A Aliança Nacional LGBTI+ e a Rede GayLatino lançaram na noite dessa terça-feira (22), em São Paulo, o Manual de Comunicação LGBTI+. A publicação é destinada aos meios de comunicação, incluindo jornalistas e estudantes da área e tem por objetivo contribuir para diminuir preconceitos e estigmas e colaborar para o melhor entendimento de termos que são recorrentes entre a população.

“Muitas vezes, os jornalistas da mídia tradicional usam termos pejorativos, sem respeito à identidade de gênero, termos equivocados sobre orientação sexual, então é sempre um campo de disputa, as linguagens, as reportagens, o jornalismo”, explicou o ativista Toni Reis, diretor presidente da Aliança Nacional LGBTI+.

Toni contou ainda que o livro foi inspirada em manuais de comunicação LGBTI+ de organizações como SomosGay (Paraguai), Colômbia Diversa (Colômbia), Glaad(Estados Unidos) e ABGLT (Brasil). “É uma obra que procura ser sucinta e fornecer informações práticas para consultas rápidas. Não se trata de uma obra acadêmica com aprofundamento nos temas e conceitos, mas sim uma proposta de ferramenta para o dia a dia de profissionais e estudantes de comunicação. Não podemos nos esquecer que a profissão de jornalista foi a primeira a contemplar e respeitar as questões LGBTI+ no Brasil, ainda nos anos 1980.”

A primeira parte do Manual contém definições, conceitos e fenômenos acerca de pessoas LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, intersexuais e outras identidades de gênero e sexualidade não contempladas na atual sigla adotada, representadas pelo “+”). Em seguida, o Manual traz alguns dos principais pontos históricos envolvendo a população LGBTI+, inclusive os avanços mais recentes em termos de reconhecimento dos direitos desta população no Brasil e no mundo, bem como considerações sobre as lacunas ainda existentes para que seja alcançada a cidadania plena. Também informa sobre termos a serem evitados em comunicações sobre o tema LGBTI+, assim como pautas que podem ser de interesse de profissionais dessa área.

Segundo Toni Reis, este manual é resultado de um trabalho conjunto. “Recebemos mais de 300 sugestões e colaborações de especialistas, militantes, ativistas, associados das organizações envolvidas, autoridades públicas, professores, estudantes e profissionais da Comunicação, por meio de uma consulta pública com duração de dois meses.”

Também da Aliança Nacional LGBTU+, Patrícia Mannara explicou que é tão necessário um manual como esse “porque vivemos em uma sociedade patriarcal, heteronormativa e binária. O machismo é social e a LGBTfóbia nos mata todos os dias. Então, temos que sensibilizar a mídia para que os termos corretos sejam respeitados.”

Do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas), a consultora e ativista Silvia Almeida parabenizou a iniciativa. “O caminho contra o preconceito e a discriminação também é a educação. Nós, do Unaids, ficamos felizes em apoiar e incentivar materiais como este. Este manual não é só para os jornalistas, todos nós podemos consultar e nos aprofundar no assunto. A luta contra a aids e a LGBTfóbia também é nossa.”

A educadora social Brunna Valin, militante pelos direitos LGBT e contra a aids, lembrou que o que muda o preconceito é a informação. “A sociedade achava que eu nem era sociedade, descobri que sou mais sociedade do que ela mesma. Estou em vários espaços de discussão e sou representante em várias instâncias, por isso sempre me coloco e acredito no processo de mundaça a partir da educação.”

O Manual de Comunicação LGBTI+ já foi lançado nas cidades de Brasília (DF) e Curitiba (PR) e, no dia 25 deste mês, será em Maceió (AL). |Em São Paulo, o evento reuniu mais de 100 pessoas, entre gestores públicos, empresários, estudantes, jornalistas e pessoas interessadas no tema.

Eventuais sugestões de melhorias, inclusão ou exclusão de texto, bem como críticas, podem ser encaminhadas para o e-mail aliancalgbti@gmail.com, para análise pelo Grupo de Trabalho e incorporação nas próximas edições.

Baixe o Manual de Comunicação LGBTI+ na íntegra aqui.

Redação da Agência de Notícias da Aids