Resultados vão ajudar na elaboração de abordagens mais efetivas para manejo das infecções

UnB Notícias - Polo orienta sobre saúde sexual e faz testagem rápida

O periódico Sexually Transmitted Infection, de grande relevância científica na área das Infecções Sexualmente Transmissíveis, publicou estudo de âmbito nacional realizado por pesquisadores brasileiros sobre a identificação molecular de agentes responsáveis por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) que causam corrimento uretral ou úlcera genital em homens brasileiros. A pesquisa é uma iniciativa de profissionais do Ministério da Saúde, em parceria com pesquisadores e profissionais da saúde de 12 locais diferentes. O estudo foi coordenado pela pesquisadora Maria Luiza Bazzo, do Laboratório de Biologia Molecular, Microbiologia e Sorologia (LBMMS) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Os resultados apontaram a gonorreia (causada pelo gonococo) e a infecção por clamídia como as principais causas de corrimento uretral entre os brasileiros. No caso da úlcera genital, herpes genital tipo 2 foi o agente mais identificado seguido de Treponema pallidum (agente causador da sífilis). Segundo a coautora e coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis (Cgist/Dathi/SVSA/MS), Pâmela Gaspar, o estudo será importante para a formulação de respostas mais eficazes às ISTs. “Com os achados, poderemos propor cuidados mais adequados à realidade brasileira no que tange ao manejo de infecções sexualmente transmissíveis que causam corrimento uretral ou úlceras genitais”.

A coordenadora-geral explica ainda que as informações coletadas nessa pesquisa, que também contou com a autoria de Angélica Espinosa, diretora de Programa da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), e de Alisson Bigolin, consultor do Dathi, serão utilizadas na atualização do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde.

Angélica Espinosa destaca que, com protocolos e ações informadas por evidências científicas, o cuidado e a vigilância em relação às ISTs serão mais assertivos. “Estima-se que um milhão de pessoas adquirem algum tipo de IST todos os dias no mundo. Se não tratadas adequadamente, algumas ISTs podem causar infertilidade, aumentar o risco de cânceres e infecção por HIV, bem como resultados adversos na gravidez e outros problemas de saúde. Além disso, pode aumentar a resistência aos antimicrobianos. Portanto, precisamos ser assertivos para controlar esse problema de saúde pública”.

Cuidados relacionados às ISTs

As infecções sexualmente transmissíveis podem apresentar sinais ou sintomas ou, em grande parte dos casos, ocorrer de forma assintomática, dificultando o diagnóstico oportuno e o tratamento adequado. O uso de testes diagnósticos é fundamental para identificação dessas infecções. No Brasil, os testes laboratoriais para detecção de gonorreia e infecção por clamídia estão disponíveis em todo o território nacional para a população de maior vulnerabilidade às ISTs. Além disso, encontra-se em andamento um projeto piloto de implementação de testes de biologia molecular rápida para detecção de gonococo e clamídia, com fornecimento do resultado no momento da consulta. Os resultados deste piloto subsidiarão as ações futuras para a implementação destes serviços no SUS.

Desde 1980, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a abordagem conforme a síndrome para casos sintomáticos, quando não existem, no local, testes diagnósticos com resultado imediato. Dessa forma, são identificados sinais e sintomas que caracterizam determinada síndrome, e o tratamento recomendado abrangerá a maioria dos patógenos que a causam, ou pelo menos os mais agressivos. Conforme a coordenadora-geral de ISTs do Ministério da Saúde, isso configura um desafio, especialmente no que se refere ao tratamento adequado. “Por isso estudos como este de vigilância da etiologia de síndromes no Brasil são fundamentais para informar cientificamente os protocolos de tratamento nacionais”, afirma.

Diversas bactérias, vírus e parasitas são transmitidos por contato sexual, anal ou oral, ocasionando uma infecção. Dessa forma, uma mesma pessoa pode ter mais de uma IST com sintomas semelhantes. No estudo, 14,4% dos homens com corrimento uretral foram diagnosticados com coinfecção por gonococo e clamídia.

A transmissão dessas ISTs pode impactar a saúde reprodutiva. Infecções como a sífilis e a gonorreia podem ser transmitidas verticalmente durante a gravidez, da mãe para o feto, aumentando o impacto social relacionado a elas. “Considerando a preocupação global com as consequências dessas infecções, é de suma importância a realização de estudos que contribuem para a atualização das recomendações de manejo clínico, melhoria da qualidade de vida das pessoas e a quebra da cadeia de transmissão dessas infecções”, afirma Pâmela Gaspar.

Fonte: DATHI / Ministério da Saúde