A Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT) realizou no fim de maio (de 25 a 27) o Encontro Brasileiro de Organizações de Paradas LGBT com o objetivo de unir forças, reforçar laços e ampliar a conscientização da importância das Paradas LGBT. O encontro reuniu cerca de 40 pessoas em São Paulo, com a presença de presidentes de organizações de paradas das capitais e das principais cidades do interior do Brasil.

De acordo com os organizadores, entre os objetivos do encontro, estava pensar estratégias para visibilizar ações de prevenção às ISTs/HIV nas paradas do orgulho LGBT; criar uma agenda comum de atuação e cooperação entre as organizações de paradas; unificar as ações de enfrentamento das dificuldades de cada Organização; trocar experiências positivas de organização política, e pensar em estratégias que fortaleçam e que garantam direitos da população LGBT.

Durante a abertura do encontro, a diretora do Unaids no Brasil, Georgiana Braga-Orillard, destacou a importância do evento. “Hoje vocês estão reforçando a democracia, porque todos somos cidadãos, e não apenas alguns. Eu acredito muito na criatividade e na força de vocês. Essa união e esse impacto são muito grandes. Aproveitem muito esta oportunidade de estarem todos juntos aqui”, afirmou. “Coloco todo o apoio das 11 agências copatrocinadoras do Unaids. Estamos todos juntos e queremos ajudar o máximo possível”.

Em novembro de 2017, o Unaids apoiou a Associação da Parada LGBT de SP no I Encontro de Saúde/Prevenção IST/Aids entre Jovens LGBTs, o primeiro encontro realizado pela APOGLBT com organizações ligadas à área de prevenção ao HIV e outras IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis).

A presidente da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, Claudia Regina, também destacou a importância da união das Organizações de Paradas LGBT durante a mesa de abertura do encontro. “Precisamos tentar afinar uma bandeira única e o mesmo discurso. A Parada LGBT é muito mais do que as 4 milhões de pessoas que participam em São Paulo, mas sim essas milhões de pessoas que vocês ajudam a colocar nas ruas em todo o Brasil”, afirmou Claudia.

Com o tema “União pela cidadania, participação política e resposta à epidemia de HIV/aids”, o encontro uniu os esforços das organizações de Parada do Orgulho LGBT do Brasil para tratar de temas voltados às políticas públicas de saúde, prevenção, direitos humanos e cidadania. Foram realizadas mesas de debates, trocas de experiências exitosas sobre prevenção e saúde e planos de ação para o enfrentamento de problemas comuns a todos as organizações.

As taxas de detecção de casos de aids no Brasil cresceram substancialmente entre homens jovens na última década — especialmente entre gays e homens jovens que fazem sexo com homens. Números recentes do estado de São Paulo mostram uma prevalência de HIV de 15% entre homens gays e outros homens que fazem sexo com homens.

Além disso, pesquisas têm mostrado que o estigma e a discriminação prejudicam os esforços no enfrentamento a epidemia do HIV, ao fazer com que as pessoas tenham medo de procurar por informações, serviços e métodos que reduzam o risco de infecção e de adotar comportamentos mais seguros com receio de que sejam levantadas suspeitas em relação ao seu estado sorológico.

Ivone de Paula, gerente da área de prevenção do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, da Secretaria de Estado da Saúde, falou sobre a importância de debater sobre prevenção do HIV durante a mesa de abertura.

“As Paradas LGBT são um espaço importantíssimo para falarmos sobre HIV. Se conseguirmos falar para os nossos jovens de prevenção, isto vai se tornando algo natural na vida deles. Vivemos um momento de muitas políticas públicas importantes. Antes só conseguíamos falar sobre preservativo, mas hoje temos uma mandala que mostra vários métodos, sem hierarquia, em uma possibilidade de implementar a prevenção.”

O assessor da Coordenação de Prevenção do Programa Municipal de DST/Aids, Marcos Blumenfeld, falou sobre a importância das parcerias com os Programas de aids dos municípios, estados e federal. “A população LGBT, por suas perdas de direitos, bullying e todos os preconceitos, tem uma vulnerabilidade maior ao HIV. Espero que todos aproveitem muito este evento para ter ideias e perceber como as parcerias são possívels”, disse Marcos.

Cássio Rodrigo, coordenador de políticas LGBT do estado de SP, destacou a importância das políticas públicas e da representatividade da população LGBT.

“Quando penso em 1997, quando comecei minha militância, nunca imaginei estar aqui como coordenador. Até porque era uma época em que não tínhamos tantos antirretrovirais e víamos nossos amigos falecendo. Nós achávamos que nossa data de validade era menor. Hoje estamos aqui porque fomos lutar por políticas e antirretrovirais. Temos o dever de continuar lutando por espaços dentro do executivo, das estruturas governamentais e também do poder legislativo”, afirmou Cássio.

Fonte: ONU Brasil