28/10/2010 – 16h30

Depois de 10 dias de debates e visitas a projetos em diferentes cidades brasileiras, quatro integrantes da UNIDOS, uma rede moçambicana sobre prevenção ao uso das drogas, regressam ao país africano nesta quinta-feira decididos a começar uma discussão nacional sobre o uso da Redução de Danos como estratégia de prevenção do HIV e das hepatites virais.

Indicada desde 2003 pelo Ministério da Saúde na Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas, a Redução de Danos é uma metodologia usada em vários países para minimizar os males à saúde em consequência de práticas de risco. No caso dos usuários de drogas injetáveis, por exemplo, consta o oferecimento de seringas descartáveis para aqueles que não querem ou não conseguem parar de usar e, portanto, compartilham seringas, se expondo às infecções e transmissões de vírus.

Segundo a Oficial de Formação e Desenvolvimento Institucional da UNIDOS, Carolina Pereira, a próxima etapa desse projeto bilateral é dividir com representantes do governo e técnicos de saúde de Moçambique a experiência obtida no Brasil. “Sabemos que ainda não dá para começarmos a trabalhar com a Redução de Danos em nosso país, mas já podemos ir sensibilizando a população e os doadores sobre essa metodologia”, comentou. “Temos como objetivo final transformar a Redução de Danos como uma política pública de saúde”, acrescentou.

Entre os dias 18 e 28, a missão moçambicana visitou o Serviço de Assistência Especializada em DST/Aids do Distrito Federal, projetos de Redução de Danos nas cidades de São José do Rio Preto, São Paulo, Niterói e Salvador; a sede da Agência de Notícias da Aids em São Paulo, entre outros projetos brasileiros.

A assessora técnica do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde Denise Serafim explicou que o governo brasileiro espera agora um pedido do governo moçambicano para seguir com essa troca de experiências e, consequentemente, criar um programa oficial de cooperação internacional dos dois países na área de prevenção do HIV entre usuários de drogas.

Para uma população de aproximadamente 22 milhões, Moçambique tem cerca de 15% dos adultos vivendo com HIV e aids. No Brasil, essa estimativa é de 0,6% para os cerca de 192 milhões de habitantes.

O III Plano Estratégico Nacional de Resposta ao HIV e Sida em Moçambique, documento que guiará entre 2010 e 2014 as diretrizes do país contra a epidemia, trouxe pela primeira vez os usuários de drogas como população vulnerável ao HIV.

A visita da missão moçambicana ao Brasil teve apoio da organização norte-americana Academy for Educational Development (AED), da Organização Norte Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, da Pathfinder Internacional e da UNIDOS.

Lucas Bonanno