Dando continuidade às expectativas para 2020, a Agência de Notícias da Aids segue publicando o que ativistas, especialistas, artistas, gestores e pessoas vivendo com HIV, esperam para 2020 em relação ao enfrentamento da aids.  Esperança da cura, basta à propagação do medo e do pânico moral, retomada e aprimoramento de políticas públicas e superação do retrocesso no campo dos direitos humanos, estão entre as expectativas citadas. Confira os depoimentos:

Marco Aurélio Bastos – jornalista, ativista e conselheiro gestor do CRT DST/Aids

Eu estou no projeto Cura, estamos envolvidos com algumas burocracias mas vamos entrar na fase três e a expectativa é que a gente consiga. Independente da política babaca, o brasileiro tem muito em ciência e força. E vamos seguir neste caminho. A perspectiva é que em 2020, 21, 22, a gente consiga curar isso mesmo, já que estamos quase lá. E pessoalmente, no melhor aspecto, é a gente vai conseguir firmar  nossa força. De repente, até numa causa justa, a gente pode aglutinar todo um país em prol do SUS, da saúde, das pessoas deste país. Acho que a gente pode ser um movimento que faz a diferença e aglutinar as pessoas para que a gente possa melhorar em todas as áreas. Luta, esperança na cura e que a gente possa fazer a diferença.

Salvador Campos Corrêa – ativista e escritor

Em 2020 teremos a oportunidade de consolidar afetos solidários para reforçar a resposta ao HIV. Sabemos dos desafios que temos vivido, especialmente os que envolvem garantias de políticas para populações mais afetadas pela epidemia como trans, gays, negros. É tempo de fortalecer as bases a partir do afeto como nos deixou o legado de Betinho, Daniel, Cazuza, Caio Fernando e tantos ativistas, artistas, gestores e acadêmicos que foram alicerce que permitiram possível pessoas com HIV viverem no Brasil. É tempo de reforçar a prevenção que queremos e dizer um basta à propagação do medo e do pânico moral. Impera reexistir, ressignificar em nós novas articulações para os tempos que vivemos, pautadas no diálogo e interseccionalidades. Esse é o momento em que temos uma força política estudantil ebulindo e trazendo o novo.  Força política plantada nos últimos 40 anos de democracia, que germinaram com as políticas públicas para ampliar acessos nos últimos anos. Um governo não é suficiente para destruir ideias e conquistas que estão enraizadas na sociedade. Que venha a era do ativismo integrativo e solidário. Que possamos olhar para o passado, regar as raízes e crescer em direção ao sol. Feliz 2020! Que possamos renovar nossa força transmutadora que o ativismo tem. Que possamos estar em paz, para termos saúde e que possamos fortalecer cada vez mais nossas bases! Que em 2020 possamos semear ainda mais as ideias do novo tempo de ativismo!

Tadeu di Pietro – ator

Eu acho que este ano a luta vai ser não apenas no combate à aids, com relação à população que tem que ser cada vez mais esclarecida, amparada, ter acesso à medicação e tudo o mais, mas o combate contempla também a conscientização do Estado ou daqueles que conduzem as políticas, a minimamente manterem as politicas que já existem, o que já vai ser um grande progresso. Porque estão extinguindo algumas que poderiam ser melhoradas. Então, no caso, a luta para voltar ao que tínhamos para depois retomarmos a progressão e desenvolvimento de novas políticas ou o aprimoramento delas, não apenas com relação à medicação e conscientização, mas principalmente ao amparo das pessoas que estão infectadas com o HIV. Informação é muito importante também, acho que tudo precisa ser retomado. A minha posição nessa luta é pela reconscientização do Estado perante o seu dever junto à sociedade nessa questão.

Eduardo Barbosa – Gerente do Centro de Referência da Diversidade (CRD)

O ano de 2019 foi de muitos desafios, a maior parte deles com retrocessos. Então, espero para 2020, que a gente consiga superar principalmente o retrocesso no campo dos direitos humanos; que a política de aids possa recuperar essa vertente de atuar dentro dos mecanismos, dentro das orientações em direitos humanos, que o direito de sermos quem somos, prevaleça. Minha expectativa, ainda, é que a gente possa ampliar a testagem, o acesso ao tratamento e, principalmente, a quebra de estigmas e preconceitos, que ainda é grande. Neste ano de 202, que possamos de atuar neste tripé: ampliar a testagem, melhorar o tratamento e quebrar estigmas e preconceitos.