Para marcar a passagem do Dia das Crianças, a Agência de Notícias da Aids relembra alguns perfis de hoje, pessoas adultas, que nasceram com HIV pela transmissão vertical (da mãe para o filho). Alguns deles moraram em casas de apoio porque perderam os pais em uma época onde não existiam remédios e as pessoas tinham menos condições de viver depois da infecção pelo vírus. Todos com relatos bonitos de superação.

Quando crianças, brincaram, tiveram amigos, correram, foram a escola, tomaram sorvete, aprontaram muitas traquinagens. Também tiveram que lidar com o diagnóstico para o HIV. Como tomar remédios cotidianamente, o que não é muito fácil nem agradável para ninguém.

Cresceram. Superaram perdas, dores e as dificuldades que a vida traz para todos nós. Nossa homenagem a todas as crianças do mundo que nos ensinam a sermos mais espontâneos, transparentes, lúdicos e felizes. Nossa homenagem, particularmente às crianças que, mesmo com o HIV, deram muitas voltas na vida. Cresceram. Estudaram. Estão estudando. Trabalham. Tem lazer. Namoram. Se relacionam. Estão na vida transformando-se e ajudando a transformar conceitos, preconceitos, refazendo trilhas e caminhos. Mostrando para a gente a cada dia que viver e estar no mundo é uma arte que nos ensina sempre que a vida vale a pena ser sentida é construída sempre com amor, alegria, afeto e compreensão!

 

Confira a história do enfermeiro Diego Vieira:

Diego Vieira sempre soube que vive com HIV. “Mas só fui começar a entender aos 8, 9 anos de idade. Sabia que não tinha cura, mas tinha tratamento.” A sequência de exames e a rotina de consultas acabaram sendo se sobressaíram na hora de decidir o que ser na vida. Tornou-se enfermeiro. “Até por muito contato, a área da saúde sempre foi o meu foco.”

Dos três irmãos, somente ele é positivo para o HIV. Cresceu sem o pai e hoje vive com a madrinha, apesar de a mãe estar viva. “Sempre há a chance de passar por cima dos problemas. Descobrir que o que você pensa que é o fim, mas não é o fim. É só o recomeço.”

“Quando eu terminei a escola, queria muito ingressar em um curso superior. A maioria das pessoas que terminaram o ensino médio junto comigo queriam parar por pelo menos um ano, encontrar um emprego e só depois começar a faculdade. Quando eu falei para a Dra. Marinella desse meu sonho, ela me ajudou. Por meio da Associação de Auxílio à Criança Portadora de HIV, ela pagava 50% da minha mensalidade e eu pagava o restante com o meu beneficio.”

Assim, Diego se formou em julho de 2017. Foi uma experiência muito boa ter me formado, levando em conta o HIV. Foi superar limites. Eu fiz estágio na Clínica Médica e Saúde do Adulto no Emílio Ribas e foi muito importante pra mim. Eu sempre tive fé que poderia ter outros sonhos. Pretendo estudar mais e focar na saúde.”

No trabalho como enfermeiro o aprendizado de um vida com HIV faz a diferença, “você tem de estar bem para cuidar do outro”, diz. Hoje, ele trabalha no Insituto Barong, uma Organização sem Fins Lucrativos que percorre a cidade de São Paulo  com o objetivo de promover educação e saúde sexual e reprodutiva entre a população.