Foi lançada, no último sábado (14) a pesquisa Brasil: Violência e Discriminação em Pessoas Vivendo com HIV/Aids que analisou perguntas respondidas por membros da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+). O trabalho foi conduzido por Jorge Beloqui, do Grupo de Incentivo à Vida com a consultoria de Gabriela Calazans e Paulo Giacomini.

Um dos principais dados analisados foi a frequência de discriminação relatada pelas pessoas que vivem com o vírus. No ano de 2015, por exemplo, 41,1% das pessoas entrevistadas afirmaram ter sofrido discriminação por viver com HIV. Já no ano de 2017, o número aumentou para 46,9%.

O estudo, realizado pela RNP+ Brasil em parceria com o Grupo de Incentivo à vida e com apoio do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), também apresentou dados relativos à violência, divulgação de sorologia e adesão ao tratamento sob recortes como carga viral, raça, religião, faixa etária, escolaridade, condição de moradia, renda familiar, acesso à internet, dentre outros. 

Segundo Beloqui, o recorte mostrou que a discriminação por HIV se sobrepõe a outras condições sociais. “Buscamos identificar se havia associações entre as variáveis sociodemográficas. Em nossa interpretação, a discriminação contra pessoas que vivem com HIV/aids é tão frequente e generalizada que não abre espaço para distribuições irregulares em função de outras variáveis como sexo, orientação sexual, raça ou quaisquer outras abordadas neste estudo.”

Beloqui também explicou que os dados apresentados nesta pesquisa vão de encontro a outros estudos nacionais como a Pesquisa de Comportamentos, Atitudes e Práticas, publicada em 2016 pelo Ministério da Saúde, e a pesquisa Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil, da Fundação Perseu Abramo. 

Lipodistrofia

O estudo também mostrou que as pessoas que vivem com lipodistrofia relatam sofrer mais discriminação do que aqueles sem a condição. Além disso, os números mostram que para aqueles que estão em tratamento há mais tempo e fez uso de antirretrovirais com tecnologias mais antigas, há uma maior probabilidade de ter lipodistrofia.

O número de pessoas com lipodistrofia discriminadas permaneceu estável entre 2015 e 2017. No entanto, vale ressaltar que o número de relatos da condição diminuiu consideravelmente, “provavelmente devido à realização para controlar a lipodistrofia e ao uso de medicamentos que não produzem esse efeito adverso.”

Quem discrimina

O ambiente externo mostrou ser responsável por mais discriminação do que o ambiente familiar. Foi observado que a proporção de discriminação quando a sorologia é conhecida no ambiente privado, ou seja, família, cônjuge/companheiro e amigos, aumentou de 34% para 38%, de 2015 para 2017.

Já no caso de ambientes públicos (trabalho, escola, vizinhos e outros) a taxa de discriminação quando a sorologia é conhecida sobe de 41,1% em 2015 para 46,9% no ano de 2017.

Assim, como ilustra o gráfico abaixo, os locais onde foram relatados os maiores índices de discriminação foram escolas, entre vizinhos e no trabalho.

 

Assim, a pesquisa concluiu que “a determinação de taxas de discriminação e violência tão altas e gerais indica a necessidade de ações e políticas públicas que visem diminuí-las, não penas no âmbito da saúde.” A pesquisa também não identificou, dentre as pessoas que vivem com HIV, populações mais vulneráveis à violência, à discriminação em geral e à discriminação relacionada ao HIV em particular. “O que se nota é o reconhecimento de que a exposição da sorologia positiva aumenta a possibilidade de discriminação.”

 

Mais informações sobre a pesquisa

Grupo de Incentivo à Vida

Contato: (11) 5084-0255

Site: www.giv.org.br

 

RNP+ Brasil

E-mail: comunica@rnpvha.org.br

 

 

Jéssica Paula (jessica@agenciaaids.com.br)