Entre 2014 e 2018, o projeto Viva Melhor Sabendo realizou 160.280 testes em todo o Brasil com foco nas trabalhadoras do sexo, travestis, mulheres e homens trans, gays e outros HSH (homens que fazem sexo com homens), homens heterossexuais e pessoas que usam álcool e outras drogas.

Implantado em novembro de 2013, o projeto Viva Melhor Sabendo tem o propósito de atuar com as organizações da sociedade civil com foco nas populações-chave (gays e outros HSH; pessoas que usam álcool e outras drogas; mulheres trabalhadoras do sexo; pessoas trans e travestis) e na metodologia de educação entre pares.

Os dados foram apresentados no Seminário de Avaliação do Projeto Viva Melhor Sabendo – Chamada Pública 02/2016, que teve início na última segunda-feira (9), em Brasília, com a participação de 130 pessoas, entre representantes de organizações não-governamentais que realizaram o projeto e de coordenações municipais e estaduais de Saúde que atuam com IST, HIV/aids e hepatites virais. O evento se encerrou na terça-feira (10).

O objetivo do evento foi promover a troca de informações e conhecimentos sobre os processos de execução dos subprojetos selecionados a partir da chamada pública 02/2016. “A ideia desse encontro não é coroar o trabalho de ninguém, mas considerar as diversas realidades de cada região do país, das experiências de cada lugar no contato com as populações que se submeteram aos testes”, destacou a diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV), Adele Benzaken.

Resultados

Os resultados apresentados incluíram dados de 2014-2018. Dentre as pessoas testadas ao longo dos quatro anos, 1,6% (2.564 pessoas) tiveram resultados reagentes e 51,3% (82.223 pessoas) se submeteram à testagem pela primeira vez.

Já no total de testes realizados entre 2016 e 2018, a maior adesão foi pelas trabalhadoras do sexo cis, com 32.046 testagens. Os homens heterossexuais cis foram os que mais realizaram o teste pela primeira vez (61,6%). A maior proporção de reagentes foi verificada entre as travestis, com 5,8%.

Na última relação sexual antes da entrevista ao projeto, 49% dos entrevistados e entrevistadas admitiram não ter utilizado preservativo; desses, 65% eram travestis e 37% homens trans. Usaram a camisinha 54% dos gays e outros HSH cis, que admitiram não ter usado qualquer tipo de droga naquela ocasião.

“Nosso papel é o de ampliar a testagem e a participação das organizações da sociedade civil no Viva Melhor Sabendo, contribuindo para que as populações-chave tenham acesso ao Sistema Único de Saúde”, destacou Adele Benzaken – acrescentando que, “se não fosse o empenho das OSCs, não haveria o impacto que verificamos nos resultados desses quatro anos do projeto”.

Para a oficial de projetos da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) Mariana Braga, a participação da sociedade civil de fato contribui para fomentar os mecanismos de enfrentamento ao HIV/aids no Brasil. “Só alcançamos bons números com o apoio das organizações da sociedade civil. A fase mais evidente disso é o trabalho do Viva Melhor Sabendo, que se assemelha à identidade da Unesco, que se preocupa com a Prevenção Combinada e ações educativas. Isso ajuda a construir respostas eficazes”, afirmou.

Viva Melhor Sabendo

No projeto Viva Melhor Sabendo, a testagem é realizada de forma oportuna, voluntária, sigilosa e gratuita – e nos espaços de sociabilidade das populações-chave, associando prevenção, oferta de testagem e aconselhamento, diagnóstico precoce, vinculação ao serviço e tratamento oportuno. A estratégia está fortemente relacionada ao engajamento comunitário e ao desenvolvimento de ações protagonizadas pelas próprias populações-chave, por meio de ações extramuros. Esse aspecto possibilita o alcance desses segmentos populacionais em locais e horários alternativos e fora das estruturas dos serviços de saúde, considerando que a população alcançada pelo projeto tem seu direito à saúde historicamente violado pelo estigma e preconceito.

O nome do projeto faz alusão aos benefícios do conhecimento pessoal da sorologia para o HIV e tratamento precoce, quando necessário.

Desde 2013, 163 organizações da sociedade civil de todos os estados do país já participaram do projeto.