A partir da próxima semana, a Associação Paulista Viva e a Agência de Notícias da Aids vão reunir artistas soropositivos na 1ª Mostra Mais Arte, Menos Aids para marcar a passagem do Dia Mundial de Luta Contra a Aids. O evento acontecerá no Parque Prefeito Mário Covas, em São Paulo, de 25 de novembro a 1º de dezembro e a ideia é utilizar a arte para falar de prevenção, HIV/aids e direitos humanos.

A Mostra é gratuita e tem o apoio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo, da DKT do Brasil, da ONG AHF Brasil, da farmacêutica GSK, da Bayer e da Gilead Sciences.

A Agência Aids conversou com alguns artistas que se apresentarão na Mostra e fez as seguintes perguntas:

– Como você começou trabalhar com arte?

– O que significa participar de uma mostra no Dia Mundial de Combate à Aids?

– O que representa a arte para você?

Leia abaixo as respostas e conheça melhor esses artistas.

Drew Persi – ator

Como você começou trabalhar com arte?

Comecei a trabalhar com arte aos 15 anos, quando fui assistir pela primeira vez uma peça teatral e nunca mais quis sair disso tudo!

O que significa participar de uma mostra no Dia Mundial de Combate à Aids?

É um dos momentos mais importantes e significativo pra mim, transformar algo tão pessoal e estigmatizado, em arte!

O que representa a arte para você?

Representa o sentido da minha vida, ela me guia, ela me aponta os caminhos, ela me cura, ela salva!

 

 

Maria Sil – cantora

Como você começou trabalhar com arte?

Sou formada em artes dramáticas, uma formação técnica. Desde então (2011)  passei a trabalhar com arte em projetos culturais.

O que significa participar de uma mostra no Dia Mundial de Combate à Aids?

Estar neste dia é uma forma de mostrar que a arte também é ferramenta política e pode ser uma linha auxiliar na luta pelos direitos das pessoas vivendo com HIV/aids.

O que representa a arte para você?

Arte pra mim, hoje, é a possibilidade de criar um espaço de escuta. Em meio ao caos e aos algoritmos a arte nos possibilita escutar.

 

 

Marina Vergueiro – poeta

Como você começou trabalhar com arte?

Eu comecei a escrever poesia aos nove anos de idade. Fiz uma homenagem aos meus irmãos que tinham ido viajar nas férias, eu estava com saudades deles e decidi expressar isso através da poesia porque meu pai e minha vó já tinham me dado vários livros de poesia, principalmente da Ruth Rocha, logo que eu aprendi a ler e escrever. E eu gostava muito da maneira como ela escrevia, achava divertido, isso das rimas e tal e também da musicalidade da poesia. Daí eu comecei a escrever e a poesia realmente se fortaleceu dentro de mim, se enraizou durante a adolescência, aquele período de crise, revolta, era como uma válvula de escape, foi muito importante pra mim.

O que significa participar de uma mostra no Dia Mundial de Combate à Aids?

Participar dessa mostra tem um significado gigantesco pra mim.  Logo que eu descobri que eu tinha aids, fiquei muito doente, passei dois meses no hospital e no mesmo ano eu decidi lançar meu livro. Ele sempre se chamou Exposta. Eu falei assim, vou me recuperar e vou lançar o livro no 1º de dezembro. Sempre foi meu sonho, por conta do simbolismo todo. Só que  de 2012 até 2019, eu fiquei lutando contra o estigma dentro de mim, contra o medo, o preconceito relacionado ao HIV e eu simplesmente não conseguia ir adiante com o meu projeto. Eu tinha medo de publicar o livro no qual eu falava abertamente sobre a minha sorologia. Então, ele ficou meio que na gaveta. Após sete anos trabalhando isso dentro de mim, eu consegui sair do armário em relação a viver com HIV e decidi lançar meu livro. Vou lançar este ano, optei por não lançar no dia 1º justamente porque eu gostaria de estar participando de todas essas atividades, com todos os ativistas e artistas que lutam pela causa. É super importante para mim, estar lá ao lado deles, me fortalecer pra poder, logo em seguida, na semana seguinte lançar o meu livro.

O que representa a arte para você?

Eu costumo dizer que eu faço poesia de sobrevivência. Literalmente eu expilo, eu regurgito poesia pra conseguir seguir adiante, pra poder continuar minha vida. Os sentimentos são muito intensos dentro de mim e muitas vezes é difícil lidar com eles. Os pensamentos às vezes me deixam louca e a arte é uma maneira de organizar isso, de me acalmar, de me curar. A arte é uma autocura definitivamente. A poesia pra mim foi uma autocura e segue sendo. Em relação à sorologia, acho que ela é mais importante ainda porque eu acredito que o HIV/aids está muito conectado com o nosso emocional, o nosso psicológico. A arte, aos nos expressar, de uma maneira ou de outra a gente consegue se curar, se libertar e estar mais saudável pra enfrentar as baixas da imunidade causadas pelo HIV.

 

Confira a programação a seguir:

Exposições

I Festival Internacional de Humor em DST e Aids – De 24 de novembro a 1 de dezembro – Entre 7 e 18h

Indetectável = Intransmissível – De 29 de novembro a 1 de dezembro – Entre 7 e 18h – A exposição traz histórias de pessoas vivendo com HIV/aids com carga viral indetectável há pelo menos seis meses, com boa adesão ao tratamento e um risco insignificante de transmitir o vírus pela via sexual.

 

Sábado – 30 de novembro

* Mancebo com adereços da artista Adriana Bertini – das 11 às 18h

Auditórios públicos falando sobre aids

11h30 – Populações-chave e HIV – Estratégias de prevenção para diminuir infecções

Mediação: Lucas Bonanno

Debatedores: João Nemi Neto – Professor do Departamento de Culturas Ibérica e Latino-americanas da Universidade de Columbia – Nova York – EUA; Beto De Jesus, diretor da AHF Brasil; e Cleiton Euzebio, diretor Interino do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/aids (Unaids).

14h00 – Quarta década do HIV – Resultados positivos e novos desafios

Mediação: Filomena Salemme

Debatedores: Maria Cristina Abbate, coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids de Sâo Paulo; Carué Contreiras, médico pediatra e sanitarista; e Rico Vasconcelos, infectologista.

16h00 – Empresas e a luta contra a aids

Mediação: Roseli Tardelli

Debatedores: Representantes da DKT do Brasil e da ViiV Healthcare, de propriedade da GSK; e Marilia Casseb, diretora Associada de Assuntos Externos da Gilead Sciences.

17h00 – Apresentação Musical Banda Théo Com Sétima

 

Domingo – 01 de dezembro

* Oficina com camisinhas/ Mancebo de adereços com Adriana Bertini – Entre 11h e 18h

11h00 – Micaela Cyrino com a Performance “A soropositiva”

12h00 – “A carne, a língua, o vírus” – Pocket Show de Maria Sil

13h00 – Palavra e Prevenção – Roda de conversa com escritores positivos

Participação: Marcelo Seiler, autor do livro Positivo Maxwell; Thais Renovatto, autora do livro Cinco Anos Comigo; Salvador Correa, autor de O Segundo Armário – Diário de Um Jovem Soropositivo; e Marina Vergueiro, autora de Exposta.

14h00 –  Drew Persi com a Performance “Escolha Viver”

15h00 – “Som de Gaê”, com músicas autorais

16h30 – A música ficará por conta dos DJs David Carneiro e Filipe Trindade

 

Serviço

1ª Mostra Mais Arte, Menos Aids

Quando: de 25 novembro à 01 de dezembro

Local: Parque Prefeito Mário Covas

Horário: de 11h às 17h30

Contato: Roseli Tardelli – (11) 3266-2107

 

Redação da Agência de Notícias da Aids