Veja como é o reajuste anual dos remédios

Seja por uma dor de cabeça persistente, seja pela orientação de tomar antibióticos para qualquer indisposição, os médicos alertam para os efeitos da automedicação e de tomar remédios em excesso e, às vezes, desnecessariamente.

Quando o excesso de medicação é perigoso?

Você é do tipo que, ao menor sinal de dor de cabeça ou cólica, toma um remédio para se aliviar? Ou você prefere deixar o “corpo se curar” e evita ao máximo medicamentos?

Nenhum dos dois perfis é 100% certo ou errado, mas há, sim, riscos de excesso de medicação ou então da chamada automedicação.

Basicamente, a automedicação é quando o paciente decide tomar um comprimido sem a necessidade de consulta médica para tratar sintomas cotidianos, como dores no corpo, de cabeça, problemas gástricos ou inflamatórios.

Muitos medicamentos utilizados são os chamados “de prateleira”, que você pode comprar facilmente nas farmácias sem receita, com base em seu histórico médico ou recomendações do farmacêutico.

Já o excesso de medicação é quando há o acúmulo de medicamentos no corpo em um período de tempo curto, o que pode gerar efeitos colaterais e outros riscos.

Como evitar? Siga as orientações na bula do medicamento e, na dúvida, sempre consulte seu médico.

Quais os riscos de misturar medicamentos?

É importante destacar que a automedicação tem um papel fundamental em reduzir a demanda por atendimentos médicos para condições de menor gravidade, como as relacionadas ao dia a dia: dores de cabeça e de estresse, uma dor muscular pós-atividade física, cólicas menstruais, azias estomacais, etc.

Os riscos surgem quando a pessoa desconhece a possibilidade de efeitos colaterais com outros medicamentos que toma, explica o hepatologista e professor da Faculdade de Medicina de Botucatu, Giovanni Faria Silva. “As drogas que já foram aprovadas pela Anvisa e estão no mercado têm um risco menor, mas ele é existente, e há o risco de interações medicamentosas. Por isso, é importante consultar seu médico”, ressalta.

A combinação de diferentes medicamentos aumenta o risco de uma interação medicamentosa, isto é, quando duas (ou mais) substâncias reagem no seu organismo ao mesmo tempo. Para minimizar esse risco, os médicos prescrevem os medicamentos garantindo que a reação entre eles seja segura.

Além disso, especialistas reforçam a importância de procurar atendimento médico caso a condição não desapareça em um período curto, como um a dois dias. Nesses casos, a automedicação pode mascarar uma condição mais grave e atrasar o diagnóstico.

O que fazer quando tomo medicamentos contínuos todos os dias?

Se é um remédio usado esporadicamente, não tem tanto problema, mas, quando o uso fica mais frequente, o médico deve ser consultado.

“É importante dizer ao médico o que você tomou. Às vezes atendo pacientes que não referenciam o uso de medicamentos, seja por vergonha ou por esquecimento, e isso pode levar a complicações [devido à interação medicamentosa] ou demora para agir”, diz Silva.

No caso das pessoas mais velhas, que necessitam de diversas pílulas para as suas condições de saúde, isso pode ser particularmente importante. Em geral, o médico geriatra ou clínico geral vai orientar sobre medicamentos que tenham baixa interação entre si, mas os efeitos colaterais podem ocorrer –e não devem ser ignorados.

Para um paciente que tem diabetes, por exemplo, o uso contínuo de insulina pode sobrecarregar os rins. Nesse caso, alguns medicamentos, principalmente os anti-inflamatórios, podem agravar a condição e causar toxicidade renal.

Por isso mesmo, é importante a orientação do seu médico –evitando, assim, riscos com potencial de agravamento.

Dicas para evitar o excesso de medicamentos:

  • Pergunte antes de tomar um medicamento de prateleira. Tire dúvidas sobre efeitos colaterais e interações medicamentosas;
  • Faça uma lista de suas medicações contínuas. Mantenha-a atualizada: assim, você pode compartilhá-la com seus familiares, cuidadores e médicos;
  • Pergunte ao seu médico ou farmacêutico sobre mudanças nas drogas prescritas. Caso haja uma troca ou substituição de medicamento, questione os possíveis riscos da nova substância;
  • Organize seus medicamentos para não se confundir na hora de tomá-los. Caixinhas de pílulas com compartimentos individuais ou anotações podem ser úteis para manter os medicamentos em dia;
  • Siga as instruções da bula. Se a bula indica que o medicamento não deve ser tomado mais de uma vez ao dia, é importante seguir à risca, para não ter uma overdose;
  • Relate qualquer problema ou sintoma. Caso sinta-se mal após tomar um medicamento, comunique imediatamente seu médico.

E ainda….

  • Evite tomar medicamentos que não foram prescritos a você;
  • Não utilize medicamentos fora do prazo de validade;
  • Não interrompa um ciclo de medicação sem antes consultar seu médico;
  • Não consuma álcool ou drogas quando utilizar medicamentos para insônia, ansiedade, depressão ou corticoides.
  • Maior risco de câncer colorretal associado a dois formatos de corpo. Pesquisadores da Agência Internacional de Pesquisa do Câncer, ligada à OMS, descreveram dois formatos de corpo mais associados ao risco de câncer colorretal, a partir da análise de quase 330 mil participantes. São eles: indivíduos com obesidade ou altos e com um acúmulo de gordura na região central. Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Science Advances na última sexta-feira (19).
  • Falência cardíaca é causa mais frequente doença cardiovascular. A falência do coração, e não AVC (acidente vascular cerebral), é a principal causa que leva à fibrilação atrial, um tipo de doença cardíaca caracterizada por batimentos irregulares do coração. Foram estudadas as causas de cerca de 360 mil ocorrências em um período de 20 anos, e os pesquisadores verificaram que a falência cardíaca subiu de 24%, entre 2000 e 2010, para 31%, de 2011 a 2022. Além disso, a incidência de fibrilação atrial cresceu nos últimos 20 anos, sendo hoje mais prevalente em homens do que mulheres. O artigo foi publicado na revista científica British Medical Journal.

Fonte: Folha de S.Paulo