A inclusão das mulheres na sociedade, com maior participação na ciência e política foi possível graças a um conjunto de fatores que fizeram com que os países passassem a incluir em suas legislações diversos direitos fundamentais às mulheres.

Para celebrar a importância de personagens femininos na ciência e na conquista por direitos, a Agência de Notícias da Aids homenageia mulheres que desempenharam papel fundamental para avanços conquistados na luta contra aids, as pesquisadoras Lair Guerra e Gabriela Calazans e a ativista Credileuda Azevedo.

 

Atuação registrada na história

Lair Guerra de Macedo nasceu no Piauí em 1943. Fez o primário na cidade de Curimatá e cursou Ciências Biomédicas na Universidade de Pernambuco. Casou-se em 1962 e teve cinco filhos.

Em 1977 começou a lecionar Microbiologia na Universidade do Piauí e a administrar o laboratório da universidade. Em seguida, tendo obtido bolsa da Organização Pan-americana de Saúde, deslocou para a cidade de Atlanta, na Geórgia (EUA), com a família. Em Atlanta atuou como pesquisadora visitante na área de doenças sexualmente transmissíveis no Center for Disease Control (Centro de Controle de Doenças). Paralelamente, cursou o mestrado em Microbiologia na Georgia State University, enquanto acompanhava no CDC as primeiras pesquisas sobre o vírus HIV.

Depois de seis anos na Georgia, regressou ao Brasil, onde passou a atuar inicialmente como professora na Universidade de Brasília. Foi convidada a iniciar o programa brasileiro de DST/aids em 1986. Atuou como diretora desse programa por 10 anos, tendo trabalhado com dez ministros. Nesse período, conseguiu recursos do Banco Mundial, com os quais qualificou e treinou muitos profissionais para o combate às DST/aids.

Lair estabeleceu ainda centros de referência para o tratamento de pacientes, incentivou a criação e manutenção de organizações não governamentais e iniciou o programa de teste de vacina para prevenção do aids. Representou o Brasil em três reuniões da Assembleia Mundial de Saúde, em Genebra.

Em agosto de 1996, ela participava de um congresso em Recife quando sofreu um acidente de carro. Teve traumatismo craniano e entrou em coma, ficando com algumas sequelas, como dificuldades de fala e falhas na memória recente.

No ano de 2010 durante evento em que foi homenageada pelo Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (GAPA) de São Paulo com o 3º Prêmio Paulo Cesar Bonfim, Lair foi ovacionada de pé pela plateia presente na cerimônia no Edifício Itália em São Paulo.

 

A luta saúde das mulheres com HIV 

“Foi em agosto de 93. Minha irmã pensava estar com anemia e resolvi fazer uma bateria de exames junto com ela. Tudo para ela era doença. Quando peguei meu exame, estava lá: positivo”. Foi assim que Credileuda Costa de Azevedo descobriu que tinha HIV, aos 24 anos. Creuda, com é conhecida em toda a cidade de Horizonte, a 50 km de Fortaleza, teve a sorte de ser atendida pela “doutora Lurdinha”, a assistente social que a encaminhou ao tratamento. “Tive acesso a informação numa época em que todos diziam que quem tivesse aids só tinha três meses de vida”.

E Creuda viveu por um motivo especial. O filho de 3 anos e 4 meses de vida, na época. “Levei ele pra fazer o exame. Deu negativo. O ciclo de vida é esse. A gente nasce, cresce, morre. E sei que um dia eu vou morrer, não sei do que, mas enquanto eu estiver viva, vou cuidar dele”.

O segundo casamento, trouxe outro desafio. Uma segunda filha e o medo de transmitir o vírus para a criança. Em 2017, a pequena menina completou 21 anos de idade, sem HIV. Hoje, Creuda é avó de dois netos. Casada, ela vive uma relação sorodiferente. Quando a conheceu, o marido de Creuda já sabia do HIV. “É que, na cidade, quem sabe quem é Creuda, sabe que ela tem HIV”, ela mesma justifica.

Hoje, ela faz parte do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas e busca, diariamente, contribuir para que mulheres com HIV sejam acolhidas e tenham o garantido o acesso ao tratamento.

 

Ciência como ferramenta de trabalho 

Gabriela Calazans compõe o time pesquisas do 

Em um de seus estudos mais recentes, ela abordou o aumento da epidemia de HIV entre gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e como este fato revela as limitações ou fracassos nas políticas de prevenção direcionadas a este grupo.

Em 2021, Gabriela atuou na coordenação editorial do policy brief (resumo da política) “Refazendo a Prevenção do HIV na 5ª Década da Epidemia do HIV e da Aids.”

Atuou como educadora comunitária da Unidade de Pesquisa de Vacinas Anti-HIV do Centro deReferência e Treinamento DST/Aids (CRT) de São Paulo e, em 2010, recebeu o Prêmio de Cidadania da Rede de Pesquisa de Vacinas Preventivas Anti-HIV, entidade ligada a Institutos Nacionais de Saúde dos EUA.

Ainda no CRT, Gabriela coordenou ações de recrutamento de voluntários para estudos, além de colaborar com ações culturais como o Cine Vacinas e o boletim informativo Repórter Vacinas. Além disso, a pesquisadora também participou como ativista do Grupo de Incentivo à Vida (GIV).

 

 

Dica de entrevista

Credileuda de Azevedo

credileudaazevedo@hotmail.com

Gabriela Calazans

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