Quase 30 pessoas participaram na tarde dessa quarta-feira (16), na sede do GIV (Grupo de Incentivo à Vida), em São Paulo, da reunião ordinária do Mopaids (Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids). O grupo debateu a importância de novas representações deste coletivo na Comissão Municipal de Aids e no Grupo de Trabalho OG/ONG. José Araújo Lima, um dos coordenadores do Mopaids e representante do grupo nestes espaços, defendeu a renovação e a maior participação de todos. “Eu nunca soube quem era o meu suplente na Comissão de Aids. Todas as vezes que não pude ir a reunião não tinha ninguém para me substituir. Temos que mudar isso.”

Do GIV, o professor Jorge Beloqui também defendeu a maior participação e se colocou à disposição para continuar representando o Mopaids na Comissão de Aids. “Se ficar decidido pela minha permanência vou precisar de um suplente para estar neste espaço.”

Outro tema em destaque na reunião foi sobre o 2º Encontro de Conselheiros Gestores. O Mopaids está convocando conselheiros do segmento usuário para debater, no próximo dia 8 de junho, o fortalecimento do SUS e do controle social nas unidades de saúde. O evento vai acontecer no Hotel Dan Inn, no centro de paulistano, e as inscrições podem ser feitas via Whatsapp: 11 95023-0712 ou pelo email: mopaids@gmail.com.

Portas abertas

Os ativistas voltaram a debater ‘portas abertas’ nos serviços especializados nos atendimento das pessoas vivendo com HIV/aids. José Araújo e Américo Nunes, do Vida Nova, trouxeram as devolutivas do estado e município sobre a carta emitida no mês passado reivindicando portas abertas em todos os serviços de aids (leia mais). “Recebemos resposta do secretário Municipal de Saúde, Wilson Polara, e da Maria Clara, do CRT. O assunto ainda não encerrou, queremos aprofundar essa discussão e ampliar o debate para todos os serviços que atendem pessoas com HIV/aids e são administrados pelo Estado de São Paulo”, disse Araújo.

Experiência na França

Do Centro Franciscano de Luta Contra a Aids, a jovem Isabela Vieira (foto) aproveitou a reunião para apresentar sua experiência na França. Ela foi uma das selecionadas pelo Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, para o Programa de Cooperação Técnica Brasil-França.

Isabela acompanhou por dois meses o trabalho que a Associação Aides, que luta contra a aids desde 1984, desenvolve na cidade de Lille, no norte da França. “A Aides luta por acesso à saúde, defesa dos direitos e contra as discriminações e tem como princípios o respeito, a independência, a confidencialidade e o não julgamento”, explicou Isabela.

Segundo dados do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), 153 mil pessoas vivem com HIV/aids na França. Em 2016, o país registrou 6 mil novos casos. “Diferente do Brasil, os jovens não estão entre as populações vulneráveis ao HIV na França. Eles chamam de vulneráveis os homens que fazem sexo com homens, as pessoas trans, os imigrantes, profissionais do sexo, pessoas privadas de liberdade e usuários de drogas.”

Sobre o acesso ao tratamento, Isabela garantiu que é gratuito e descentralizado.” Todos têm acesso aos antirretrovirais, inclusive os imigrantes, e o mais interessante é que os remédios podem ser retirados em todas as farmácias.”

Mas o que mais chamou atenção da jovem foram as políticas de redução de danos. “A Aides tem um espaço de convivência para usuários de drogas, com distribuição de material de redução de danos, orientações de saúde e social. Além de entregar os kits, eles explicam, por exemplo, como usar as seringas e reduzir os danos. Pensando na relação entre pares, a ONG tem em sua equipe um usuário de drogas e isso faz muita diferença.”

Ainda segundo Isabela, a Aides oferece testagem de HIV, orientação, rodas de conversa, oficinas de saúde, almoço coletivo, atendimento social, entre outros. As ações extramuros acontecem geralmente em centros de acolhida, faculdades, refeitórios comunitários, parques, baladas, nas ruas, bares, hospitais e comércios.

De volta ao Brasil, Isabela quer reproduzir tudo que aprendeu na França e disse que até mudou sua opinião sobre testagem de HIV realizada por ONGs.

A reunião durou mais de três horas e a próxima está agendada para o dia 20 de junho.

 

Dica de entrevista

Mopaids

Tel.: (11) 5084-0255

Talita Martins (talita@agenciaaids.com.br)