Mães com HIV que não podem amamentar estão sofrendo com a falta de fornecimento do leite adequado para os filhos no Hospital dos Servidores, no Centro do Rio. O leite acabou no dia 12 de novembro e a previsão era que o alimento chegasse no dia 20, mas, até esta quinta-feira (28), ainda não havia chegado.

As mulheres que têm HIV sofrem sem poder amamentar por correrem o risco de transmitir o vírus para o neném pelo aleitamento materno. Assim, a solução para as mulheres soropositivas que deram à luz no Hospital dos Servidores é um leite específico para recém-nascidos, que era fornecido pela unidade na quantidade de 10 latas a cada trinta dias.

E desde o dia 12 de novembro, a angústia destas mulheres é imensa pela falta do alimento para os filhos.

“A gente já não pode amamentar, isso é muito chato, mas o chato mesmo é que o custo da lata é muito caro e dura muito pouco e fica muito puxado para a gente, entendeu, de não ter esse dinheiro e tem mães que realmente não têm”, lamentou uma mãe à reportagem do RJ1, sem se identificar.

O preço médio de cada lata é de R$ 24 reais e o leite dura, no máximo, três dias, uma despesa muito alta para o orçamento de muitas famílias.

“Eu estou pedindo ajuda para familiares e amigos pra me dar o dinheiro da lata porque senão eu já não teria, porque meu marido tá desempregado, arrumou trabalho há pouco tempo e não tem de onde tirar esse dinheiro, não tem”, disse uma mãe.

O RJ1 mostrou que, em meio ao desespero, uma das pacientes do hospital chegou a dar o próprio leite para o filho, apesar do risco da transmissão da doença, para que o neném não passasse fome.

“É desesperador, pelo amor de Deus. É desesperador de verdade. E aí a primeira coisa que vem na cabeça é dar o natural, né, o que já tem costume, porque muitas já são mães também e tão passando que nem eu, não é a primeira vez nessa situação e não pensa muito, não raciocina muito. Quer acabar com aquela agonia ali, né. Teve o caso de uma mãezinha que a gente tava conversando ontem, ela tava na consulta, ela disse que deu o peito pro neném porque a carga viral dela tava indetectável, mas não quer dizer que ela não tenha passado nada pro neném dela. Então é complicado”, contou a paciente.

O Ministério da Saúde informou que o leite é fornecido por um programa da Prefeitura do Rio do Rio e que recebeu a informação de que a entrega será normalizada na sexta (29). A prefeitura afirmou que trabalha para regularizar essa distribuição.

Fonte: G1