Dando continuidade à série especial sobre o Dia das Mães, a Agência de Notícias da Aids presta sua homenagem as mulheres e mães que lutam incansavelmente contra a aids. São pessoas que compartilham com o mundo o amor incondicional. Homenageamos, por meio delas, todas as mães pela coragem com que declaram seu amor à vida. Relembre a seguir as histórias de Lucinha Araújo e das médicas Maria Clara Gianna e Marinella Della Negra.

“Amor vale tanto quanto remédio”

No ano de 1990, Lucinha Araújo perdeu seu único filho, Cazuza, morto em decorrência da aids. Naquela época, os tratamentos estavam longe de ter a eficácia de hoje. Era um período duro, sem esperanças, de pouca informação e muito preconceito, o  que criava barreiras enormes ao acesso dos doentes aos atendimentos médicos. Ao enterrar o filho, depois de três anos lutando contra a doença, Lucinha e seu marido, o produtor musical João Araújo, morto em 2013, decidiram transformar a dor em amor e abriram uma casa para acolher crianças carentes com HIV.

Assim surgiu a associação que deu origem à Sociedade Viva Cazuza, junto ao Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, no Rio de Janeiro. Em 1992, a entidade passou a trabalhar de forma independente do hospital, fornecendo medicamentos, exames e assistência médica às pessoas carentes vivendo com HIV.

A Viva Cazuza tem como finalidade oferecer gratuitamente abrigo, educação, tratamento médico, reintegração familiar, lazer e cultura a crianças com HIV. Ali, Lucinha já acolheu e viu crescer pelo menos 150 crianças.

Dra. Maria Clara Gianna, uma das responsáveis pelo maior Programa Estadual de Aids do Brasil

A médica sanitarista Maria Clara Gianna nasceu em São Paulo em 23 de junho de 1961. Casada e mãe de duas meninas, Carolina e Mariana, Clara começou atuar na luta contra aids em 1988, como técnica da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Programa Estadual DST/Aids. Em 2005, ela assumiu a Coordenação do Programa Estadual DST/Aids de São Paulo, cargo que ocupou até 2017. Hoje, ela é coordenadora-adjunta do Programa.

Seu trabalho no Programa Estadual de DST/Aids tem por objetivo principal diminuir a vulnerabilidade da população em relação às doenças sexualmente transmissíveis, como a aids; melhorar a qualidade de vida das pessoas já infectadas pelo HIV; e reduzir o preconceito, a discriminação e os demais impactos sociais negativos das DST/aids por meio de políticas públicas pautadas pela ética e compromisso com a promoção da cidadania.

Para ela, reduzir a vulnerabilidade feminina em relação a aids, “é necessário a ampliação de projetos de prevenção ao HIV com foco especialmente para mulheres, como por exemplo, a ampliação do acesso ao preservativo feminino.”

Suas filhas, as estudantes Mariana e Carolina Gianna, de 23 e 21 anos, cresceram vendo a mãe na luta.

Referência nacional no tratamento de crianças com aids

Dra. Marinella Della Negra nasceu na cidade de Borgosesia, na Itália, e naturalizou-se brasileira. Médica aposentada do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e consultora do Ministério da Saúde para assuntos relacionados à aids pediátrica, ela começou a trabalhar com crianças portadoras do HIV em 1985, quando aceitou acompanhar pela primeira vez um bebê soropositivo recusado por outras equipes, já que até então pouco se conhecia sobre os tratamentos da doença e suas formas de transmissão.

A partir daí, Marinella se dispôs a pesquisar a aids pediátrica e a procurar informações com especialistas, em revistas e em instituições internacionais. Os casos seguintes de crianças HIV positivo foram encaminhados a Marinella, que passou a se dedicar quase que exclusivamente ao número sempre crescente de pequenos pacientes.

Aos poucos, formou uma equipe dedicada e especializado no tratamento de crianças soropositivas.

Em 1989, ela conseguiu doação em dinheiro de uma empresa que repassava verbas para organizações não-governamentais dedicadas ao tratamento de soropositivos e decidiu então fundar uma dessas entidades, que chamou de Associação de Auxílio às Crianças Portadoras de HIV.

Além de ajudar os doentes, fornecendo remédios, cuidando de seu encaminhamento a hospitais e ambulatórios, e de transmitir informações sobre a doença a pacientes e suas famílias, a ONG criada por Marinella também organizou o primeiro encontro sobre aids pediátrica no Brasil. Hoje, a instituição fornece bolsas de estudo para jovens que nasceram com HIV.

Assim como Marinella, sua filha Marina, também se dedicou ao cuidado de quem vive com HIV e é infectologista.

Dica de entrevista

Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo

Tel.: 5087-9907

Sociedade Viva Cazuza

Tel.: (21) 2553-0444

Associação de Auxílio às Crianças Portadoras de HIV

Tel.: (11) 3061-2521

Redação Agência de Notícias da Aids