Acontece de forma presencial em Fortaleza (CE), entre 27 e 30 abril, a 21ª edição do Encontro Nacional de ONG/Aids (ENONG).Organizado pelo Fórum do Movimento Social de Luta contra a Aids no Ceará, será o primeiro grande encontro do Movimento de Luta contra a Aids após o início da pandemia da Covid-19, em 2020.  São esperados mais de cem representantes de todas as regiões do Brasil. 

A Agência Aids conversou com Vando Oliveira, que está na representação das comissões política e organizadora do 21º ENONG. Vando é integrante do Fórum do Movimento Social de Luta contra Aids do Ceará e está há 14 anos no ativismo. Chegou na RNP+ em 2008 e hoje está à frente da coordenação do Núcleo Ceará. Anteriormente, entre 2010 e 2013, ocupou por três anos a Representação da Região Nordeste da Rede. De 2015 a 2017, ocupou a Secretaria política da RNP Brasil e, no mesmo período, também esteve na suplência da secretaria da ANAIDS Em janeiro de 2021, reassumiu a secretaria da ANAIDS, onde ficará até o próximo dia 30 no final da plenária do Enong, quando encerra seu mandato. Em novembro passado, Vando também voltou à  secretaria política da RNP Brasil, onde ficará até 2023.

 

Quais são as expectativas para este Encontro?

São muitas, mas podemos dizer que a principal expectativa é para que, após dois anos de pandemia e de distanciamento, e três anos do último ENONG, consigamos nos reconectar e crescer enquanto movimento. 

Quais os pontos mais importantes que serão discutidos?

Esperamos conseguir alcançar o que verbaliza o nosso tema central “Reafirmando lutas e resistindo aos desafios”. Esperamos que, com esse ENONG, consigamos resistir aos desafios que a pós covid-19 nos impõe. E resistir reafirmando a nossa luta por uma saúde pública, um SUS fortalecido, uma política de aids que volte a ser referência, maiores investimentos e, principalmente, melhor qualidade de vida para as pessoas. Queremos fortalecer a política de aids para que tenhamos mais acesso aos serviços e menos estigma, mais qualidade no tratamento e menos preconceito, mais apoio institucional e menos discriminação. 

Esta é a primeira reunião presencial após dois anos de pandemia. O que representa este encontro neste momento?

Representa um grande momento para que o movimento social volte a se articular, aglutinar e repensar diversas ações. O encontro presencial é simbólico, até pelas trocas mais efusivas e, principalmente, pelo compartilhar de acolhimento e afetividade. Estamos precisando desses momentos de reencontros, de novos diálogos, de troca de afetos e de discussões acaloradas. E, ainda mais no movimento aids, que sempre foi tão pulsante e passional, o presencial traz uma vivência especial. 

Como a pandemia de Covid-19 afetou a assistência ao HIV/aids?

O impacto da pandemia da Covid-19 tem sido imenso, mas ainda não conseguimos dimensionar o todo desse impacto. Mas é certo que tivemos uma redução de pessoal nos serviços, com diversos profissionais deslocados para as frentes da Covid-19, e redução dos recursos financeiros. O distanciamento social, mais forte do primeiro ano da pandemia, também impactou na busca pelos serviços. Outro ponto importante foi a queda na notificação de novos casos. Para além disso, já temos relatos de usuários que não conseguiram retomar suas rotinas de consultas e acompanhamento, desde 2020 até o momento. Ou seja, o impacto é grande, mas ainda não conseguimos mensurar o todo. 

No final do Enong, será redigido um documento com as principais reivindicações do movimento social. Como e para quem será encaminhado esse documento?

Esse documento, que vai ser uma síntese das discussões – retratando o que o coletivo entende do atual momento e o que precisamos para seguir – vai ser amplamente divulgado, vai seguir para o Ministério da Saúde, Frentes Parlamentares, parceiros nacionais e internacionais, imprensa e vamos sugerir que as organizações dos ERONGs também estimulem as regiões a divulgarem amplamente em suas redes/mídias sociais e lista de correspondência. Faremos o documento circular de formal virtual, mas também será impresso para os encaminhamentos para os órgãos oficiais. Contamos com a colaboração de parceiros estratégicos para essa divulgação.

 

HIV/aids no Ceará

Segundo notificações do último boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) no ano passado, da década de 1980 a dezembro de 2020, foram notificados 14.647 casos de aids no Ceará, com média anual de 930 novos casos nos últimos 5 anos. De janeiro a outubro de 2021, foram confirmados 462 casos, conforme a planilha de notificação. Os dados apontam que os números de novos casos vêm diminuindo desde 2012, e que houve uma queda importante no ano de 2020. Provavelmente, isso ocorreu devido a pandemia da Covid-19 que limitou os diagnósticos no serviço de saúde, pondera a Secretaria. Até 2020, conforme a Sesa, o Ceará tinha 19.604 pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA) em tratamento antirretroviral no Estado.

No entanto, Cleiton Freitas, representante da Rede Nacional de Pessoas vivendo com HIV e Aids no Ceará (RNP+CE), estima que o número chegue a 30 mil pessoas “sujeitas diariamente a processos de exclusão pelo preconceito, resistente mesmo após quatro décadas da doença no Estado.”

Em 2021, de janeiro a outubro, foram notificados 1.084 casos de infecção por HIV no estado, sendo 837 homens (77% do total) e 247 mulheres (23%). Do total, 710 casos (65%) ocorreram na população mais jovem, de 20 a 39 anos de idade. O diagnóstico da infecção é feito a partir de testes rápidos, disponíveis em unidades básicas de saúde.

 

Com o apoio do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis e dos organizadores do evento, a coordenadora de redação da Agência Aids Talita Martins acompanhará as mesas e discussões em Fortaleza.

 

Serviço:

21ª edição o Encontro Nacional de ONG/Aids (Enong)

Data: 27 e 30 abril

Local: SESC- Iparana Fortaleza/CE

 

Redação Agência Aids

 

Dica de Entrevista:

E-mail: forumongaidsceara@yahoo.com.br