“Declaro abertos os Jogos Olímpicos de Tóquio”. Como foi aguardado o decreto do imperador Naruhito. Depois de um ano de adiamento, as Olimpíadas de Tóquio enfim começaram oficialmente nesta sexta-feira. Em uma cerimônia de abertura mais enxuta e sem público, o Japão encantou com uma mensagem de união, superação e esperança em tempos de pandemia de coronavírus. Até o dia 8 de agosto, os olhos do mundo se voltam para Tóquio e para as histórias de conquistas de 11 mil atletas.

As barreiras impostas pela covid-19 foram lembradas, dos atletas que treinaram sozinhos em períodos de isolamento aos profissionais da saúde na linha de frente da pandemia. Receberam as devidas homenagens em uma festa restrita a cerca de mil convidados entre chefes de estados e membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), mas transmitida para bilhões de pessoas ao redor do planeta. Houve um minuto de silêncio em memória das vítimas da pandemia.

A festa não teve a energia da abertura da Rio 2016. Não teve a exuberância da cerimônia de Pequim 2008. Ainda assim cativou com muita tecnologia e emocionou com uma mensagem de paz ao som do clássico “Imagine”. Coube à tenista japonesa Naomi Osaka, a atleta mais bem paga da história em uma única temporada, acender a pira olímpica.

Um grande momento da festa foi a mensagem de união na diversidade dos povos. Pouco mais de 1.800 drones sobrevoaram o Estádio Olímpico e montaram um globo terrestre. Houve ainda uma homenagem a Yoko Ono e John Lennon com a canção “Imagine” sendo interpretadas por cantores dos cinco continentes, em uma mensagem de paz e união dos povos.

Mestre-sala e porta-bandeira do Brasil

Pela primeira vez o Brasil teve dois porta-bandeiras: Bruninho (campeão olímpico do vôlei) e Ketleyn Quadros (primeira brasileira a conquistar uma medalha olímpica, em Pequim 2008, no judô). Os dois puxaram uma delegação bem reduzida no Estádio Olímpico. Apenas dois membros do Comitê Olímpico do Brasil desfilaram, cumprindo o número mínimo exigido pelo COI. Ainda assim os dois medalhistas olímpicos fizeram festa e arriscaram alguns passos de samba, imitando um mestre-sala e uma porta-bandeira.

Bruninho e Ketleyn, porta-bandeiras do Brasil em Tóquio 2020 — Foto: Matthias Hangst/Getty Images

Para evitar o risco de algum atleta brasileiro pegar covid, o COB vetou a participação dos pouco mais de 300 atletas do país participarem da abertura. No entanto, houve um desfile simbólico dos brasileiros na Vila Olímpica.

Parada das nações “mascaradas” (com exceções)

A máscara foi um item fundamental para todos na parada das nações. Como de costume, a Grécia, criadora das Olimpíadas na antiguidade, abriu o desfile das delegações. A equipe olímpica de refugiados foi a segunda delegação a desfilar. O Brasil foi o 151º país a entrar no Estádio Olímpico. A Rússia, punida por causa do escândalo de doping sistemático no país, desfilou com a bandeira olímpica. O anfitrião Japão fechou a parada das 206 delegações.

Homenagens aos profissionais da saúde

A bandeira do Japão foi carregada por quatro atletas de destaque do país e também por uma profissional da saúde que atuou na linha de frente da pandemia. O hino japonês ecoou na voz de Misia, cantora famosa no país.

A bandeira do Comitê Olímpico Internacional foi levada ao Estádio Olímpico por atletas dos cinco continentes que atuaram na linha de frente da pandemia e um membro do time de refugiados. A representante das Américas foi a judoca argentina Paula Pareto, atual campeã olímpica da categoria até 48kg, que também é médica.

Tem torcida?

Ainda que o público tenha sido barrado das arquibancadas para evitar os riscos de contágio por coronavírus, alguns japoneses fizeram questão de participar da festa. Alguns torcedores se reuniram no entorno do Estádio Olímpico. E teve gente que estava em clima de carnaval. Roubou a cena um torcedor fantasiado de Kim Jong Un, ditador da Coreia do Norte.

Discursos dos oficiais

“Hoje é um momento de esperança. Sim, é muito diferente do que todos nós tínhamos imaginado. Mas vamos valorizar este momento porque finalmente estamos todos aqui juntos: os atletas de 205 Comitês Olímpicos Nacionais e a Equipe Olímpica de Refugiados do COI, vivendo sob o mesmo teto juntos na Vila Olímpica. Este é o poder unificador do esporte. Esta é a mensagem de solidariedade, a mensagem de paz e a mensagem de resiliência. Isso dá a todos nós esperança para nossa jornada futura juntos”, disse Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional.

Seiko Hashimoto, presidente do Comitê Organizador dos Jogos de Tóquio, também se pronunciou. “O mundo inteiro enfrentou desafios imensos com COVID-19. Gostaria de expressar minha gratidão e respeito a todos os trabalhadores essenciais, incluindo aqueles em serviços médicos e outros ao redor do mundo que mostraram tanta determinação em superar esses desafios. Dez anos atrás, quando decidimos concorrer aos Jogos Olímpicos, muitas pessoas no Japão enfrentaram profundas dificuldades e estavam de luto após o grande terremoto e tsunami no Leste do Japão. Muitas das comunidades afetadas estavam perdendo a vontade de levantar e seguir em frente. Pessoas de todo o mundo estenderam uma mão, encorajando-nos a avançar juntos. Agora, 10 anos depois, podemos mostrar a vocês a recuperação do Japão. Somos muito gratos.”

Fonte: Redação com informações do Globo Esporte