O debate “Neoconservadorismo e políticas antigênero na América Latina: Olhares Brasileiros”, organizado pelo Observatório de Sexualidade e Política (SPW, sigla em inglês) – secretariado pela ABIA – marcou o lançamento, em português, do e-book “Políticas antigênero na América Latina”. A publicação online – cuja versão original foi lançada em 2020 em espanhol – oferece os resumos de nove estudos de caso regionais e mais duas investigações específicas sobre o tema.

O evento contou com a participação de Richard Parker, diretor presidente da ABIA e co-coordenador do SPW; Sonia Corrêa, co-coordenadora do SPW; Isabela Kalil, coordenadora da pós-graduação em Antropologia da FESPSP e co-cordenadora do Observatório da Extrema Direita; Andrea Dip, diretora, editora e repórter na Agência Pública; e Camila Rocha, cientista política dedicada à investigação do conservadorismo neoliberal.

Sonia (foto) relembrou a característica de “hidra” da ecologia antigênero na região, com “muitas cabeças, diferentes, que morrem, que renascem, o tempo todo e muito rápido”. Na mesma linha, Isabela Kalil, que divide com Sonia Corrêa a autoria do estudo de caso brasileiro, alertou que as posições antigênero no governo Bolsonaro se refinaram, camuflando seus traços misógino e anti-LGBT. “Agora as mulheres ocupam cargos de gestão, fazem defesa de um empoderamento da mulher, ainda que “mulher” seja uma noção bastante restrita”, disse Isabela. Ela também observa que a pauta antigênero está se transmutando em uma agenda de políticas públicas de “proteção da família heterossexual”.

Já Richard Parker relembrou dos 20 anos do SPW e contextualizou os principais projetos em relação ao e-book lançado na ocasião. Camila Rocha analisou as conexões entre políticas antigênero e o campo da produção e promoção da racionalidade neoliberal. Andrea Dip, por sua vez, valorizou os resultados da pesquisa como fontes para a imprensa. Dip, sobretudo, observou que a grande mídia tem deixado a descoberto fatos e processos muito relevantes das políticas antigênero e sua vinculação com a chamada nova direita, em particular o lugar que o Brasil ocupa no contexto regional e a teia de relações entre atores nacionais e regionais.

O debate contou também com reflexões sobre as ligações das políticas antigênero com o neoliberalismo e com os processos de desdemocratização da região, bem como papel da imprensa na disseminação e consolidação da “hidra” e explorou outras e novas faces das políticas antigênero e estratégias de enfrentamento.

O SPW também disponibilizou no YouTube uma série de 8 vídeos curtos sobre os resultados da pesquisa sobre Políticas Antigênero na América Latina disponíveis em nosso canal. Os vídeos têm tradução em português (basta ativar as legendas do YouTube). Para acessar, só clicar neste link https://www.youtube.com/playlist?list=PLJducpnq4lec6wB7IOrwct-83nxMT16S6

A conversa está disponível neste link https://www.youtube.com/watch?v=tP1GLeCHp0I