26/10/2010 – 15h

Criada há vinte anos por Lucinha Araújo, mãe do cantor e compositor Cazuza, a Sociedade Viva Cazuza, organização não governamental voltada para crianças e adolescentes portadores de HIV, atende vinte crianças e adolescentes. A instituição, única do gênero na cidade do Rio, tem um custo mensal de R$ 70 mil.

A Sociedade Viva Cazuza foi criada dentro do Hospital Gaffrée e Guinle, na Tijuca, que era referência no tratamento da aids. Em 94, Lucinha criou a Casa de Apoio, na Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, por onde já passaram cerca de 70 pessoas.

Os moradores da Casa de Apoio têm entre 4 e 17 anos. Todas as crianças da Viva Cazuza estudam em escolas particulares, com bolsas parciais. A ONG também mantém o Programa de Adesão ao Tratamento, que acompanha 140 pacientes soropositivos que passam ou que já estiveram na instituição.

Aos 73 anos, Lucinha não desanima. O direito autoral das obras do filho, usado para cobrir as despesas, está cada vez mais escasso. “Na época do filme fizemos um bom caixa, sustentou por meses. Agora a conta fica no vermelho. Mas o serviço é de qualidade. Quando não for mais assim, fecho as portas. Não vou ter um depósito, fazer criança sofrer. Aqui, cada um tem a sua identidade”, diz Lucinha.

Como em qualquer casa que tem adolescente, na Viva Cazuza não faltam pedidos para chegarem mais tarde em casa. Eles até podem, desde que digam onde e com quem vão. Namorados (as) podem visitar a instituição, mas não dormem lá. Quem faz 18 anos pode continuar na ONG, mas muitos optam por sair, para ter privacidade. O contato, no entanto, permanece.

Conheça a carreira de Cazuza

Em 7 de julho de 1990 o país perdia um de seus grandes talentos musicais, o cantor e compositor Cazuza. A morte ocorreu aos 32 anos de idade, em decorrência da aids, depois de uma série de internações em hospitais do Brasil e dos EUA.
Na época, o único medicamento disponível no país era o AZT. A utilização de uma nova classe de remédios e a combinação de múltiplas drogas começou em 1996. Tarde demais para ele.

Cazuza revelou publicamente a doença. Também não teve medo de se assumir como adolescente rebelde que fumava maconha e chegou a ser expulso de um colégio. Nasceu em 1958, no Rio de Janeiro, batizado como Agenor de Miranda Araújo Neto.

Depois de trabalhar como ator e fotógrafo, Cazuza passou a integrar a banda Barão Vermelho, em 1982. Três anos depois seguiu carreira solo com grande sucesso de público e crítica. Gravou os álbuns Exagerado, Só se for a dois, Ideologia, O tempo não Pára e Burguesia, trabalhando até os últimos 15 dias de vida.

Redação da Agência de Notícias da Aids