O Governo Federal publicou nesta semana, a portaria GM/MS Nº 154, que aprova o Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como problema de Saúde Pública – Estratégias para 2021-2025. O plano tem o objetivo de informar as coordenações estaduais e municipais de tuberculose e a sociedade civil sobre metas, indicadores e execução do plano.

Ativistas que atuam no enfrentamento à doença no país, se mostram otimistas, mas defendem que o plano é desafiador. Segundo eles, o cenário em meio à pandemia de Covid-19 pode ser uma barreira se o enfrentamento não contar com união entre setores do governo e movimento social.

 

Roberto Pereira, Fórum de Tuberculose do Rio de Janeiro: “O Plano Nacional TB, em sua última versão aprovada agora pelo Ministério da Saúde, após uma ampla consulta pública e contribuições da sociedade civil/movimento social de TB, estabelece o conjunto das novas diretrizes para orientar e instrumentalizar estados, municípios e o controle social nas ações e monitoramento para atingir as metas definidas pela OMS, adequadas a realidade brasileira, de eliminação da tuberculose como problema de saúde pública. Com o advento da pandemia da Covid-19, a eliminação da tuberculose (TB) como problema de saúde pública mundial ficou mais complexa, tendo em vista a diminuição de 25% no diagnóstico e o aumento de 26% da mortalidade por TB no mundo, segundo estimativas divulgadas pela OMS em 2020. Soma-se a isso a profunda crise econômica, política e social do país com o aumento da pobreza que afeta negativamente enquanto determinantes sociais da saúde o enfrentamento da Tuberculose. Esse cenário desafiador exigirá maiores investimentos e fortalecimento do SUS e SUAS, maior participação da sociedade civil e do controle social, e políticas públicas intersetoriais que reduzam a vulnerabilidade social das populações mais afetadas pela Tuberculose.”

 

José Carlos Veloso, Rede Paulista de Controle Social da Tuberculose: “O plano estabelece metas para o fim da tuberculose enquanto problema de saúde pública, cabe a sociedade civil em parceria com a academia e outros parceiros afins, monitorar e cobrar estratégias eficazes para a condução do plano. Além de ampliar o acesso à saúde o plano também deve fortalecer os laços entra SUS e SUAS na tentativa de mitigar os efeitos da pobreza e miséria na população mais afetada pela tuberculose, caso contrário as metas estabelecidas dificilmente serão alcançadas.”

 

Margarete Preto, ativista do movimento de aids: “A tuberculose ser tratada como uma questão de saúde pública é extremamente importante pra saúde como um todo. Isso porque essa ação coloca na pauta essa patologia que muitas vezes é negligenciada, mas ainda não está erradicada. Então, é extremamente importante já que, se ela for diagnosticada e tratada em tempo oportuno, ela não deixa sequelas e a pessoa pode ser curada. Mas se houver um diagnostico tardio, ou ainda se a pessoa não foi diagnosticada e, sobretudo, se houver uma coinfecção HIV/TB, ela eleva o risco de morte. As pessoas mais vulneráveis, como população de rua, população carcerária precisam ser olhadas, tratadas e acompanhadas de perto. Na população vivendo com HIV, os infectologistas precisam cumprir um protocolo já existente de que, uma vez por ano, é necessário fazer o teste de tuberculose. Esse protocolo não é cumprido. Dificilmente os serviços aplicam esse teste, mas se cumprido, consegue-se rastrear melhor e tratar a doença de maneira correta e eficaz.”

 

Maria Elias Silveira, Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas: “Entre tantas pessoas afetadas no Brasil pela tuberculose é possível perceber que as mulheres são passageiras deste trem principalmente no que tange a coinfecção TB/ HIV. Com a formação dos comitês metropolitanos e estaduais de enfrentamento da tuberculose em 13 estados da federação, o MNCP levantou a bandeira e tem um grande orgulho de ver as portarias criadas e revisadas com a participação da sociedade civil organizada fortalecendo do terceiro pilar em estratégia de prevenção e advocacy. A tuberculose é a primeira causa de morte das pessoas que vivem com HIV/aids e a segunda morte social. A informação correta precisa circular, muitos precisam ser desmistificados e a cura garantida através de todas as formas de informação e acesso. Não é só uma medicação e sim, mais uma medicação que nosso organismo recebe e dentro desse cenário um olhar além do clínico. Fui afetada e curada duas vezes por tuberculose extrapulmonar. Sou idealizadora da roda de conversas “SUSpira Mitos e Verdades sobre tuberculose”. Me dedico muito a esse tema porque vivi na pele. A Tuberculose é um grave problema de saúde pública e em tempos de Covid-19 ficou um pouco guardada e mal interpretada pelo medo. Foi necessário algumas estratégias por grupos já existentes, e o convite a toda sociedade para que assim conseguíssemos pautar e conquistar o que realmente lutamos por anos. O Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas estará presente protagonizando, fazendo o advocacy no enfrentamento pelo fim da Tuberculose.”

 

 

Dica de Entrevista

Roberto Pereira

E-mail: cedusrj@yahoo.com.br

Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas

Site: https://mncp.org.br

Rede Paulista de Controle Social da Tuberculose

E-mail:  redepaulistatb@yahoo.com.br

Margarete Preto

E-mail: margaretebmq@gmail.com