As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) são métodos terapêuticos que visam prevenir doenças, promover e recuperar a saúde, através de uma visão mais ampla que engloba o cuidado integral do ser humano, com ênfase no autocuidado. Dentre as práticas oferecidas pelo SUS estão: Aromaterapia, Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Bioenergética, Apiterapia, Cromoterapia, Dança circular, Homeopatia, Acupuntura, Meditação, Osteopatia, Fitoterapia, Quiropraxia, Reiki, Shantala e Yoga. As recomendações para o uso dessas práticas consideram o indivíduo como um todo, levando em conta seus aspectos físicos, emocionais, mentais e sociais. Elas foram introduzidas no SUS em 2006 e estão disponíveis, de forma gratuita, em mais da metade dos municípios brasileiros, abrangendo todos os estados, o Distrito Federal e todas as capitais.

O médico infectologista Dr. Carlos Sabioni, do SAE de Paulínia

Segundo o médico infectologista Dr. Carlos Sabioni, do SAE de Paulínia, no Estado de São Paulo, “as PICs servem para qualquer doença crônica ou mesmo qualquer pessoa que esteja sentindo algum desequilíbrio emocional”, inclusive para pessoas que vivem com o HIV. Para ele, essas práticas complementares são essenciais para fazer a retenção de pacientes com dificuldade de aceitação do diagnóstico e de adesão ao tratamento antirretroviral. “As PICs são parte do nosso projeto terapêutico. Cada vez que discutimos o caso de alguém, sempre pensamos na possibilidade de oferecer essas práticas integrativas tanto para melhorar a vida pessoal da pessoa, quanto para aumentar o vínculo e a retenção dentro do serviço de saúde e melhorar a adesão”, afirma.

Antes mesmo de as PICs serem introduzidas de maneira gratuita no sistema de saúde público brasileiro, a professora de História e membro do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas Jenice Pizão já era adepta. Ela descobriu viver com HIV em 1990, época em que não havia tratamento alopático e o diagnóstico do vírus era uma sentença de morte. “Eu digo que as PICs me salvaram no início do meu diagnóstico. Em 92, fiquei sabendo que em Campinas existia um centro de atendimento para pessoas vivendo com HIV chamado Centro Corsini e a médica que me atendeu, Dr. Silvia Bellucci, me falou sobre cromoterapia, biodança, homeopatia e outras práticas que estavam iniciando e poderiam me ajudar”, relembra a professora. Durante a pandemia, Jenice descobriu o Reik e chegou a aplicá-lo em mais de 800 pessoas.

As práticas integrativas e complementares são recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e contribuem para fortalecer o cuidado oferecido pelo SUS incentivando a população a assumir um papel mais ativo em sua própria saúde, promovendo a autonomia e o autocuidado. Por meio de uma abordagem interdisciplinar, as PICS oferecem uma perspectiva de cuidado contínuo, humanizado e abrangente em saúde, contribuindo para a ampliação do conhecimento e a capacitação dos profissionais de saúde para garantir a oferta segura e de qualidade aos usuários do SUS. “A gente já resgatou muito paciente mal-aderido. A pessoa às vezes está com a carga viral indetectável, mas está péssima, deprimida, com ansiedade e insônia, não consegue ver felicidade em estar viva e daí descobrem de novo a felicidade das coisas e o sentido de estar viva”, conta o Dr. Carlos Sabioni.

O Brasil é reconhecido internacionalmente pelo seu pioneirismo na incorporação das práticas integrativas e complementares na atenção básica à saúde. Essas modalidades investem na prevenção e promoção da saúde com o objetivo de evitar o surgimento de doenças, aliviar sintomas e fortalecer a saúde mental.

Marina Vergueiro (marina@agenciaaids.com.br)

Dica de entrevista

Jenice Pizão

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Dr. Carlos Sabioni
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