Pesquisadores das instituições alemãs EMBL Heidelberg e Centro de Doenças Infecciosas do Hospital Universitário de Heidelberg conseguiram registrar, pela primeira vez, imagens do vírus HIV entrando no núcleo de uma célula infectada.

Divulgado nesta quinta-feira (18), o estudo mostra que as cascas externas do vírus (os capsídeos) atravessam intactas os poros nucleares das células, só se separando dentro do núcleo – onde liberam sua informação genética. Até agora, cientistas presumiam que essas cápsulas precisavam se desmontar em pedaços menores para que conseguissem penetrar nos linfócitos T, os mais atingidos pelo vírus.

A descoberta ajuda a compreender melhor o mecanismo pelo qual o material genético do HIV é integrado ao genoma da célula infectada, o que pode auxiliar na otimização de tratamentos contra a aids, doença que atinge cerca de 37 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O material genético do HIV é cercado por uma cápsula de proteína em forma de cone – o “capsídeo”. Estudos anteriores já mostravam que essa estrutura atravessa a membrana celular durante a infecção, mas os cientistas ainda tinham dúvidas sobre como o material genético do vírus passa do capsídeo para o núcleo da célula – região onde acontece a replicação viral.

A combinação entre técnicas de imagem de alta resolução, como a microscopia de luz e eletrônica, permitiu que o grupo de pesquisadores obtivesse imagens em 3D das estruturas moleculares de células infectadas pelo HIV-1, tipo mais comum do vírus e foco da análise alemã.

O estudo desses registros trouxe mais dados para sanar a dúvida que pairava: “Até agora, presumia-se que o capsídeo não passava pelos poros”, diz Hans-Georg Kräusslich, médico e diretor do Centro de Doenças Infecciosas do Hospital Universitário de Heidelberg. “Mas saber como o genoma viral chega ao núcleo da célula é fundamental para sua reprodução. Nossos resultados, portanto, apoiam a busca de novos alvos para futuras abordagens terapêuticas”, acrescenta, em nota.

“Nossos dados visualizam diretamente uma etapa-chave na replicação do HIV-1 e aumentam nossa compreensão mecanicista do ciclo de vida viral”, escreveram os pesquisadores na conclusão do artigo. Para Martin Beck, um dos líderes da EMBL Heidelberg, a análise também “ajudou a encaixar outra peça do quebra-cabeça da infecção pelo HIV”.

Fonte: Galileu