O Ministério da Saúde entregou ao Supremo Tribunal Federal um detalhamento da lista de grupos prioritários de vacinação contra Covid.

Na resposta ao Supremo, o Ministério da Saúde mudou a previsão de número de pessoas a serem vacinadas com prioridade. Incluiu mais 60 mil pessoas no grupo prioritário. Agora, 77,2 milhões deverão receber a vacina com prioridade.

Aumentou o número de povos indígenas vivendo em áreas de reserva que serão imunizados. Especificou as faixas de idosos entre 80 e 89 anos: um grupo de 85 a 89; e outro de 80 a 84 anos. Adicionou uma faixa de idade no grupo de comorbidades: pessoas de 18 a 59 anos, que sejam de grupo de risco, também terão prioridade. Quem tem mais de 60 anos já estava contemplado na primeira versão.

O governo mudou o grupo de pessoas com deficiências permanente graves para pessoas com deficiência permanente, e isso ampliou em quase 5 mil o número de prioridades.

A Advocacia Geral da União afirma no documento que já vacinou todos os idosos com mais de 90 anos; todos idosos com mais de 60 anos e todas as pessoas com deficiência que vivem em abrigos e casas de acolhimento; e 73% dos profissionais de saúde. Mas, em um anexo, o Ministério da Saúde diz que as doses referentes a esses grupos foram distribuídas e não aplicadas.

O relatório do governo não menciona a interrupção da vacinação em pelo menos dez capitais por falta de doses. Na avaliação de sanitaristas, está faltando, também, transparência.

“Infelizmente, esses dados que foram apresentados são pouco críveis, tendo em vista a realidade sanitária e epidemiológica do país. Acho que é preciso ter mais detalhes para que a gente consiga ter uma informação real de qual foi o volume de população vacinada no nosso país”, afirma o médico sanitarista Adriano Massuda.

“Creio que o que está faltando é uma transparência maior, como esse sistema de transplantados que a gente tem no Brasil, que poderia até ser empregado nesta questão da vacinação. E, com isso, a gente ia evitar, sobretudo, os famosos fura-fila”, diz Sérgio Cimerman, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia.

É preciso cautela 

A ativista e articuladora do Meta Brasil (Movimento Estamos TodEs em Ação), Stefany Dias olha para a novidade com ressalvas. “Por um lado é bom pois muitos de nós temos imunidade baixa e geralmente ficamos vulneráveis por conta da nossa imunidade e deficiênci. Vejo alguns colegas meus, por exemplo, que devido à deficiência não podem tomar determinados tipos de vacina. Então minha preocupação é a respeito das pessoas que não podem entrar em contato com determinados elementos químicos. Não sei se pensaram nisso. Acho que deveria haver pé no chão nesse ponto e pensar em todas as possibilidades. Porque tomar vacina, todo mundo quer, mas acredito que é preciso pensar nas pessoas que têm contraindicação à vacina.”

Luiz Carlos Lopes, jornalista e Analista de Políticas Públicas da prefeitura de São Paulo, também observa o avanço, mas com cautela. “Sem dúvida, um pequeno avanço, mas os 7,7 milhões de pessoas com deficiência agora incluídas disputam o espaço da priorização com várias categorias profissionais e com pacientes expostos a certas patologias. E o documento não traz nenhuma indicação de em qual fase da vacinação as pessoas com deficiência seriam incluídas”, observa ele.

“Vacinar professores, motoristas e policiais tem lógica muito mais ligada à interrupção do ciclo de transmissão do vírus do que à redução de mortes nesse segmento. Já no grupo de idosos, o efeito imediato é salvar vidas, justificando plenamente sua priorização. Seguindo este raciocínio, acredito que seria mais estratégico e justo reivindicarmos que um subgrupo específico de pessoas com deficiência (aquelas com problemas neuromusculares, algumas síndromes e doenças raras que comprometam o sistema respiratório) sejam priorizados já na terceira fase do plano, pois correm efetivo risco de morte se contraírem a Covid-19”, completa Luiz.

 

 

Agência de Notícias da Aids com informações