Seminário celebra a entidade que faz o enfrentamento da epidemia no estado nesta sexta-feira (19) no Prédio 11 da PUCRS

Intitulado GAPA-RS: Uma História em Movimento – Memórias e resistências na rearticulação de uma resposta à epidemia de HIV/Aids no Rio Grande do Sul, evento celebra 35 anos da entidade que faz o enfrentamento da epidemia no estado.

Para marcar a data será realizado nesta sexta-feira (19), a partir das 8h30, seminário para debater o cenário no RS, no Auditório do Prédio 11 da PUCRS. Atividade é uma parceria com o Fórum de ONGs Aids do RS e o Programa de Preconceito, Vulnerabilidade e Processos Psicossociais da PUC/RS.

“O Rio Grande do Sul, há mais de 15 anos, se destaca como o estado com maior prevalência de HIV e Aids no Brasil. Os dados do estudo Atitude, apresentado em junho de 2023, apresentam um cenário de epidemia de Aids generalizada na Região Metropolitana de Porto Alegre, com uma prevalência de HIV de 1,64% e com tendência a interiorização, com prevalências altas na região dos vales e sul do estado”, expõe a presidenta do GAPA-RS, Carla Almeida.

De acordo com a dirigente, os dados constantes do Boletim Epidemiológico 2023, do Ministério da Saúde, reiteram que o RS segue entre os estados com as maiores taxas de detecção de HIV em gestantes, maior número de casos, com um coeficiente quase três vezes maior que a média nacional e maior coeficiente de mortalidade, quase o dobro da média nacional.

“A capital gaúcha, assim como o estado, ostenta o maior coeficiente de mortalidade do Brasil, sendo seis vezes superior a média nacional e uma taxa de detecção em gestantes quase seis vezes maior que a média nacional. Além disto, entre os municípios com 100 mil habitantes ou mais, dos 10 primeiros, com cenários mais complexos, dois pertencem ao estado do Rio Grande do Sul, e Porto Alegre se destaca como a capital da Aids. Além disto, os dados de sífilis são alarmantes e o RS ostenta uma prevalência de 7%”, detalha.

Conforme pontua Carla, a epidemia de HIV/Aids no RS apresenta características distintas quando comparadas com o resto do país. Segundo ela, diversos fatores corroboram para esta situação. “O desmonte dos serviços de referências e da Rede de Atenção Primária, a falta de investimentos municipais e estaduais, a fragilidade de ações intersetoriais, a ausência de ações articuladas entre as políticas de saúde e as políticas sociais, a desresponsabilização do Estado e dos municípios no enfrentamento da epidemia, são alguns desses fatores”, destaca.

Segundo a presidenta, os desmontes paulatinos das políticas públicas de HIV/Aids em nível local e a predominância da abordagem Biomédica na resposta à epidemia associados a invisibilidade social e o recrudescimento de pautas fundamentalistas e conservadoras são desafios enfrentados cotidianamente.

Outro aspecto desafiante, pontua, se refere a fragilidade de financiamentos para organizações de base comunitária. “Este cenário de desfinanciamento impactam a sustentabilidade técnica, política e programática das organizações sociais.”

De acordo com Carla, no estado a Aids atinge de forma mais contundente pessoas negras, pobres e com menos anos de estudo. “O enfrentamento deste cenário complexo exige uma resposta que combine a incorporação de tecnologias de saúde, um rede de serviços robusta e estruturada e investimento financeiro com uma agenda ancorada na garantia dos direitos humanos e comprometida com o enfrentamento das desigualdades sociais, do racismo, do machismo e da lgbtqifobia”.

O seminário terá como objetivo ampliar o debate sobre a epidemia de Aids e suas múltiplas dimensões e contará com rodas de conversas temáticas onde serão debatidos temas relacionados ao enfrentamento do HIV/Aids e perspectivas futuras.

Sobre o GAPA

Fundado em 4 de abril de 1989, o GAPA, destaca Carla, foi a instituição pioneira na articulação de uma resposta comunitária do Sul do país. “São 35 anos de luta pela garantia dos direitos das pessoas que vivem com HIV/Aids e das populações vulnerabilizadas socialmente e no enfrentamento ao preconceito e ao estigma social que permeia o viver com a doença.”

“35 anos de incidência na construção de políticas públicas que respondam as dinâmicas e os principais desafios que a epidemia impõe, mas essencialmente, são 35 anos de resistência e muita solidariedade. A compreensão da epidemia de Aids enquanto fenômeno político-social e a necessidade da articulação de uma resposta intersetorial, ancoradas nos direitos humanos e no enfrentamento das múltiplas desigualdades sempre estiveram presentes na agenda da instituição’, complementa.

Programação do Seminário:

8h30: Café de boas-vindas
9h – Abertura

9h30 – Roda de Conversa 1
Memórias e resistências: o GAPA RS na história da epidemia de HIV/Aids no Rio Grande do Sul.

Convidados:

Gerson Winkler, fundador do GAPA/RS
José Carlos Veloso, Rede Paulista de Controle da Tuberculose
Gladys Almeida, psicóloga e coordenadora do GAPA Bahia
Karen Bruck, ex-presidente do GAPA/RS e ex-técnica do MS.
Mediação: Ricardo Malacarne, diretor Administrativo do GAPA Chapecó

11h – Roda de Conversa 2
Cenário Epidemiológico do HIV/Aids e TB/HIV: Realidades e desafios.

Convidados:

Eliana Wendland, medica epidemiologista do HMV e professora da UFCSPA
Daila Raenck, SMS/POA
Maria Letícia Ikeda, SES/RS
Leonel Radde, deputado estadual do RS
Mediação: Kátia Bones Rocha, PUCRS

13h – Almoço, no Átrio

14h – Roda de Conversa 3
A resposta institucional e comunitária no cenário atual da epidemia de HIV/Aids e TB/HIV.

Convidados:

Alicia Kruger, assessora de Políticas de Inclusão, Diversidade e Equidade em Saúde/SVSA – Ministério da Saúde
Mariangela Simão, diretora do Instituto Todos Pela Saúde.
Angelo Brandelli Costa, pesquisador e coordenador do PVPP/PUCRS.
Mediação: Carla Almeida, GAPA/RS

15h30 – Momento VÍDEO

16h – Roda de conversa 4
A resposta institucional e comunitária no cenário atual da epidemia de HIV/Aids e TB/HIV.

Convidados:

Veriano Terto, vice-presidente na ABIA.
Bruno Kauss, gerente de projetos na UNAIDS
Ronaldo Hallal, DATHI/MS
Mediação: Carlos Duarte, GAPA/RS

17h30 – Encerramento.

Fonte: Brasil de Fato Rio Grande do Sul