessoas que já tomaram a primeira dose da vacina pegaram covid antes da segunda dose. Mesmo depois de uma segunda dose não é 100% de garantia de que a pessoa jamais terá covid. Como em todas as vacinas, se tomadas as duas doses de acordo com as orientações, o imunizante vai reduzir o dano. Por fim, os Estados Unidos que já vacinou praticamente 70% da sua população, ainda mantem o uso de máscaras em lugares fechados. É um absurdo, mais uma insanidade desde presidente insano.”

Drew Persi, ator, escritor e influenciador digital: “Bolsonaro mais uma vez se mostra doente, desinformado e querendo copiar o modelo americano, porém, se esquecendo que ele “administra” o Brasil, e aqui, estamos bem longe do uso de máscara ser descartado! Mais uma vez ele agindo de forma irresponsável e assassina, como tem feito nos últimos 2 anos!”

Alessandra Nilo, da Gestos de Pernambuco: “Este presidente precisa levar um impeachment antes que ele continue a estimular medidas que vão matar e segue matando milhares de pessoas. Temos quase 500 mil pessoas mortas em decorrência da covid-19, são milhões de pessoas que sofrem a perda de entes queridos. É inaceitável que um presidente de um país se comporte dessa maneira irresponsável, criminosa e genocida. Até quando a gente vai continuar aceitando que o presidente siga fazendo essas loucuras? É um absoluto descaso com a vida humana, isso vai contra o mandato dele como Presidente da República.”

Jenice Pizão, do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas: “Mais uma vez o povo brasileiro ouve estarrecido as declarações irresponsáveis do Presidente da República, que na sua função primordial deveria defender a população, baseado em princípios científicos e humanitários.”

 

Micaela Cyrino, artista e ativista: “Absurdo essa postura, como todas as outras. Mas o que me assusta são os aplausos e os cidadãos que seguem essas “dicas”. É assustador e lamentável saber que seguiremos tendo mortes que poderiam ser evitadas.”

Fabiana Oliveira, do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas: “Infelizmente o governo insiste no negacionismo que só fez disparar o número de mortes por Covid-19 no país. Essa “conspiração” na desobrigação do uso da máscara de proteção é apenas mais uma falta de responsabilidade, de compromisso, de amor pela nação brasileira. Estamos mergulhados num abismo de sofrimento, de luto, de dor e esse homem não para. É uma máquina de morte. O que me deixa indignada é a passividade do poder legislativo e judiciário que nada fazem, a não ser acumular pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Enquanto isso, a população, em especial pobre e preta, que vivem num cenário de completa desigualdade, marginalizada, sem acesso a saúde digna continua morrendo. Nos resta lamentar e repudiar esse novo empreendimento contra a vida. #ForaBolsonaro”

Redação da Agência de Notícias da Aids com informações

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