imagem de tubos de ensaio sinalizando resultado positivo para varíola dos macacos

Com mais de 2.300 casos confirmados de varíola dos macacos no Brasil, o Ministério da Saúde estabeleceu nível máximo de alerta para lidar com a transmissão do vírus. De acordo com o Plano de Contingência Nacional para monkeypox, publicado pelo órgão no fim de semana, há três níveis classificação da emergência de saúde. A pasta adotou o último grau para classificar a varíola dos macacos no país.

Nesse nível de alerta, a doença é considerada uma “ameaça de relevância nacional com impacto sobre diferentes esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), exigindo uma ampla resposta governamental”. Na prática, a iniciativa do governo visa alertar a todos os órgãos que a monkeypox demanda atenção máxima. “Este evento constitui uma situação de excepcional gravidade, podendo culminar na declaração de emergência em saúde pública de importância nacional (Espin)”, informou o Ministério da Saúde no plano de contingência.

Especialistas ouvidos pela Agência Aids aprovaram com ressalvas o Plano de Contingência Nacional, mas disseram que é preciso agir nos estados e municípios. “O plano está completo e bem elaborado, mas para o bom funcionamento todos os passos devem estar disponíveis, assegurados e do conhecimento dos responsáveis em todo território nacional”, opinou a infectologista Marinella Della Negra, presidente da Associação de Auxílio à Criança e Adolescente Portador de HIV.

O infectologista Rico Vasconcelos, pesquisador do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sugeriu que se inclua a recomendação de investigação e consideração de tratamento de proctites por gonorreia e clamídia. “As coinfecções por monkeypox e essas bactérias têm se mostrado bastante frequentes, dada a via de transmissão. O plano está bem técnico. Dialoga com profissionais de saúde interessados no assunto. Mas acho que continua não resolvendo uma lacuna extremamente prevalente no Brasil: o que uma pessoa deve fazer se tiver sintomas sugestivos de monkeypox. Esse manual explica bem o passo a passo a partir do momento que a pessoa chega em um serviço de saúde em que existe um profissional de saúde interessado e que leu o manual, mas não explica a jornada entre o cidadão notar o sintoma e chegar nesse serviço. Por exemplo: Ele deve buscar atendimento aonde? Na UBS?”, questionou.

O especialista também chamou atenção para a morosidade no acesso ao resultado final do exame. “Não existem prazos determinados para a liberação dos resultados dos exames coletados. Isso significa que se uma pessoa em Natal, com uma amostra coletada, provavelmente vai esperar por semanas pelo resultado, já que o laboratório referência para o Nordeste fica no Rio de Janeiro. Por fim, acho que esse plano tem muita ênfase no tratamento com tecovirimat e pouca no plano de imunização, o que dá a impressão em quem lê que o plano é ‘Vamos deixar pegar porque os quadros são leves’.”

O professor doutor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, Mário Scheffer, destacou que o surto está concentrado no Estado de São Paulo e, principalmente, na capital. “Diretrizes nacionais são importantes, mas a lentidão e inércia, neste momento, são da prefeitura e do estado, que não dependeriam do Ministério da Saúde. Buscar vacinas é a atribuição federal, mas o plano de prevenção, testagem, vigilância e assistência deve ser do município e do estado, que a meu ver estão parados, vendo os casos se multiplicarem.”

Já na avaliação da infectologista Zarifa Khoury, da coordenadoria de IST/Aids de São Paulo, o plano nacional é um bom material técnico, bem completo. “É importante a agilidade na disponibilização do tecovirimat e da vacina com vírus vivo não replicante. Em breve, a OMS vai estender a vacinação para população mais vulnerável. Este material elaborado pelo Ministério da Saúde vai ajudar os profissionais balizando no atendimento de emergência. O material de coleta é simples: bisturi, swab, tubo. Não é necessária uma infraestrutura local de laboratório, pois eles são estaduais, o exame exige uma complexidade maior.”

Leia o plano na íntegra: PLANO DE CONTINGENCIA NACIONAL PARA MONKEYPOX

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Redação da Agência de Notícias da Aids

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