Mais de 700 representantes de cidades de todo o mundo se reuniram em Londres para a primeira conferência sobre Cidades Fast-Track — cidades empenhadas na aceleração da resposta ao HIV.

A reunião, organizada pela Associação Internacional de Prestadores de Serviços para a Aids (IAPAC, na sigla em inglês) em parceria com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) e a Rede Global de Pessoas Vivendo com HIV (GNP+), tem foco nos esforços e no progresso que as cidades tiveram, bem como nos desafios e lições aprendidas nos últimos cinco anos.

No Dia Mundial Contra a Aids de 2014, a iniciativa de Aceleração da Resposta foi lançada em Paris, na França, com a adesão de 26 cidades. Atualmente, conta com mais de 300 assinaturas.

Em um diálogo sobre a necessidade de acabar com as desigualdades em saúde nas cidades, um painel de alto nível formado por prefeitos, governadores, organizações da sociedade civil, parlamentares, agências das Nações Unidas e outras partes envolvidas abordou o impacto destas desigualdades nas grandes e pequenas cidades.

Durante a abertura da conferência, o prefeito de Londres, Sadiq Khan, confirmou seu compromisso com Aceleração da Resposta ao HIV em sua cidade, que responde por 38% de todas as pessoas vivendo com HIV no Reino Unido.

“Estou orgulhoso do que já alcançamos, mas precisamos ir além”, disse Khan. “Eu apoio, sinceramente, o compromisso do Reino Unido de chegar a zero nova infecção por HIV, zero morte relacionada à aids e zero discriminação.”

Londres foi uma das primeiras cidades a ultrapassar as metas 90-90-90 (2020) e 95-95-95 (2030), com dados recentes que confirmam que 95% de todas as pessoas que vivem com HIV foram diagnosticadas, 98% delas estão em tratamento e 97% das pessoas em tratamento estão com a carga viral suprimida. O prefeito também defendeu que a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) se torne amplamente disponível. “Sem desculpas, a PrEP precisa ser disponibilizada para todos. Ela funciona.”

Além de Londres e Amsterdã, que foram as duas primeiras cidades a alcançar as metas 90-90-90, outras duas cidades no Reino Unido, Manchester e Brighton and Hove, também tiveram o mesmo sucesso.Em uma análise de dados de 61 cidades, foi constatado que 14 superaram o primeiro 90 da meta, outras 16 cidades superaram o segundo 90 e 23 cidades, o terceiro 90 da meta.

A diretora-executiva do Unaids, Gunilla Carlsson, disse que a resposta à aids pode ser um caminho para estimular a resiliência nas cidades. “Precisamos de uma liderança inclusiva e contínua dos prefeitos, que trabalham lado a lado com as comunidades, para abordar os diversos fatores estruturais e sociais que ainda contribuem para que pessoas continuem sendo deixadas para trás, sem acesso aos serviços de saúde.”

Outras cidades destacaram exemplos de como a inovação e a criação de um ambiente propício podem aumentar a expansão dos serviços. Em Melbourne, na Austrália, por exemplo, a resposta começou cedo, com apoio político bipartidário em todos os níveis de governo, estimulando uma parceria entre líderes políticos, comunitários e científicos. Isso levou à eliminação virtual da transmissão vertical do HIV e transmissão entre profissionais do sexo.

Nairóbi, no Quênia, atingiu níveis de cobertura de terapia antirretroviral de quase 100% entre as pessoas diagnosticadas com HIV. A cidade credita o sucesso a melhorias na coleta de dados, o que ajudou a identificar as necessidades das principais populações e de jovens que vivem em assentamentos informais.

O presidente e diretor executivo da IAPAC, José Zuniga, reiterou a relevância das cidades, onde vivem mais de 50% da população mundial. “A fórmula de sucesso para a Aceleração da Resposta das cidades exige vontade e comprometimento político, envolvimento das comunidades, planejamento baseado em dados e abordagens baseadas em ações, para que ninguém fique para trás”, disse ele.

Fonte: ONU Brasil