A coluna “Senta aqui, com Marina Vergueiro” recebeu na segunda-feira (13) o ator e diretor Drew Persí. Com mais de 40 espetáculos em seu currículo, sua vida deu uma reviravolta em 2013, quando recebeu o diagnóstico positivo para o HIV. Após viver o luto, ele escolheu viver. Drew criou um canal no Youtube, que ele utiliza como uma ferramenta de informação, de incentivo, de acolhimento, para muita gente que o procura em busca de ajuda. Em 2020, ano passado, publicou seu primeiro livro chamado “Vidas”, no qual conta detalhes de sua história, e também um grupo de acolhimento no Telegram, chamado “Escolha Viver”.

Para começar a conversa, Marina Vergueiro quis saber como funciona o grupo “Escolha Viver”. Drew explicou que o grupo surgiu assim que começou o isolamento social por causa da pandemia. “Eu isolado em casa, totalmente isolado, me veio um pensamento que, apesar de que a gente não sabia muito sobre esse novo vírus, os diagnósticos de HIV iam continuar a chegar. Não seria a covid-19 que faria que os outros diagnósticos, que as outras questões parassem de acontecer. As pessoas quando recebem esse diagnóstico, precisam de um abraço. E como seria isso durante o isolamento? Aí eu comecei a pensar em uma maneira de estar mais próximo dessas pessoas, de trocar ideias, de conversar.  Aí eu resolvi criar o grupo no Whatsapp e coloquei três pessoas, achei que ia ser ‘flopado’ e comecei a divulgar”, contou o ator. 

O grupo foi crescendo, ele teve que criar um segundo, que também lotou e aí ele resolveu levar o grupo para o Telegram, onde o limite de pessoas por grupo é bem  maior. “Hoje o grupo tem pessoas do mundo todo, pessoas que vivem em Portugal, no Japão, Irlanda e pessoas do Brasil todo, muita história bonita. Tem pessoas ali dentro que não sabem ler e escrever e aí se comunicam por áudios. Muita coisa bacana acontece naquele grupo”, disse. Para participar do grupo, é só acessar o link na bio do Instagram do Drew ou acesse aqui

Sobre o canal no Youtube, Drew relatou que sempre gostou de trabalhar com imagens e, quando criança, vivia com uma câmera na mão. “Eu nunca tive a pretensão de ter um canal, mas eu sempre gostei muito do registro. Resolvi lançar um canal em 2016, quando vi o canal de uma influenciadora, a Jout Jout. Criei o canal que se chamava Entreato e ali eu produzia conteúdo, muitas coisas relacionadas ao teatro, à arte, mas também discutia alguns assuntos. Mas dentro de mim sempre vinha uma angústia, parecia que eu não estava sendo eu, parecia que eu não estava mostrando uma parte de mim. Poucas pessoas sabiam do meu status sorológico, as pessoas mais próximas, mas eu ia deixando para lá, porque eu achava que se eu falasse sobre isso, iria me expor, o que era um pensamento errado. Hoje, eu prego o contrário. Você não precisa viver com HIV, para falar sobre…Em 2018, eu mudei o canal todo, a identidade visual e mudei o nome”. O canal passou a se chamar Drew, porque ele sentia que era uma maneira de criar maior proximidade com as pessoas. Em 14 de janeiro de 2019, dia do aniversário dele, ele lançou o vídeo abrindo a sorologia positiva para HIV. 

Em relação ao diagnóstico, ele diz se reconhecer em muitas histórias que ele recebe, porque elas se repetem, mas com outros recortes, porque é necessário lembrar dos privilégios e ele sabe que as coisas teriam sido muito diferentes para ele se não fosse um homem branco, cis. “Apesar de ter sido um grande choque, um sentimento de acabou, é o fim, eu vou morrer, vou adoecer e mais a culpa, o medo, a raiva, vem tudo isso junto. Aí, eu comecei a falar para algumas pessoas mais próximas. Foi muito pesado. Eu estava em uma fase incrível de trabalho, estava com um contrato com o Sesi de três anos, ganhando super bem, me pegou nesse momento. Fui contando aos poucos para alguns amigos e fui criando essa rede de afeto”, contou.

Assista a conversa na íntegra abaixo:

Redação Agência de Notícias da Aids