A ONG Gestos Soropositividade, Comunicação e Gênero de Recife (PE) divulgou nesta quinta-feira (8) nota de repúdio às declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro na cidade de Chapecó (SC), quando fez uma comparação do vírus HIV com a covid-19 (saiba mais). Ele voltou a defender o uso do chamado ‘tratamento precoce’ contra a Covid-19, que utiliza medicamentos sem a eficácia comprada para a doença e afirmou que nos anos 80 foi utilizado tratamento precoce para HIV e que o vírus “era mais voltado para uma classe específica que tinham comportamentos sexuais diferenciados.” Leia abaixo a nota na íntegra.

A Gestos vem a público repudiar veementemente as declarações feitas pelo presidente Bolsonaro. Ele comparou o HIV a Covid-19 e disparou: “Por que não se combateu também? Porque o HIV era mais voltado para uma classe específica, que tinham comportamentos sexuais diferenciados”.

Não é verdade dizer que o HIV não foi combatido. Organizações do mundo inteiro acumulam mais de 40 anos de luta contra esse vírus que, além de ter ceifado a vida de milhões de pessoas ao longo das últimas décadas, ainda hoje continua a destruir a de outras tantas devido ao preconceito e à discriminação.

Os danos causados por essa evidente violação de direitos foram comprovados através do Índice de Estigma em relação às pessoas vivendo com HIV/AIDS, levantamento realizado pela Unaids e Gestos em 2019, que indicou que 64% das pessoas já sofreram algum tipo de estigma e discriminação relacionada à sua sorologia. O percentual de pessoas que já foram assediadas verbalmente chega a 34% e até 37% disseram ter adiado ou interrompido o tratamento por receio de que pessoas próximas descobrissem a doença.

As falas proferidas pelo presidente, portanto, em nada contribuem para a construção de um país livre de violências. Elas adicionam capítulos indesejáveis à história da resposta à AIDS construída pelo Brasil, reconhecido internacionalmente por ter um dos melhores programas do mundo, fruto de uma política política pública pautada nos direitos humanos.

Além disso, quando encerramos o dia com mais de 3 mil mortes, Bolsonaro segue insistindo sobre a eficácia de um falso tratamento, mesmo sabendo do risco à vida das pessoas. Finalmente, chamamos a atenção para a fala xenófoba sobre a África, ao dizer que lá “não existe nada”, em referência a uma das regiões que mais tem lutado para enfrentar seus desafios de saúde.

A afirmação de Bolsonaro apenas reforça o que o mundo já sabe: além de desinformado e preconceituoso, ele mente em público. Por causa dele, o Brasil está perdendo a credibilidade no mundo, e, também por causa dele, a crise sanitária segue sem controle. O que temos hoje é um presidente sem responsabilidade com os deveres do seu cargo, que precisa de um impeachment imediatamente.”

Redação Agência de Notícias da Aids

 

Dica de Entrevista:

 

Gestos – Soropositividade, Comunicação e Gênero

Tel.: (81) 3421-7670