No 466° aniversário da cidade de São Paulo, a Agência de Notícias da Aids consultou OnGs, ativistas para entender como estão os serviços de aids na cidade de acordo com a região em que atuam.

Na reportagem de hoje, acompanhe as análises sobre a região leste e norte da cidade. A pesquisa foi feita por meio de gestores de organizações do movimento de aids que consultaram a opinião de diferentes usuários dos serviços.

Na zona leste, por exemplo, destaca-se a necessidade da reposição de funcionários que estão se aposentando. Por outro lado, há uma potencialização dos serviços de PrEP e PEP.

Já na região norte, os usuários destacam a necessidade de aumentar o número de agentes de prevenção e elogiam o acompanhamento dos pacientes faltosos. Veja a análise completa:

 

Zona Oeste 

Dentre os pontos positivos apresentados pelos usuários dos serviços de aids na zona oeste, destacam-se a segurança do local e o fato de o serviço não estar integrado a um posto de saúde, o que favorece a preservação do sigilo dos pacientes.

Chama atenção também, a qualidade dos atendimentos médicos. Pacientes relataram que as consultas chegam a durar mais de 40 minutos, o que, na opinião dos usuários, demonstra cuidado e atenção dos profissionais de saúde.

Por outro lado, a troca de médico a cada dois anos foi apontada com um ponto negativo. Além disso há reclamações referentes a disponibilização de medicamentos apenas para um mês. “Ou seja, todo mês tenho que me deslocar para pegar os remédios e acabo perdendo aula da faculdade ou parte do dia no trabalho (o que chama atenção das pessoas)”, relata um usuário do serviço.

Outra pessoa que também utiliza o serviço, afirma que “desde a mudança de governo há remarcações de consultas (seja do infecto ou demais especialidades) que a gente já tenha marcado sem nos avisar e acabamos perdendo o dia de trabalho”.

Desse modo, o agendamento das consultas também tem sido uma dificuldade para os pacientes. Segundo eles, são marcadas de acordo com a agenda do médico, em regra de terça a quinta, “não sendo possível trocar manhã por tarde ou optar por um dia da semana pra não afetar faculdade ou trabalho.”

 

Zona Sul

Nessa região destaca-se a presença do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo, o CRT. Neste serviço, a avaliação dos usuários enfatiza a competência médica, a presença de especialidades diversas, que apesar da possibilidade de demora na disponibilidade de agenda,  há a vantagem de a equipe estar toda no mesmo local.

“Só vou ao serviço quatro vezes ao ano, duas consultas e duas coletas, e todas as vezes sou bem atendido, eu mesmo não tenho nada pra reclamar, gosto do trabalho”, comenta o ativista do Grupo de Incentivo à Vida, Alisson Barreto.

No entanto, problemas como comunicação falha, dificuldades de se obter informações claras, atrasos em consultas e dificuldade de marcar exames via CROS chamam a atenção dos usuários do serviço.

Outros pacientes relatam dificuldade de falar ao telefone com o serviço e a demora no atendimento da farmácia. o médico falta e o paciente não é avisado e acaba perdendo a viagem até o lá.
Demora pra marcar consulta com outras especialidades, falta de medicamentos que não são pra o tratamento do HIV.
Funcionários trabalham de mau humor. Demora no pronto atendimento

Ainda na região sul, SAE Ceci destaca-se positivamente pelo local discreto e funcionários atenciosos, apesar de em pequeno número.

Apesar disso, usuários afirmam que há poucos médicos no serviço e que “a ausência de psicólogos prejudica bastante o tratamento, pois não precisamos somente de remédios, um tratamento psicológico ajudaria muito.”

Poucos horários para coletas, realização de testagem somente no horário da manhã, também foram pontos negativos apontados.

 

 

Redação da Agência de Notícias da Aids