A CPI da Pandemia ouve, pela segunda vez, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O depoimento foi antecipado para esta terça-feira (8) pelos senadores após a oitiva da infectologista Luana Araújo e o Brasil decidir sediar a Copa América.

A sessão estava prevista para começar às 9h, mas os trabalhos foram abertos pelo presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) com 30 minutos de atraso. Antes de questionarem Queiroga, os senadores discutiram questões de ordem sobre o andamento da CPI.

Pouco depois das 13h, a sessão da CPI da Pandemia foi suspensa por dez minutos após uma discussão entre Queiroga e o senador Otto Alencar (PSD-BA).

Os ânimos se exaltaram após Queiroga responder que não leu a bula de todas as vacinas contra Covid-19 em uso no país.

“Lamento o senhor não ter lido, porque eu li, de todas”, disse o senador, que também é médico. “O senhor é a autoridade sanitária desse país, determina como a vacina deve ser aplicada e quem deve tomar a vacina”.

Alencar disse que ignorar a bula e não conhecer a posologia e os efeitos colaterais dos imunizantes seria o “ato mais irresponsável que um ministro da Saúde poderia fazer”.

‘Ainda não está caracterizada uma terceira onda’ de Covid-19

Questionado pelo senador Humberto Costa (PT-PE) se o ministro concorda com a avaliação de alguns especialistas de que o país está prestes a entrar em uma terceira onda de casos de Covid-19, o ministro da Saúde disse não partilhar dessa leitura.

“Até pouco tempo os estados, municípios tinham uma restrição maior de movimento da população – estavam fechados – e houve uma abertura. Com essa abertura teve novos casos e isso faz com que haja mais óbitos. Outro ponto, é a estação climática que vivemos, com uma tendência de maior circulação do vírus”, respondeu Queiroga.

“Para mim, ainda não está caracterizada uma terceira onda, eu acho que estamos ainda na segunda onda com um platô elevado de casos e a minha esperança para conter isso é a vacina. É uma situação sempre de muito cuidado.”

Ministério negocia compra de vacinas da CanSino e Sinopharm

Questionado sobre novas negociações para a compra de vacinas contra Covid-19, Queiroga afirmou que há negociações em andamento para a compra de outras duas vacinas desenvolvidas na China: a da CanSino e da Sinopharm.

“Buscamos adquirir mais doses. A Cansino já fez um pedido na Anvisa de registro [para uso] emergencial – ela tem essa característica de única dose, o que nos ajuda. Sendo possível, vamos ter a Cansino conosco”, disse o ministro.

Sobre a Sinopharm, ele disse que é preciso verificar a questões de custo da vacina, que seria um pouco elevado em relação a outras vacinas já disponíveis.

“E há possibilidade dessa vacina ser produzida a partir do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) enviado da China em território nacional. Se isso for possível, o Ministério vai apoiar.”

Queiroga também mencionou um projeto de lei do senador Wellington Fagundes (PL-MT) para que parques de vacinação animal sejam utilizados para a produção de vacinas para humanos.

“Se do ponto de vista sanitário for possível, é uma excelente alternativa – esses parques podem produzir até 5 milhões de doses de vacina por dia. Teríamos tranquilidade do ponto de vista da vacina, até para ajudar países da América Latina.”

Fonte: CNN