Está no ar o novo episódio do podcast “PodH”, da Agência Aids. Essa edição, apresentada pela jornalista Filomena Salemme, traz informações sobre casos de HIV na população indígena. Nos últimos anos, os cuidados com a saúde destas pessoas sofreram cortes no orçamento do Ministério da Saúde. No Brasil, ainda não há informações suficientes para estimar a dimensão da infecção pelo HIV e aids entre os povos indígenas. Entretanto, alguns estudos apontam para altas prevalências de infecções sexualmente transmissíveis (IST) e expansão de casos de infecção pelo HIV, principalmente nas regiões com alta mobilidade de pessoas, como nas áreas indígenas de fronteira e próximas aos centros urbanos.

Conversamos com ativistas do Amazonas que se dedicam ao acolhimento e a levar informações sobre prevenção e tratamento para essa população.

Em entrevista ao PodH, a ativista e professora Evalcilene dos Santos, de Manaus, contou que descobriu o HIV há mais de 20 anos, durante o parto. Moradora de cidade pequena, a notícia sobre sua sorologia se espalhou rapidamente. O resultado foi muito estigma e preconceito. Hoje, a militante vem se dedicando a luta contra o preconceito e pelos direitos das pessoas HIV+, ela usa sua história para acolher outras pessoas.

Há muitos anos Val leva informações sobre HIV para as comunidades indígenas do Amazonas, geralmente acolhe cinco etnias. “Não é fácil falar sobre saúde sexual com essa população, eles consideram o HIV uma doença do pecado, uma praga. Dificilmente usam o preservativo. A boa notícia é que existe um material especifico para trabalhar a prevenção com essa população.”

Também de Manaus, a ativista Juliana Correa, do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, disse que uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos povos indígenas é com o acesso a especialistas. “Geralmente aguardam 6 meses por uma consulta. O HIV ainda é um tabu para as pessoas indígenas. Falar sobre HIV é falar de sexo e isso é constrangedor para eles. Existem mulheres que falam que estão fazendo tratamento de câncer para esconder o diagnóstico de HIV. Por falta de informação, o preconceito ainda continua matando.”

No quadro ‘Palavra do Especialista, a equipe do PodH entrevistou Januário Carneiro da Cunha Neto, coordenador do distrito sanitário especial indígena de Manaus. Ele garantiu que há insumos de prevenção e testes de HIV disponíveis para a comunidade indígena. “No Amazonas, há visitas mensais de equipe multidisciplinares nas aldeias indígenas.”

Com episódios quinzenais, o PodH da Agência Aids tem como objetivo trazer conversas bem informadas sobre HIV/aids e direitos humanos e debater de forma descontraída os assuntos mais importantes a respeito dessa temática. Os programas não são simples bate-papos, mas sim divididos em entre informação, storytelling, entrevistas com especialistas e uma coluna de curiosidades sobre o assunto tratado.

Ouça o novo episódio a seguir:

Redação da Agência Aids