Mais de 250 sacerdotes católicos discutem, esta semana, se enviarão uma mensagem inclusiva à comunidade LGBT no documento final do Sínodo dos Bispos. O encontro no Vaticano durou quase todo o mês de outubro e termina no próximo domingo, dia 28. Os bispos mais jovens são os que mais pressionam para que a Igreja se dirija diretamente aos católicos LGBT, como uma forma de deixar claro que eles são bem-vindos.

A iniciativa ainda encontra resistência dentro da Igreja e não está confirmado que o documento final irá conter mensagens a gays, lésbicas bissexuais e transexuais. Cada parágrafo do texto será votado um a um, e deve obter uma maioria de dois terços.

O próprio Vaticano já deu um passo nessa direção ao fazer referência ao termo “LGBT” pela primeira vez em seu documento preparatório que se dirigia à essa reunião dos bispos.

No entanto, alguns sacerdotes rejeitaram a noção, incluindo o arcebispo da Filadélfia, Charles Chaput, que insistiu em seu discurso que “não existe tal coisa como um ‘LGBTQ católico’ ou ‘transexual católico’ ou um ‘heterossexual católico’, como se nosso apetite sexual definisse quem somos”.

Outros bispos, entretanto, expressaram a vontade de usar o termo, embora ainda não se saiba se o farão no documento final.

— Os jovens estão falando sobre isso livremente e esta é a linguagem que eles usam. Eles estão encorajando-nos “Nos chame assim, dirijam-se a nós assim, porque é o que somos” — disse o cardeal John Ribat, da Papua Nova Guiné, em uma entrevista coletiva no sábado.

Um desses jovens, Yadira Vieyra, que trabalha com famílias de imigrantes em Chicago, relatou que os gays frequentemente se sentem atacados e evitados pela Igreja.

— Nós sabemos que é verdade, qualquer católico sabe que é verdade — disse ela. — Os bispos precisam comunicar que a Igreja está aqui para eles.

O ensinamento da Igreja Católica sustenta que os gays devem ser amados e respeitados, mas que os atos homossexuais são “intrinsecamente desaconselhados”.

Abuso sexual dentro do clero também é discussão

Outra polêmica discutida no Sínodo dos Bispos é como responder de forma adequada aos escândalos de abuso sexual clerical que desacreditaram muitos na hierarquia da Igreja.

O encontro de 3 a 28 de outubro tem como pano de fundo o escândalo de abuso sexual do clero que explodiu novamente nos EUA, na Alemanha, na Polônia e em outros países. Alguns conservadores acusam que uma subcultura gay no sacerdócio é a culpada, mesmo que seja cientificamente comprovado que os gays não são mais propensos do que os heterossexuais a abusarem sexualmente.