A abordagem da matéria gerou críticas do governo, especialistas e representes da sociedade civil que colocaram a publicação como sendo preenchida por estigmas e responsável por promover a desconstrução da política de aids e preconceito em torno da nova proposta de prevenção, assim como a população gay.

O Ministério da Saúde por meio do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais afirmou que “a principal premissa da matéria”, o abandono da camisinha por causa da PrEP, “não encontra respaldo em nenhum estudo científico” e que “a revista reforça estigmas há muito superados” pelo enfoque dado aos homossexuais masculinos.

O infectologista entrevistado pela reportagem, Ricardo Vasconcelos, fez uma postagem em seu perfil no facebook que viralizou. Foram mais de 30 mil reações e quase 20 mil compartilhamentos do texto intitulado “Eu me arrependi de ter dado entrevista para a revista Época”. Ele ressaltou que a matéria estava “repleta de equívocos que reforçam estigmas sobre temas que já estão soterrados de preconceitos, como, por exemplo, o fato analisado com julgamento moral de que gays são promíscuos, ou que somente os gays precisam se preocupar com HIV. Informa de maneira errada sobre o que é PrEP e PEP, troca nomes de entrevistados e joga no lixo tudo o que conversamos em horas de explicação.”

Em resposta, a revista “Época” afirma que “reproduziu com fidelidade as declarações de Vasconcelos, checada por escrito pelo autor da reportagem. A revista discorda do julgamento que o médico faz do trabalho jornalístico, mas reconhece erros pontuais no texto, que não alteram a essência do trabalho”.

Disse também que priorizou o debate sobre a mudança de comportamento entre homossexuais masculinos “porque nesse estrato houve aumento dos casos de infecção nos últimos anos, conforme dados oficiais”, mencionando o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, publicado no ano passado.

Apesar da chamada de capa trazer a frase “O novo método que está fazendo os gays (sic) abandonar a segurança da camisinha”, a revista afirmou que não houve, em sua matéria, qualquer relação entre a PrEP e o aumento dos casos de HIV/aids, “assim como não há qualquer afirmação de que o novo medicamento é o responsável pela queda no uso da camisinha.”

“A reportagem também não afirma que gays e bissexuais masculinos são promíscuos nem faz qualquer juízo de valor sobre os personagens apresentados. Todos os usuários da PrEP retratados demonstraram ter uma vida sexual consciente no que diz respeito ao uso de diferentes tipos de prevenção e em diálogo com seus parceiros, dentro das orientações médicas e dos protocolos contemporâneos de combate ao HIV”, completa.

No documento, a revista também ressalta ter buscado, como fonte, especialistas e materiais de credibilidade como infectologistas e os boletins e guias do Ministério da Saúde, da Organização Mundial de Saúde.

Por fim, a “Época” pontuou que as únicas correções a serem feitas são o equívoco entre PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), e as legendas referentes as duas fotos que foram trocadas.

 

Redação da Agência de Notícias da Aids