O ator Sérgio Mamberti morreu na madrugada desta sexta-feira (3), em São Paulo, aos 82 anos. A informação foi confirmada pelo filho dele, Carlos Mamberti. Ele estava intubado desde o último sábado, no hospital da rede Prevent Senior para cuidar de uma infecção nos pulmões. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos, segundo o filho do ator.

Sérgio Mamberti construiu sólida carreira nos palcos e nas telas, além de atuação no fomento a políticas culturais. Em julho deste ano, Mamberti havia sido hospitalizado para tratar de uma pneumonia e chegou a passa por uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após cerca de 15 dias, se recuperou e teve alta.

 

Talentoso, Mamberti também é conhecido por sua luta a favor dos direitos humanos e das pessoas vivendo com HIV/aids. Nesta pandemia, o ator se juntou ao Instituto Cultural Barong, no Projeto Balaio, para levar alimentos e antirretrovirais para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Em junho, participou da campanha de arrecadação de alimentos no Camarote Virtual Solidário, da Agência Aids.

 

Carreira

 Ao comemorar 80 anos, o artista lançou a biografia "Sérgio Mamberti: Senhor do Meu Tempo" pelas Edições Sesc,(foto: Matheus José Maria/Divulgação)

 

Dono de uma sólida carreira que mescla arte e militância, Mamberti tem no currículo mais de 80 peças teatrais, quase 50 longas-metragens e 30 telenovelas, com participações desde a época das tevês Excelsior e Tupi e depois na Globo e Cultura. É lembrado por personagens que roubam a cena, literalmente, como o do copeiro Eugênio, da novela Vale Tudo, o sábio Doutor Victor, do programa infantil Castelo Rá-Tim-Bum, e o vilão Dionísio Albuquerque, da novela Flor do Caribe.

O ator colecionou inúmeros papéis de destaque. Foi nas séries que viveu seu personagem mais querido, o saudoso Dr. Victor do Castelo Rá-tim-bum.

Também participou de produções da TV Globo, como “A diarista” e “Os normais”. “Atualmente, esteve no elenco de “3%”, série brasileira produzida pela Netflix.

Mamberti dirigiu peças importantes no circuito paulista. Em 2019, estreou, ao lado de Rodrigo Lombardi, a premiada “Um panorama visto da ponte”.

Estreou no cinema em 1966 com a comédia “Nudista à força”, de Victor Lima. Depois, emplacou inúmeros sucessos: “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), “Toda Nudez Será Castigada” (1973), “O Homem do Pau Brasil” (1980), “A Hora da Estrela” (1985), “A Dama do Cine Shangai” (1987).

Também estrelou filmes infantis como “Xuxa Abracadabra” (2003) e “O Cavaleiro Didi e a Princesa Lili” (2006).

Mamberti reinou nas novelas. Um de seus primeiros papéis de destaque foi como João Semana em “As Pupilas do Senhor Reitor” (1970).

Depois disso, atuou também em , “Brilhante” (1981), “Anjo Mau” (1998), “O Profeta” (2007), “Flor do Caribe” (2013), “Sol Nascente” (2016), entre outras. Seu maior sucesso foi o mordomo Eugênio na clássica “Vale Tudo” (1988).

Grande articulador cultural, abrigou em sua casa em São Paulo artistas vindos do Brasil e de fora que precisavam de abrigo. Entre seus hóspedes, estão os Novos Baianos, Asdrúbal Trouxe o Trombone e The Living Theatre.

Em 2021, lançou a autobiografia “Sérgio Mamberti: Senhor do meu Tempo”, escrita com o jornalista Dirceu Alves Jr.

Biografia

Mamberti nasceu em 22 de abril de 1939, na cidade de Santos, litoral de São Paulo. Durante mais de 60 anos, dedicou-se à arte e à cultura brasileiras por meio de diversas atividades: foi ator, diretor, produtor, autor, artista plástico e ocupou vários cargos políticos no Ministério da Cultura.

Filho de pais agitadores culturais, Mamberti e o irmão, Claudio, ajudaram a fundar o PT e participaram ativamente da elaboração dos planos de cultura do partido. Sérgio Mamberti ocupou diversos cargos no Ministério da Cultura ao longo do governo Lula e no primeiro mandato de Dilma Rousseff, deixando o ministério em 2013.

Em 1964, casou-se com Vivien Mahr, com quem teve três filhos: o também ator Duda, o diretor Fabrício e Carlos. A esposa morreu em 1980.

Depois disso, teve um companheiro por 37 anos, Ednaldo Torquato, que morreu em 2019. Ao publicar sua autobiografia em abril deste ano, o ator falou abertamente sobre sua bissexualidade.

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