O mundo pode registrar 7,7 milhões de mortes associadas à Aids na próxima década. A situação pode ocorrer se os líderes não conseguirem encarar as desigualdades no combate à doença.

A falta de ações transformadoras das lideranças pode agravar a atual crise da Covid-19 e gerar incapacidade para se lidar com futuras pandemias, alerta o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids.

O alerta está no Relatório do Dia Mundial contra a Aids 2021 – “Desigual, despreparado, sob ameaça: por que é preciso ação ousada contra as desigualdades para acabar com a Aids, parar a covid-19 e se preparar para futuras pandemias”.

O documento recomenda o investimento em infraestrutura, liderada e baseada na comunidade, para a prevenção, preparação e resposta. Ações comunitárias no Brasil e em Moçambique são citadas como modelos no novo estudo.

Na favela de Paraisópolis, em São Paulo, por exemplo, líderes ajudam a monitorar a saúde e o bem-estar das famílias durante a pandemia enquanto voluntários treinados localmente divulgam métodos de prevenção e fornecem atendimento de emergência.

Meios essenciais chegam aos beneficiários locais do Projeto Balaio, do Instituto Cultural Barong. A iniciativa apoia profissionais das linhas de frente atuando junto a soropositivos durante a pandemia, entregando antirretrovirais, alimentos, artigos de higiene, combustível e assistência social estão entre os artigos recebidos.

Líderes

Em Moçambique, graças à ação entre líderes locais e governamentais foram apoiados trabalhadores migrantes que retornaram ao país na crise com serviços de teste, entrega de comida na quarentena, além do rastreamento de contatos.

O Unaids revela que outras áreas merecem atenção dos países e são o foco em direitos humanos na resposta à pandemia.

A agência quer urgência na execução de medidas acordadas para conter a doença, na Reunião de Alto Nível da Assembleia Geral sobre a Aids. Essas atividades consideradas críticas, têm sido subfinanciadas e não estão sendo priorizadas.

Entre as atividades ameaçadas estão o acesso equitativo a medicamentos, vacinas e tecnologias de saúde.

América Latina

Em 14 cidades da América Latina houve ações lideradas pela comunidade conectadas a outras organizações que permitiram partilhar informações, recursos e lições além de distribuir medicamentos antirretrovirais e contra a tuberculose.

A oferta de cuidados, o apoio dado em plataformas de mídia social e a comunicação pelo celular evitou que milhões de pacientes deixassem de receber tratamento na África, na Ásia, na América Latina e no Caribe durante a pandemia.

Apesar de atrasos em projetos, cerca de 28,2 milhões de pessoas tiveram acesso ao tratamento do HIV até meados deste ano, contra 7,8 milhões em 2010.

O relatório destaca que a cooperação ou parceria entre autoridades estaduais, geralmente em nível municipal ou local, lembra a importância da parceria nesse campo e da combinação de recursos e capacidades.

Caminho certo

A diretora executiva do Unaids realça que é momento de um apelo urgente à ação.

Winnie Byanyima destaca que se os avanços contra a Aids já estavam fora dos trilhos, agora a pressão é ainda maior à medida que a crise da covid-19 continua se intensificando e “a interromper serviços de prevenção e tratamento do HIV, escolaridade, programas de prevenção da violência e muito mais”.

Para ela, o mundo não pode ser forçado a optar entre acabar com a pandemia de Aids hoje e se preparar para as pandemias do futuro, destacando que ambos os passos devem ser dados.

Byanyima confirmou o apelo de líderes em saúde global por maiores investimentos e mudanças nas leis e políticas para acabar com desigualdades que aumentam a Aids e outras pandemias.

Fonte: ONU News