Melina e Roseli sempre sonharam com uma grande festa de casamento para dar um passo além na união, que já dura 11 anos. O que elas não imaginavam, é que teriam a oportunidade de ter 3 milhões convidados na comemoração do grande dia. Elas são um dos quatro casais que foram selecionados para participar do casamento coletivo em um coworking na Avenida Paulista, e seguirão para a festa em cima de um trio elétrico na 23ª edição da Parada LGBT de São Paulo neste domingo (23).

“A gente sempre pensou em fazer uma coisa grande. Não queríamos só assinar um papel, queríamos algo que fosse marcante. Mas nosso dinheiro estava curto. Quando disseram que nossa história havia sido selecionada para participar da Parada, ficamos em êxtase”, conta Melina do Nascimento, de 33 anos.

Melina e Roseli estão juntas há 11 anos e sempre sonharam com uma grande festa de casamento.  — Foto: Celso Tavares/G1

Ela e Roseli Tanajura, de 29 anos, se conheceram em 2008 em uma comunidade do já extinto Orkut. De lá até aqui, passaram por muita coisa até irem morar no apartamento em que hoje vivem com seus dois cachorros. Embora já sejam parceiras há anos, ainda faltava a mudança no estado civil.

“A gente sempre viveu juntas, mas a gente nunca pôde falar que civilmente tínhamos uma relação. Isso faz com as pessoas marginalizem o que a gente tem. Essa é uma oportunidade de mostrar que a nossa família existe”, diz Melina.

A questão financeira também foi o que impediu que Gabriel Utiyama, de 31 anos, e Filipe Rezende, de 26, celebrassem o casamento antes. Eles se conheceram há cinco anos e moram juntos há dois.

Gabriel e Felipe sonhavam em celebrar o seu casamento de forma memorável.  — Foto: Celso Tavares/G1

“A gente já tem a ideia de faz tempo. Por mais que a gente seja um casal um pouco mais reservado, a gente viu isso como uma oportunidade de fazer algo memorável. É importante dar esse tipo de visibilidade, porque para a gente sempre foi uma questão de garantia direitos. Poder estar assegurado, poder visitar no hospital, incluir no convênio médico”, afirma Gabriel.

Assim como muitos casais, Gabriel e Filipe e Melina e Roseli também cogitaram realizar a união no final do ano passado, quando a eleição do presidente Jair Bolsonaro (PSL) preocupou a comunidade LGBT sobre um possível retrocesso.

“A gente ficou com medo de ele tentar tirar direitos. Cogitamos casar o ano passado mesmo, mas iria contra o que a gente queria. Seria casar de qualquer jeito para não perder a oportunidade. Mas a gente conversou com alguns advogados que nos tranquilizaram e então resolvemos esperar”, diz Melina.

“No final do ano passado a gente buscou adiantar algumas coisas, viu toda a papelada, tudo o que precisava e até viu alguns lugares com casamento coletivo, mas acabou não rolando”, afirma Gabriel.

Da esquerda para a direita: Melina do Nascimento, Roseli Tanajura, Gabriel Utiyama e Filipe Rezende.  — Foto: Celso Tavares/G1

Segundo Melina, fazer um casamento coletivo em um evento tão grande como a Parada é importante para reafirmar que os casais homoafetivos são iguais a todos os outros.

“É chato ter que falar toda hora, mas algumas pessoas que são intolerantes não entendem isso. Elas levam muito para o lado da religião, mas a gente não quer casar na igreja, o que a gente quer é garantir os nossos direitos civis”, diz.

A ação do casamento coletivo na Parada LGBT foi idealizada por duas startups, a Popspaces e The Next H, que selecionou os cinco casais através de inscrições pelo site. Um cartório itinerante foi montado em um escritório na Av. Paulista para a assinatura dos papéis e o “sim” também será dito em um dos 19 trios que fazem parte da programação do evento.

Fonte: G1