23/02/2018 – 18h15

 

Uma denúncia revelou um laboratório médico irregular que atende postos de saúde e a unidade de pronto atendimento da cidade de Franco da Rocha, região metropolitana de São Paulo. Dentre as amostras de sangue armazenadas de forma inadequada, estão tubos de pacientes com Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) como HIV, sífilis e hepatites virais. 

Em imagens gravadas por um funcionário no início do mês de fevereiro, é possível ver tubos de sangue e urina espalhados no interior da casa, sem qualquer tipo refrigeração ou cuidado no armazenamento. Um ventilador era usado pra refrescar o ambiente nos dias mais quentes. Havia amostras até mesmo no chão do local. A casa fica no bairro de Tucuruvi, zona norte de São Paulo e a sede do laboratório, dentro de um hospital particular no mesmo bairro.

Margarete Preto, ativista do Projeto Bem Me Quer, conta que estava em uma ação na cidade e os usuários reclamaram que não recebiam resultados de exames desde o mês de novembro. “Ontem (quinta-feira), soubemos que a queixa ainda permanece. E agora vimos que é um laboratório sem a menor estrutura, os usuários estão desassistidos e estão com acompanhamento prejudicado”, afirma enquanto explica que o local é responsável por exames como hemograma, sorologia e testagem para todas as ISTs. “Só não fazem o exame de carga viral, mas todo o restante fica a cargo deles”, afirma. Segundo a ativista, são mais de mil exames por mês realizados no local.

Na reportagem feita pelo programa Balanço Geral, na Record, o funcionário que fez a denúncia afirma que “há o risco de ter um resultado errado. O paciente está correndo risco de vida e ele não sabe se tem alguma patologia ou não.” Ele explica que a temperatura dentro da casa chega a ser de 27 ºC, quando o recomendado é de 20ºC. O funcionário também falou sobre a ausência de cuidados básicos e disse que o sangue chegava a coagular, não havendo como fazer qualquer tipo de análise. Além disso, o sangue era descartado em lixeiras comuns e a urina, jogada na pia.

O cenário vai ficando ainda pior, quando o funcionário revela que era impedido de usar luvas e jaleco, segundo ele, para não demonstrar o que acontecia ali dentro. O biomédico Roberto Figueiredo, afirma que “se chegar uma análise errada para o médico, com certeza ele vai medicar errado também. Então um paciente que poderia se curar, não vai se curar”.

“Como uma prefeitura contrata um serviço que ela não verificou a qualidade? Teria que saber a veracidade das informações prestadas e a qualidade do laboratório antes de tudo”, questiona Margarete.

A prefeitura de Franco da Rocha disse que o contrato com o laboratório foi realizado em caráter emergencial, há quatro meses. Disse também que o local onde as amostras ficam armazenadas por dias ou até meses até serem avaliadas, é de total responsabilidade do laboratório que já foi notificado dezenas de vezes. Agora, outra empresa será contratada por licitação.  

Confira a reportagem completa aqui