“A mídia como aliada na resposta à epidemia do HIV” foi o tema central do debate realizado na quarta-feira (25), em Brasília, durante a primeira reunião do Grupo Temático Ampliado das Nações Unidas sobre HIV/Aids de 2018. Presidida pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), a reunião teve a presença de cerca de 30 representantes de governo, embaixadas, organismos da ONU, outras representações governamentais e organizações da sociedade civil formadas por pessoas vivendo com HIV.

“Todos sabemos que o papel da mídia é fundamental, mas também sabemos que os temas relacionados ao HIV são complexos e precisam de um olhar cuidadoso”, disse o representante do UNFPA no Brasil, Jaime Nadal, para quem o debate sobre o papel da mídia é fundamental, principalmente quando se trata de fomentar o engajamento sistemático dos veículos de comunicação com a questão da aids.

“Se as questões de HIV e discriminação não forem tratadas de forma séria e rigorosa pela mídia, torna-se muito fácil que, no lugar de informar a sociedade, ela acabe reforçando uma série de estigmas, estereótipos e situações que estão longe de contribuir para a resposta à epidemia.”

Os jornalistas Nathan Fernandes, editor e repórter da revista Galileu, e Fabiane Leite, produtora e roteirista do programa Bem Estar, da Rede Globo, foram convidados a participar do debate e trazer exemplos práticos sobre como funciona a produção de conteúdos relacionados a HIV em suas áreas de atuação.

“Nossa estratégia sempre foi a de tratar a mídia como aliada, porque são realmente nossos parceiros diretos e indiretos na divulgação de informações importantes e no alcance de um número significativo de pessoas. É nosso papel fornecer as ferramentas necessárias para que essa informação chegue de forma adequada e correta ao público”, explicou Daniel de Castro, assessor de comunicação do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (Unaids), durante a apresentação de abertura do encontro.

“Um de nossos principais esforços nessa parceria com a mídia é o de quebrar o discurso do medo, que ainda é muito utilizado como recurso mas que em nada contribui para o fim da epidemia e, principalmente, para o fim do estigma e da discriminação em relação às pessoas vivendo com HIV.”

Durante o encontro, a diretora do Unaids no Brasil, Georgiana Braga-Orillard, destacou a construção de uma estratégia de comunicação da equipe conjunta do Unaids para o biênio 2018-2019, como um dos instrumentos para fortalecer a parceria com a mídia brasileira.

“Nosso objetivo é ampliar esse trabalho que já tem sido feito pelo Unaids nos bastidores e oferecer oficinas e ferramentas a profissionais da mídia para que possam se adaptar a essa nova realidade da resposta à epidemia”, explicou Georgiana. “Ao incentivar a mídia na utilização de termos corretos, no emprego de terminologias e conceitos adequados ao contexto atual, nós iremos fortalecer esse compromisso e essa parceria para a sensibilização e a conscientização da sociedade sobre a importância da prevenção, do tratamento e da não discriminação”.

Além da apresentação do Plano de Trabalho da Equipe Conjunta do Unaids para o biênio e de uma atualização sobre o processo de construção do Stigma Index Brasil — o índice de estigma das pessoas vivendo com HIV, a reunião foi marcada também pela apresentação da Agenda Estratégica de Ações para Populações-Chave em HIV do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais (DIAHV) do Ministério da Saúde.

“O objetivo principal dessa agenda é tentar ampliar o acesso dessas pessoas à prevenção combinada e ao cuidado integral do HIV, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis”, explicou Adele Benzaken, diretora do DIAHV. Ela lembrou que, no Brasil, a epidemia ainda é concentrada em populações específicas e que, por esse motivo, torna-se importante a realização de ações que sejam articuladas em todos os sentidos e entre diferentes organismos.

Presidência do UNFPA no grupo de trabalho

A presidência do GT Unaids está sob a responsabilidade do UNFPA neste biênio 2017-2018. No ano passado, a única reunião do GT Unaids foi realizada em julho e teve como tema central os esforços dos diferentes atores na resposta ao HIV para a derrubada do Projeto de Lei 198/2015, que propunha tornar crime hediondo a transmissão intencional do HIV de uma pessoa para outra.

“Devido às constantes mudanças institucionais ocorridas em 2017, conseguimos realizar apenas uma reunião deste grupo”, explicou o representante do UNFPA. “E foi uma reunião muito produtiva já que conseguimos unir esforços para alcançar a derrubada do PL 198”.

Com forte atuação na agenda de direitos sexuais e reprodutivos, o UNFPA é um dos 11 copatrocinadores do UNAIDS e integra também a localmente a Equipe Conjunta do Unaids e o GT Unaids. O UNFPA atua na promoção do serviço de saúde de qualidade universal, incluindo a prevenção e o tratamento das infecções do aparelho reprodutor e das infecções de transmissão sexual, incluindo o HIV.

Criado em 1997 por meio de uma abordagem multissetorial, o GT Unaids do Brasil busca apoiar a resposta à epidemia de HIV no país. Essa mobilização tem contribuído para colocar o HIV entre os temas prioritários de atuação conjunta do Sistema ONU no Brasil, como parte da promoção da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável proposta pelas Nações Unidas.

Fonte: ONU