No começo da semana, o Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo foi palco da 7ª Semana Paulista de Mobilização Contra a Sífilis e Sífilis Congênita: “Os desafios da eliminação da sífilis congênita – teste, trate e cure a sífilis adquirida”.

No evento, profissionais de saúde liderados pela Coordenação Estadual de IST/Aids de São Paulo, debateram sobre os principais desafios para a eliminação da transmissão vertical da sífilis no estado, bem como abordar as experiências exitosas na resposta paulista. Também foram exibidas as recentes estatísticas acerca da situação da sífilis congênita no estado.

Dados do Sinan apareceram em apresentação ministrada pela médica pediatra que integra a Divisão de Epidemiologia do CRT de DST/Aids do Estado de São Paulo e coordenadora de ações para eliminação da transmissão vertical do HIV e da Sífilis no programa estadual: Carmen Silvia Bruniera Domingues, que também foi a mestre de cerimônia do evento.

De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), no ano passado, foram notificados na plataforma 167.523 casos de sífilis adquirida em todo o Brasil (taxa de detecção de 78,5 casos/100.000 habitantes); 74.095 casos de sífilis em gestantes (taxa de detecção de 27,1 casos/1.000 nascidos vivos); 27.019 casos de sífilis congênita (taxa de incidência de 9,9 casos/1.000 nascidos vivos); e 192 óbitos por sífilis congênita (taxa de mortalidade por sífilis de 7,0 óbitos/100.000 nascidos vivos).

Destes óbitos, 30 foram mortes fetais e infantis ocorridas em São Paulo. Em 2022 o número caiu para 11. A redução paulista corresponde à 37%.

O percentual de casos notificados de sífilis congênita, segundo realização de pré-natal materno este ano é de 85,0 em todo o estado.

A unidade mais populosa da federação também conseguiu alavancar o percentual de detecção da sífilis em gestantes, o que significa que mais testes foram realizados.

A taxa de detecção de sífilis em gestantes e taxa de incidência (por 1.000 nascidos vivos) em São Paulo alcançou quase 50%.

Dra. Carmen Bruniera falou acerca da quantidade de consultas contempladas pelo pré-natal ofertado em São Paulo “Tivemos 82% da nossa cobertura de pré-natal com sete consultas ou mais”, celebrou. Mas afirmou, “haver muitas consultas é algo muito bom, precisamos oportunizar mesmo a mulher gestante ser testada, mas isto não basta, é preciso avaliarmos também a qualidade destas consultas”.

Outro ponto interessante levantado pela doutora, é o fato de os indicadores nacionais terem recebido influência negativa da pandemia de covid-19, em contrapartida, no estado de São Paulo os trabalhos continuaram junto aos interlocutores regionais sem impactos exponenciais da pandemia. Segundo ela, as ações deram seguimento, principalmente, juntos aos GT-Regionais das regiões de saúde.

Para avançarmos ainda mais no enfrentamento da doença, apontou que é necessário trabalho humanizado e abordagem centrada na pessoa e em suas práticas sexuais, afim de aproximar ainda mais o público alvo; testagem em massa para sífilis em mulheres que manifestem a intenção de engravidar; testar e tratar parcerias sexuais; iniciar imediato tratamento após diagnóstico (mulher e parcerias sexuais); e agendamento de retorno para seguimento e controle de cura. Além disso, capricho por parte dos profissionais na qualidade do preenchimento das fichas no Sinan, afinal, os dados à nível de estado são reflexos do que chega através de cada secretária municipal de saúde.

Com empenho dos municípios em seguir as ações programáticas estipuladas pela equipe estadual, ocorrerá maior aproximação do público alvo, e consequentemente vitória sob a doença enquanto problema de saúde pública.

Prêmio Luiza Matida

O evento ainda contou com a entrega do prêmio Luiza Matida, idealizado pelo Programa Estadual DST/Aids-SP, que é uma homenagem à falecida médica pediatra e sanitarista Luiza Harunari Matida.

Mais de 240 municípios entre a grande São Paulo e interior foram homenageados por seus esforços para a eliminação da transmissão vertical da sífilis congênita e/ou do HIV. Os representantes de cada território receberam troféus simbólicos das mãos de profissionais e gestores de saúde, entre eles Dr. Gerson Pereira, médico epidemiologista e diretor do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), do Ministério da Saúde (MS).

Quem foi Luiza Matida?

Luiza Matida, falecida em 2014, foi uma referência na medicina pediátrica, ela coordenou e elaborou a implantação de políticas públicas, e se mobilizou em prol de ações estratégicas para a eliminação da transmissão vertical do HIV e sífilis no Programa Estadual de DST/Aids.

 

Dica de entrevista:

CRT DST/Aids de São Paulo

Tel.: (11) 5087-9911

 

Kéren Morais (keren@agenciaaids.com.br)