Nas eleições municipais realizadas no domingo (15), mais de 70 vereadores LGBTs foram eleitos no Brasil todo, um feito histórico para o país que lidera o ranking mundial de assassinatos de pessoas transgêneros e onde uma pessoa  LGBT é morta a cada 24 horas por homofobia.

Em relação às pessoas que se identificam como pessoas transexuais ou travestis, foram eleitos mais de 20 representantes para ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores, em  diferentes cidades do país, um recorde que significa um aumento de 150% em relação ao pleito de 2016.

O aumento reflete o crescimento de candidaturas dessa população, em resposta aos ataques do presidente Jair Bolsonaro contra a comunidade. Segundo a Associação Nacional de Transexuais e Travestis (ANTRA), foram registradas 318 candidaturas em 2020, um aumento de 257% em relação às 89 candidaturas de 2016.

Além disso, em São Paulo, que é o maior colégio eleitoral do país, se elegeram Erika Hilton (PSOL), Thammy Miranda (PL) e Carolina Iara (saiba mais), pela Bancada Femista (PSOL) entre os dez candidatos mais votados.

Em outras duas cidades, Aracaju, no Sergipe, e Belo Horizonte, em Minas Gerais, as duas candidatas mais votadas foram respectivamente Linda Brasil (PSOL) e a professora Duda Salabert, que obteve a maior votação da história da capital mineira para o cargo de vereador.

Conheça as pessoas transgêneros eleitas:

Erika Hilton (PSOL)

Ex-estudante de Gerontologia da Universidade Federal de São Carlos e ativista dos direitos humanos, Erika é a primeira mulher trans e negra a ser eleita para a Câmara Municipal de SP. Com  mais de 50 mil votos, ela foi a mulher mais votada na eleição de 2020. Tem 27 anos e foi Co deputada no mandato coletivo da Bancada Ativista na Assembleia Legislativa de São Paulo. Neste ano, a parlamentar decidiu concorrer com uma chapa única. Em sua  campanha, Erika lançou o documento “Gente é pra brilhar”, que reuniu nomes como Pabllo Vittar, Mel Lisboa, Zélia Duncan, Renata Sorrah, Liniker,  Linn da Quebrada,  Jean Wyllys, Laerte Coutinho, Silvio Almeida e mais 150 personalidades brasileiras em apoio a sua candidatura.

Thammy Miranda (PL)

Filho da cantora Gretchen, Thammy Miranda ficou entre os dez mais votados da cidade de São Paulo, com 43.321 votos. Ele tem 36 anos e assumiu em 2015 o gênero masculino, passando por diversas cirurgias de redesignação sexual. Atualmente, Thammy é casado com a modelo Andressa Ferreira e pai de Bento, de 10 meses, fruto do casal.

 

Duda Salabert (PDT)

Duda Salabert é a vereadora mais votada da história de Belo Horizonte, com 37.613 votos. Segundo ela, o resultado é “uma vitória da democracia. Quando uma travesti avança toda a sociedade avança”. A vitória também é resultado do trabalho que ela construiu e constrói há mais de 20 anos na política e da presença dela em sala de aula. Duda é professora no projeto chamado Transvest, que prepara transexuais e travestis para o ensino superior.  Ela também leciona aulas na rede privada de ensino. Sobre as discussões na Câmara sobre questões de gênero, Duda afirmou não se preocupar com debates inconstitucionais, mas com questões ligadas ao emprego, áreas verdes e combate às enchentes que assolam a cidade todos os anos.

Linda Brasil (PSOL)

Primeira mulher trans a ocupar um cargo político em Sergipe, Linda Brasil obteve 5.773 votos e foi a candidata mais votada na capital, Sergipe. Ela é reconhecida pelo trabalho direcionado aos direitos humanos, atuando para dar visibilidade e inclusão social para pessoas trans. Atua também no Coletivo de Mulheres de Aracaju, que luta pelo reconhecimento do gênero feminino, das mulheres trans e travestis. Linda Brasil é natural do município de Santa Rosa de Lima (SE) e mora em Aracaju desde os 11 anos. Nos últimos anos, destacou-se pelo trabalho de conscientização e respeito à diversidade e as questões que envolvem gênero e sexualidade. Em 2016, foi candidata a vereadora por Aracaju e no ano de 2018, candidata a deputada estadual.

Benny Briolly (PSOL)

 O município de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, elegeu neste domingo, dia 15, sua primeira vereadora travesti e negra, a quinta candidata mais votada, somando 4.367 votos. Briolly cita “assistência social e direitos humanos” como prioridades “para o povo preto, favelado, as mulheres, as LGBTIA+”. Ela trabalhou como assessora de Talíria Petrone, hoje deputada federal pelo estado do Rio, antes de entrar em campanha eleitoral. No mês anterior a sua vitória nas urnas, Benny Briolly, de 28 anos, registrou ocorrência na 76ª DP (Niterói) por ter recebido ameaças de morte e ataques de ódio através das redes sociais.

Filipa Brunelli (PT)

Filipa Brunelli, 28 anos, é a primeira mulher trans eleita vereadora em Araraquara, sendo a segunda mais votada do Partido dos Trabalhadores, com 1119. Araquarense, Filipa Brunelli ganhou destaque em Araraquara por ser uma das vozes da causa Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT), sendo a primeira travesti a assumir um cargo de gestão pública em Araraquara. Graduada em sociologia, ela também milita nas causas estudantis.  Filipa conta que assumiu sua identidade não normativa aos 16 anos e “teve uma vida bastante conturbada, levando-a à prostituição, expulsão do núcleo familiar e, infelizmente, a vários atentados contra sua vida”. Aos 17 anos, foi presidenta do grêmio estudantil da Escola Estadual Bento de Abreu (EEBA). Também fundou os coletivos “Papo das Bee” e “Mais Plural”, onde buscou várias ações de visibilidade para a comunidade LGBT e levou a discussão de gênero para a sociedade. Em 2017 foi convidada a compor a equipe técnica da gestão municipal como assessora de políticas LGBT e desde então ganhou repercussão nacional na atuação junto à comunidade.

Isabelly Carvalho (PT)

Com 1.349 votos, a servidora pública municipal Isabelly Carvalho, do Partido dos Trabalhadores (PT), foi eleita a primeira mulher trans da história do legislativo de Limeira (SP). Natural de Campinas, aos 33 anos, ela irá ocupar uma das 21 cadeiras do legislativo limeirense. Isabelly atua há cerca de 10 anos em prol de movimentos sociais sobre pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgêneros), além de pautas sobre direitos humanos. Já foi candidata à Câmara de Limeira em 2016.

 

Gilvan Masferrer (DC)

Eleita vereadora em Uberlândia-MG pelo Democracia Cristã, Gilvan trabalhou como assessora parlamentar. Natural de Buritizeiro – MG, Gilvan de Melo Machado nasceu em 09/06/1990 e tem 30 anos de idade. Em 2013, Gilvan foi agredida no bairro do Morumbi, em São Paulo e levada em estado grave para o Pronto-Socorro da UFU. Ela foi espancado e apedrejada por dois homens. A jovem perdeu 23 dentes, 3% de massa encefálica e um rim em consequência das agressões. Hoje recuperada, ocupará uma das 27 cadeiras da Câmara de Uberlândia.

 

Maria Regina Moraes (PT)

Também conhecida como Regininha, 41, foi eleita a primeira mulher trans vereadora nas eleições de domingo (15) pela cidade de Rio Grande (RS), onde nasceu. Regininha até o momento atuava como servidora da prefeitura Municipal do Rio Grande e solicitou afastamento para assumir como vereadora. Cursa Pedagogia na Universidade Federal do Rio Grande, é presidente da Associação LGBT, participa da Associação Nacional dos Travestis e Transexuais e suplente do Conselho Estadual LGBT. Concorreu a vereadora em 2016 e ficou como suplente com 488 votos.

 

Kará (PDT)

Eleita vereadora na cidade de Natividade, no estado do Rio de Janeiro, Kará luta pelos direitos LGBT e também se comprometeu a se dedicar às questões ligadas aos mais pobres e à terceira idade.

 

 

Thabatta Pimenta (PROS)

A cidade de Carnaúba dos Dantas, localizada no Seridó potiguar, elegeu neste domingo (15) a primeira mulher trans vereadora no Rio Grande do Norte. Thabatta Pimenta, 28, (PROS) teve 267 votos e garantiu uma das nove vagas na Câmara de Vereadores da cidade. Ela conta que desde cedo teve que lidar com o preconceito. Além de ser mulher trans, ela tem um irmão com paralisia cerebral. De acordo com a nova vereadora, Ryan, de 32 anos, dá forças para que ela enfrente as adversidades. Thabatta promete estruturar seu mandato com base nas causas sociais, em favor das minorias.

Paulinha da Saúde (MDB)

Paulinha da Saúde atuava como servidora pública municipal e foi eleita vereadora em Eldorado dos Carajás-PA pelo MDB. Natural de Junco do Seridó – PB, Paula Bulcão de Araujo nasceu em 07/05/1988 e tem 32 anos de idade.

 

 

Paulette Blue (PSDB)

Paulette tem 41 anos e é natural de Estiva. Foi eleita vereadora para a Câmara Municipal de Bom Repouso, Minas Gerais.

 

 

 

Lins Roballo (PT)

A cidade de São Borja, município na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul,  elegeu a primeira vereadora trans e negra, Lins Robalo (PT). Foram 678 votos. Também será a única mulher na câmara de vereadores. Suas principais áreas de atuação serão: feminismo, direitos humanos, LGBTQIAP+. Lins foi professora da rede pública municipal do Rio de Janeiro, educadora e servidora pública.  Bacharel e Licenciada em Geografia pela UERJ.

Anabella Pavão (PSOL)

Anabella Pavão, eleita a primeira mulher trans vereadora em Batatais-SP, cidade onde nasceu. Assistente social, 34 anos, , é filha única de José Luís e Vilma, sendo formada pela Unaerp e Mestre e Doutora em Serviço Social pela UNESP/Franca. Deixando o nome da certidão de nascimento de lado, apenas nas recordações, Anabella afirma que desde criança se via diferente, sendo atraída por tudo aquilo que era voltado ao feminino. Porém, naquela época, não tinha as condições para questionar a diferença como hoje em dia já é possível.

 

Regininha Lourenço (AVANTE)

Com 861 votos válidos, Regina Lourenço, mais conhecida como Regininha, foi eleita neste domingo (15) como a primeira vereadora trans de Araçatuba (SP). O município é o segundo maior colégio eleitoral da região noroeste paulista, perdendo somente para São José do Rio Preto (SP). Regininha diz que ajuda pessoas em situação de vulnerabilidade e que a eleição é fruto do trabalho social que realiza há quatro anos. A ativista social participou das eleições como candidata a vereadora pela terceira vez. Ela teve mais votos neste domingo do que o total de votos somados que recebeu em 2012 e 2016.

Brenda Ferrari (PV)

A professora Brenda, eleita vereadora em Lapa, Paraná, tem 39 anos. Já superou o preconceito, fugiu da violência e da prostituição, e por meio do estudo venceu as dificuldades. Hoje é a diretora de um dos maiores estabelecimentos educacionais da Lapa, localizado em um dos bairros mais carentes do município e ensina aos alunos que com força de vontade e muito estudo é possível vencer na vida. Essa história poderia ser o roteiro de uma novela, mas é a vida real de Brenda Ferrari.

 

Lorim da Valéria (PDT)

Lorim da Valéria, foi eleita vereadora em Pontal-SP pelo PDT. Natural de Januária – MG, Lorim nasceu em 02/08/1969 e tem 51 anos de idade. Atuava como lavadora de carros.

 

 

 

 

Tieta Melo ( MDB)

Tieta Melo tem 47 anos e foi eleita para o seu segundo mandato como vereadora em São Joaquim da Barra/SP, recebendo o maior número de votos.

 

 

 

 

Rebecca Barbosa (PDT)

Pela primeira vez, a cidade de Salesópolis, interior de São Paulo, teve como candidata e elegeu uma mulher transexual para vereadora.

 

 

 

Titia Chiba (PSB)

Mulher transexual, negra, 40 anos, Titia Chiba recebeu o maior número de votos, 1220, e foi eleita vereadora em Pompeu, Minas Gerais.

 

 

 

 

Dandara (MDB)

Candidata mais votada em Patrocínio Paulista, São Paulo, Dandara tem 41 anos de idade.

 

 

 

 

Yasmin Prestes (MDB)

Yasmin Prestes, foi eleita vereadora em Entre-Ijuís-RS pelo MDB. Natural da cidade, nasceu em 11/10/1982 e tem 38 anos de idade.

 

 

 

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Redação Agência de Notícias da Aids