Até 2035, 41% da população adulta no Brasil deve ter obesidade. É o que diz a nova edição do Atlas da Obesidade no Mundo, de 2023, divulgada nesta semana pela Federação Mundial de Obesidade. Desde 2017, tanto a OMS (Organização Mundial da Saúde) como a comunidade médica reconhecem a obesidade como uma condição de saúde com classificação (CID) própria. Por essa razão, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), lançou uma campanha neste sábado (4), que é o Dia Mundial da Obesidade, para propor uma visão ampla sobre a condição.

Neste ano, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) e a SBEM, optaram por orientar a sociedade a ter um olhar mais empático pela doença, esse é o foco da campanha. Já que para as pessoas que sofrem com obesidade, ser motivado a praticar atividades físicas e dietas, nem sempre traz resultados, elas precisam de apoio profissional.

“Sugerimos uma temática de olhar para a obesidade de uma maneira mais empática, que descaracteriza a condição do indivíduo como meramente comportamental (por exemplo, relacionada à prática de atividade física) e suscita o debate sobre barreiras enfrentadas por essas pessoas em ambientes tanto sociais como médicos para enfrentamento e tratamento daquela condição”, informou Paulo Augusto Miranda, presidente da SBEM.

E ele ainda acrescenta: “Ações para a prevenção da obesidade, tanto em crianças, quanto em adultos são fundamentais. São necessárias políticas públicas mais efetivas, não só na prevenção, quanto no tratamento das pessoas que já enfrentam sobrepeso e obesidade e que precisam de acompanhamento médico. É necessário oferecer tratamentos com equipes multidisciplinares, farmacológicos e eventualmente cirúrgicos, quando indicados. Por isso, é importante haver uma rediscussão do formato da atenção às pessoas com sobrepeso e obesidade em todos os níveis da saúde”, ressalta Paulo Miranda.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde no ano passado, ficou claro que os números relacionados à obesidade e ao sobrepeso não param de crescer no Brasil. Quase seis em cada 10 brasileiros estavam com sobrepeso em 2021, um aumento de cerca de 2% em relação a 2019. Já o índice de obesidade ficou em 22,35% em 2021, também superior aos anos anteriores e o dobro do registrado há 15 anos. A maioria das pessoas acima do peso é do sexo masculino, mas as mulheres lideram entre os que já são considerados obesos.

Reconhecida pela OMS como uma doença crônica, a obesidade também é considerada um dos principais problemas de saúde pública atualmente no mundo, em todas as faixas etárias. Isso porque a doença tem potencial de causar e agravar diversas outras, como diabetes, inflamações no fígado, hipertensão arterial, problemas respiratórios, além de aumentar o risco de infarto, AVC e de alguns tipos de câncer.

“Ainda existe muito preconceito e estigma em relação à obesidade e esse paciente precisa justamente do oposto, que é apoio e compreensão, seja de médicos, da família, do seu ciclo social e da sociedade em geral. Por isso, é fundamental abordarmos a obesidade como o que ela é: uma doença que precisa ser tratada com acompanhamento profissional”, informou o cirurgião bariátrico Cid Pitombo. 

A presidente da Federação Mundial de Obesidade, Louise Baur, descreveu as conclusões do relatório como um alerta claro para que os países tomem uma atitude agora de modo a evitar problemas no futuro. O relatório destaca, em particular, o crescimento das taxas de obesidade entre crianças e adolescentes, que devem dobrar em relação aos níveis de 2020 tanto entre meninos quanto meninas. De acordo com Baur, essa tendência é “particularmente preocupante”.

“Governos e formuladores de políticas públicas em todo o mundo precisam fazer tudo o que puderem para evitar repassar os custos de saúde, sociais e econômicos para a geração mais jovem”, diz ela.

A estimativa de 1 em cada 4 pessoas (ou 2 bilhões de pessoas, cerca de 24% da população mundial) vivendo com obesidade até 2035 pode levar ao aumento do custo associado de US$ 1,96 trilhões, em 2020, para US$ 4 trilhões do PIB (produto interno bruto), nos próximos 12 anos. De acordo com o estudo, isso significaria uma redução devido ao impacto no PIB de 2,4% até 2,9% em 2035.

Quando considerados os custos no Brasil, a estimativa aponta que, atualmente, cerca de US $12 bilhões a 14 bilhões são gastos somente com os custos diretamente relacionados à saúde (como internação hospitalar), o que pode chegar a US $19 bilhões em 2035.

Os custos globais, que também envolvem perda de anos de vida trabalhando e custos associados a afastamentos por problemas de saúde, podem saltar de US $38 bilhões em 2020 para mais de US $75 bilhões em 2035.

Redação da Agência Aids com informações

Dica de entrevista: 

Federação Mundial de Obesidade

Site: https://www.forumdcnts.org/

Email: ForumDCNTs@gmail.com

Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica

Site: https://abeso.org.br/

Tel: (11) 3079-2298 

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia

Site: https://www.endocrino.org.br/

Email: secretaria.sbem@endocrino.org.br

Fonte: O Globo / Folha de S. paulo