Ativistas do SUS, com atuação em diversas áreas, fundaram, na última semana, a Articulação Social Brasileira para o Enfrentamento da Tuberculose – coletivo formado exclusivamente por membros da sociedade civil. O grupo se reuniu, em São Paulo, e elaborou a Carta de Princípios, definiu a missão e as prioridades do coletivo para o próximo ano. Além disso, os membros avaliaram o atual momento da saúde pública brasileira com suas ameaças e urgências de mobilização.

A reunião aconteceu no Instituto Clemente Ferreira e teve a participação de militantes de todas as regiões do país, atuando em diversos segmentos com interface com a tuberculose: movimento de aids, de redução de danos, população indígena, movimento de mulheres, movimento negro e outros.

O documento final do encontro será enviado aos gestores públicos nacionais e, posteriormente, serão implantadas ações de acompanhamento da elaboração orçamentária para 2020, além de outras ações de advocacy.

Segundo Jair Brandão, da ONG Gestos de Recife, “é importante que a sociedade civil se organize de modo a chamar a atenção da sociedade e acompanhar as políticas públicas voltadas para a tuberculose”.

Para Márcia Leão, da Federação das Bandeirantes do Rio Grande do Sul, “nestes momentos de ameaça ao SUS e crescimento de ações de retrocesso é importante que os espaços de atuação do ativismo sejam fortalecidos. Analisando os canais de articulação existentes, referente a tuberculose, junto ao governo federal verificamos que todos são de composição mista o que dificulta, muitas vezes, pronunciamentos e participação em espaços maiores de tomadas de decisão, como outros segmentos de patologias já se organizam”

Aids e tuberculose

A tuberculose é a doença infecciosa mais frequente nas pessoas vivendo com HIV e tem grande impacto na qualidade de vida e na mortalidade dessa população. Uma pessoa vivendo com HIV tem 28 vezes mais chances de contrair tuberculose do que uma pessoa que não tem HIV. No Brasil, a proporção da coinfecção TB-HIV é de 9,4%, ou seja, dos 69 mil novos casos de tuberculose registrados em 2016, 6,5 mil também apresentaram resultado positivo para o HIV.

A coinfecção TB-HIV é a principal causa de morte em pacientes com aids. Em 2015, 22% das pessoas diagnosticadas com a coinfecção foram a óbito. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que, em todas as oportunidades de atendimento às pessoas vivendo com HIV, seja feita a investigação para tuberculose. Da mesma forma, todas as pessoas diagnosticadas com tuberculose devem ser testadas para o HIV.

Dica de entrevista

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