O Conselho Federal de Medicina divulgou nesta terça-feira (13) um estudo sobre a situação da saúde no país. O levantamento concluiu que os gastos públicos por habitante nessa área, cresceram bem menos do que a inflação.

Em Salvador o corredor é apertado para tanta gente querendo marcar consulta. Na cidade de São Paulo, a senhora de 75 anos dorme de pé na mureta enquanto aguarda atendimento. A fila é longa.

A autônoma Danielle Vilhega sai do interior do estado para buscar tratamento para Isaac, de apenas dois meses. “Umas 9 horas de viagem, por aí. Nós saímos ontem às 21h, chegamos 6h. A noite toda”.

A falta de estrutura em algumas cidades pode ser explicada por um levantamento do Conselho Federal de Medicina. Foram analisadas despesas com saúde dos municípios, estados e do governo federal de 2008 a 2017. E o que se descobriu: o total destinado à saúde pública, apesar de reajustado ano a ano, não consegue acompanhar a inflação.

Nesses dez anos, segundo o estudo, enquanto o IPCA, principal índice que mede a variação de preços, subiu 80%, o investimento em saúde cresceu 26%. Em 2017, se toda a inflação tivesse sido reposta, o Ministério da Saúde teria um orçamento 42% maior: em vez de R$ 263 bilhões, R$ 373 bilhões.

“Comparativamente com outros países mais ricos e não tão ricos, o governo coloca, percentualmente, menor quantidade de dinheiro na saúde e esse estudo demonstra com clareza isso. A própria Argentina, que passa por problemas até piores do que nós, o gasto público em saúde dela, percentualmente, é o dobro do Brasil”, explica Donizete Giamberardino, coordenador da Comissão Nacional Pró-SUS.

Para o Conselho Federal de Medicina, o dinheiro para a saúde pública no Brasil está abaixo do ideal. Mas pior ainda é saber que nem tudo que é destinado ao setor é usado. Segundo levantamento, entre 2003 e 2017, o Ministério da Saúde deixou de lado quase R$ 174 bilhões que estavam à disposição. Dinheiro que retornou aos cofres públicos, sem virar investimento onde era mais necessário.

Fonte: Jornal Nacional