Em homenagem ao Dezembro Vermelho, mês de luta contra aids, a Gilead Sciences Brasil lançou, na noite dessa quinta-feira (3), em São Paulo, o Movimento Posithivo. A iniciativa é um convite para ampliar o debate sobre HIV/aids e deixar para trás todas as notícias ultrapassadas, junto como a desinformação e a sorofobia. A empresa mobilizou pessoas que vivem com HIV para dividir suas histórias em suas redes sociais. São sete porta-vozes e mais dois casais que irão discutir a sorofobia.

Respeitando o distanciamento social e as orientações para evitar novas infecções pela covid-19, o lançamento aconteceu no Cine Drive-In, no estacionamento do Shopping Vila Lobos, e reuniu médicos, ativistas, artistas e jornalistas, cada um em seu carro. “O nosso foco é a relação do ser humano com o HIV ao longo das últimas décadas. Queremos compreender a evolução dos vários aspectos da doença e seu reflexo para as pessoas que vivem e convivem com HIV. Ainda precisamos superar muitos desafios para vencer o estigma e a discriminação”, disse Christian Schneider, presidente da Gilead Sciences Brasil, ao lançar oficialmente o movimento.

A programação começou com um tributo a Elton John, embalada por diversos clássicos do cantor britânico. Em seguida, a Gilead exibiu uma versão reduzida do documentário “Carta Para Além dos Muros”, de André Canto. O filme retrata a história da aids no Brasil e os desafios atuais, além do impacto do preconceito no controle da epidemia. Por fim, especialistas na temática HIV/aids conversaram por mais de uma hora sobre a importância de trazer a pauta aids para as discussões sobre saúde em tempos de coronavírus.

“O filme original tem uma hora e meia, com muita dor no coração decidi reduzir para 50 minutos e levar essa discussão também para as escolas. Este documentário é um projeto educativo. As pessoas precisam voltar a falar sobre HIV e sexualidade, só assim vamos avançar na luta contra o estigma e o preconceito”, disse o produtor cinematográfico, André Canto.

O agente cultural Rogério de Oliveira, do Casarão Brasil, participou da discussão e disse que este filme sempre o emociona. “Apareceu nos depoimentos a nossa querida ativista Brunna Valin, que nos deixou esse ano. Precisamos de mais obras como essa para combater a onda conservadora no Brasil. As pessoas continuam se infectando. Trabalho na ponta e sei bem o desafio que é combater a aids em um cenário de desinformação e pobreza.”

Para o infectologista Álvaro Furtado, “os desafios da luta contra aids são enormes. Temos uma média de 40 mil novos casos de HIV por ano, a doença é concentrada em alguns grupos populacionais e precisam de uma abordagem individualizada. A gente, como médico, precisa se posicionar mais. Temos conceitos que são pouco difundidos. Os médicos não falam que a pessoa com carga viral indetectável não transmite o HIV. Precisamos fazer com que as informações sobre avanços no tratamento e prevenção cheguem as pessoas.”

Expectativa de vida

O infectologista Dr. Ricardo Diaz, da Unifesp, concordou com Dr. Álvaro e acrescentou que as palavras luta, acesso e solidariedade são chaves neste momento de pandemias. “Quando falamos em luta trazemos o exército junto: a ciência, os médicos, os ativistas. Estamos vencendo essa luta, mas a guerra não acabou. Eu costumo dizer que a aids é um filme que vimos de trás para frente. A primeira coisa que vimos foi a catástrofe, depois começamos a entender que era um vírus e o que ele fazia no corpo. Aí passamos a desenhar medicamentos para inibir as etapas da vida do vírus. Isso nunca tinha sido feito. Assim, conseguimos aumentar a expectativa de vida das pessoas com HIV. Sabe o que acontece hoje? Estudos mostram que a expectativa de vida de quem tem HIV, trata, tem carga viral indetectável e CD4 alto, é maior do que quem não tem HIV. O HIV protege porque as pessoas vão ao médico, fazem exames, tomam vacinas, descobrem as comorbidades e vivem mais. Isso é uma boa notícia”, comemorou.

A diretora médica da Gilead, Rita Sarti, participou da discussão e destacou que “avançamos muito na prevenção e tratamento. Temos prevenção combinada. O melhor caminho para a desinformação é falar sobre o assunto, inclusive nas escolas. As informações precisam chegar também nas periferias.”

Ressignificar a luta

Outra debatedora da noite foi a jornalista Roseli Tardelli, diretora dessa Agência. Para ela, é preciso ressignificar a luta contra aids. “A mídia culpabilizou as pessoas com HIV. Quando vejo um filme como esse do André Canto tenho mais esperança. A vida de ativista é um dia inteiro falando sobre aids. Precisamos conversar de outra forma em relação as questões de orientação sexual. Precisamos de acolhimento, respeito, trocar ideias, ninguém é maior ou menor. A aids está nos ensinando tantas coisas. Agora vem a covid e nos ensina tantas outras. Graças a Deus a aids não mata mais como matava há 40 anos. O que continua excluindo e matando é a morte social e o preconceito velado. A pessoa que vive com HIV/aids não sai por aí dizendo que tem o vírus. Se ela tem uma cardiopatia ela diz que tem, se tem diabetes tudo bem, mas ninguém conta na primeira vez que tem HIV, é um processo. Isso só vai mudar quando as famílias conversarem mais sobre sexualidade. A escola é um segundo passo.”

HIV e covid

Dr. Ricardo Diaz disse que é preciso retomar a agenda do HIV em tempos de pandemia. “A covid-19 tirou o HIV da agenda. A gente vinha fazendo um trabalho muito bom em detectar e incluir novas pessoas em tratamento. Hoje, o acesso está ameaçado. Não temos PrEP da forma como queríamos.”

Sobre cuidados integral, tanto Dr. Álvaro, como Dra. Rita, acreditam que cada paciente merece um tratamento diferenciado. “Temos que tomar muito cuidado, há populações com especificidades diferentes, um atendimento inadequado compromete o tratamento”, disse o infectologista. “A forma como o paciente é acolhido é responsabilidade da equipe multidisciplinar”, completou Dra. Rita.

Movimento Posithivo

A campanha Movimento Posithivo traz um filme-manifesto, que convida a sociedade a ajudar a combater os preconceitos contra as pessoas que vivem com HIV.  Entre os “influenciadores” que falam sobre a causa e fazem parte do Movimento PositHIVo estão Gabriel Comicholi, Leandro Buenno e Rodrigo Malafaia, Augusto Bonavita, Daniel Lima, Diego Krausz, Jennifer Besse, Micaela Cyrino e Guilhermina Urze. A campanha faz parte do projeto Na Vida como na Arte, da Gilead.

Talita Martins (talita@agenciaaids.com.br)

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