Há um ano, pessoas que não vivem com HIV na cidade de São Paulo, mas que têm um risco acrescido de contrair a doença, passaram a ter acesso a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV) no SUS. No começo, a profilaxia era ofertada em cinco serviços da Rede Municipal Especializada em DST/Aids e um pouco mais de 500 pessoas tiveram acesso a medicação. Hoje, a tecnologia se popularizou e já são 11 serviços de DST/Aids ofertando PrEP, com mais de 1.400 usuários cadastrados. Os dados são do Programa Municipal de DST/Aids.

Na capital, de acordo com o coordenador-adjunto do Programa de Aids, Dr. Robinson Camargo, o diferencial é oferecer PrEP nos CTAs (Centro de Testagem e Aconselhamento), inclusive nos serviços da periferia. “É justamente nestes centros de testagem que estão as pessoas alvo da profilaxia”, observou. “Os nossos CTAs estão em todas as regiões da cidade. Na zona leste, por exemplo, já temos PrEP em Itaquera, São Mateus, São Miguel Paulista e em Sapopemba.”

Hoje, segundo o médico, não é possível dizer qual é o perfil do usuário de PrEP no município. “Muitos serviços da periferia começaram a ofertar o insumo em outubro de 2018.” A ideia do governo é que às populações que estão em situações de vulnerabilidade, como gays de baixa escolaridade, pessoas trans e profissionais do sexo, tenham acesso.

No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que 78,9% dos usuários de PrEP são homens que fazem sexo com homens. Dentro do universo LGBT, mulheres transexuais aparecem com 1,8%, travestis representam 0,4% e homens trans, 0,3%. A pasta ainda revelou que 77% dos usuários afirmaram ter mais de 12 anos de estudo formal.

Dr. Robinson informou também que não há fila de espera na rede municipal. “A diretriz é que os serviços não trabalhem com fila de espera. Inclusive, queremos ampliar o acesso à PrEP este ano.” Todos os meses, segundo o gestor, a cidade recebe 20% a mais do quantitativo necessário para atender a população já cadastrada na rede.

Para receber a todos com qualidade, os serviços de aids tiveram que se adaptar. “Temos médicos nos CTAs para ofertar a PrEP. É importante lembrar que a Rede Municipal Especializada, para além da atenção às pessoas vivendo com HIV/aids, traz em sua história, a experiência de trabalhos na prevenção, com  públicos mais vulneráveis.”

De acordo com o Programa de Aids, a partir do protocolo de indicação da PrEP do Ministério da Saúde, as equipes foram treinadas para o atendimento da Profilaxia Pré-Exposição. “Temos um comitê de monitoramento de PrEP que acompanha continuamente os serviços, orientando e desenvolvendo estratégias para atingir a população-alvo da profilaxia.”

Sobre os casos de ISTs em usuários de PrEP, o Dr. Robinson informou que no último ano os serviços registraram 25 casos, sendo uma notificação de corrimento uretral e 24 de sífilis.

Ele garantiu ainda que o Programa tem investido na divulgação da Profilaxia. “Temos feito parcerias com as casas de show LGBT e publicado informações nas redes sociais oficiais.”

A reportagem faz parte de uma série que preparamos em homenagem aos 465 anos da cidade de São Paulo. Leia também: Os desafios do primeiro ano de implementação da PrEP na cidade

Talita Martins (talita@agenciaaids.com.br)

Dica de Entrevista

Programa Municipal de DST/Aids

Tel.: (11) 3397-2201