07/01/2019 - 11h19
RETROSPECTIVA 2018: Ativistas parabenizam campanha do Ministério da Saúde que celebra 30 anos de luta contra aids

O Ministério da Saúde lançou, em 27 de novembro, a campanha publicitária que, em 2018, celebrou as conquistas nos 30 anos do Dia Mundial de Luta contra a Aids. Como parte das comemorações do dia 1º de dezembro, a campanha resgatou a confecção de colchas de retalhos, os chamados quilt, com mensagens de otimismo para quem vive com o vírus. O Ministério estendeu um mosaico, formado por essas colchas, em um dos gramados da Esplanada dos Ministérios na cidade de Brasília.

O material foi produzido por milhares de pessoas de várias partes do país que utilizaram uma plataforma digital para produzir a sua mensagem de apoio à causa.

Para ativistas, a campanha foi acertiva por marcar o reconhecimento das lutas sociais que culminaram na resposta à epidemia com uma mensagem clara de valorização dos ativistas e suas histórias de vida.

Confira o vídeo da campanha abaixo:

 

Carlos Henrique de Oliveira ativista do coletivo Loka de Efavirenz e da Rede de Jovens São Paulo Positivo – A campanha é um marco tanto de reconhecimento das lutas sociais que culminaram na resposta à epidemia, quanto na necessidade de manutenção do tratamento para a vida das pessoas vivendo com HIV/aids. Eu considerei um acerto colocar pessoas do movimento social e próximas à vivência com HIV, bem como um enfoque no combate à discriminação e estigma sem negar a existência da aids e sem se contentar apenas com tratamento… falamos em cura. Numa situação em que há uma tendência de tornar o Departamento conservador e sem diálogo com a sociedade civil no próximo período, lançar uma campanha dando protagonismo a voltando à colcha montada pela sociedade civil é um retorno às bases sociais e de engajamento necessário para resistir e manter a resposta à epidemia em funcionamento. Espero que esses trinta anos de luta em resposta à aids seja combustível para lutarmos pelas nossas vidas. Para que eu e outras   tenham mais trinta ou quarenta anos de expectativa de vida com tratamento gratuito e com a chegada da tão esperada cura.

José Araújo, do Espaço de Prevenção Humanizada (EPAH) – O Departamento, depois de anos com campanhas próximo a indiferença, acerta com a campanha deste ano. As mensagens foram claras e fala de conquistas no momento que a incerteza toma conta de todos. O Departamento esta de parabéns pela campanha.

Salvador Correa, Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia) – É nobre a valorização de ativistas como protagonistas da campanha. São guerreiras e guerreiros que se dedicam a esta causa pela vida de tantas pessoas com HIV e grupos em situação de vulnerabilidade. O tom positivo é inspirador quando comparável às campanhas de terror que espalham pânico moral. Nesse sentido, é muito bom ver mensagens inspiradoras e otimistas. No entanto é preciso estar atento aos desafios que cercam a epidemia. Temos um SUS, sucateado e ameaçado. Existem dificuldades para expandir a política de prevenção combinada. A cura como perspectiva é inspiradora, mas não basta. O HIV a tem tratamento, mas 15 milhões de pessoas no mundo não tem acesso aos ARVs. A sífilis tem cura, no entanto estamos diante de uma grave epidemia. O tom otimista é muito importante, no entanto é preciso estar atento aos desafios. É preciso comemorar os avanços, sem perder a perspectiva dos desafios, especialmente para grupos vulnerabilizados como pessoas trans, gays, trabalhadoras sexuais e jovens negros e negras. Que a solidariedade nos inspire para ampliar a defesa do SUS e que o acesso à saúde seja efetivamente para todos!

Jair Brandão, Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+) –   Gostei da campanha. Neste momento de insegurança sobre a manutenção da Política Nacional de Aids vejo os “retalhos” como a necessidade da unidade das pessoas vivendo com HIV e aids, principalmente no movimento social no sentido de estarmos juntos e unidos colhendo cada pedacinho e nos reorganizarmos numa só colcha de retalho como uma fortaleza sólida para defender o SUS e a garantia de uma assistência integral para todas e todos.

Heliana Moura, Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas –  A campanha me fez lembrar a década de 90 e 2000 quando cheguei a participar da confecção de nossas colchas. Era artesanal, com tintas, pincéis, linha, agulhas e retalhos e colocávamos ali nossos sonhos, esperanças desejos e medos. Acredito que Resgatar essa ação nos remete  a todos esses sentimentos de esperança, lutas, resistência, direitos e união e nesse momento é fundamental. Era uma época que não tínhamos tanta tecnologia e avanço no tratamento e prevenção como hoje. Mas hoje temos outros medos, incertezas e inquietações para o próximo ano/gestão. Mais que nunca precisamos resgatar a força, resistência e união daquele momento para enfrentar o que temos pela frente. Apenas sinto falta de algo incisivo sobre prevenção. Depois da fala do futuro ministro sobre a prevenção, tínhamos que ter aproveitado mais esse ano, que ainda tivemos oportunidades. No mais foi uma campanha muito emocionante. Senti uma nostalgia. Lutemos como meninas!

Michaela Cirino, artista plástica e ativista – Achei bem relevante comparado as outras. Especialmente a da PrEP. Parece muito com as campanhas de fim de ano da globo. Super alegre. Achei importante falar sobre a possibilidade de vida e de gerar a vida. Mas me preocupa essa responsabilidade de não transmitir HIV que cai sobre as pessoas que vivem com o vírus. Mesmo com os avanço da medicina, ainda levamos a culpa.

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