Respondendo a um pedido gracioso e belíssimo de dona Roseli Tardelli escrevo-vos algumas palavras de esperança em uma modernidade líquida, utilizando-me de palavras do sociólogo Zigmunt Bauman. Eu estou muito feliz de estar convosco, nesses instantes de leitura, dia ou noite harmoniosos e silenciosos afastando-se, assim, dos ruídos da modernidade, de uma sociedade frenética e, não poucas vezes, deveras materialista e consumista, buscando balbuciar e degustar uma experiência de paz interior. “As palavras mais escondem que revelam.” Olhem, mesmo correndo o risco, desejo falar-lhes algo, pois as palavras também podem comunicar e revelar! Esforçar-me-ei em dizer algo que possa não escravizar, mas produzir uma renovação interior. Direi uma palavra que possa produzir uma musicalidade melódica de felicidade e de paz para todos.

Então, meu Excelso Amigo, e amigo de muitos outros, Jesus, assevera no Evangelho Redivivo de Paz que o Pai Celestial faz despontar o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Um outro amigo meu, Mahatma Gandhi, afirmava que, “quem não vive para servir, não serve para viver”. Dessa forma, vislumbro nas palavras ditas anteriores de Jesus, o Amigo da Paz, Amigo da Humanidade, o princípio de ahimsâ, quer dizer, o princípio do amor, ou ainda, também, podemos falar assim: o princípio do “não ferir”, da não violência, ou ainda mais, da não agressão, de Mahatma Gandhi.

Bem, parece-me que, claramente, tanto para o meu Excelso Amigo, Jesus, o Sinete de Deus, e para Gandhi, a não violência não se configura simplesmente como uma possível ausência de agressão do outro, mas representa uma profunda atitude de ternura, compaixão, perdão e solidariedade. Nesse sentido, como dizia meu amigo Gandhi, é necessário haver uma profunda paciência divina.”

Aí claramente não existem diferenças. E, se existem, é um convite à complementariedade, é um convite ao respeito ao outro, criado à imagem e semelhança de Deus, é uma interface de comunhão. Lembrando-me de Emmanuel Levinas, digamos então assim, precisamos de uma ética da alteridade. A paz é uma construção interior que tem profundos entornos sociais e, por isso mesmo, a construção da paz realiza-se a partir, com e para o outro, uma vez que necessitamos, urgentemente, da ética da alteridade. Contudo, se me relaciono com os outros a partir e com diferenciação, então, posso criar profundos muros de separação, posso estabelecer uma relação egoíca. Se vejo no outro e me contemplo no outro, então, sim, somos todos irmãos, porque descubro e redescubro que somos todos seres humanos. Isso é a humanidade! Então, somos todos iguais! Aqui posso crescer e amadurecer com o outro e para o outro. Então, se sinto empatia, posso amadurecer e crescer. Aceitação é palavra chave para compreender, reconhecer a igualdade entre todos nós. Aceitação também será a palavra hermenêutica que pode ajudar-nos a vencermos a histeria coletiva, o negacionismo e a postura pessimista diante da realidade hodierna da Covid – 19.

Certamente, agora, tenho a alegria de apresentar-lhes minha Amiga Veneranda, a psicóloga da Espiritualidade, da Transcendência, a Terapeuta Espiritual, Joanna de Ângelis. Essa, asseverar-nos-á que, esse processo de amadurecer e crescer, podemos chamá-lo de autoiluminação, autodescobrimento, ou ainda, de o Despertar do Espírito. Porque, esse processo, é processo de amor. “Desse modo, através do amor, imbatível amor, o ser se espiritualiza e avança na direção do infinito, plenamente realizado, totalmente saudável, portanto, feliz,” afirma-nos Joanna. E o amor nos conduz e proporciona a via pulchritudinis [em latim, o caminho da beleza] da paz! Também, afirmava um outro amigo meu, Bert Hellinger, dizendo uma palavra sobre o crescimento interior: “sim, eu respeito você como uma pessoa de mesmo valor e à sua maneira especial, não apenas boa, mas também importante para mim. Então eu cresço.” Aqui encontra-se o acontecimento da paz. A paz é uma bênção para todos! Aqui, essa paz, não se concretiza à luz de contratos armistícios entre diálogos internacionais. Ela vem de dentro para fora.

Encontramos, dessa forma, nas palavras de meu Amigo Excelso, Jesus, o Exegeta de Deus, de Gandhi, Hellinger e de Joanna de Ângelis um princípio verdadeiro de paz. É preciso despertar e redespertar em cada um de nós a ternura, a compaixão, o perdão, a solidariedade e, por fim, a virtude da humildade. Reconhecer que somos todos iguais e diferentes perante algo que nos transcende, que é maior. Aqui também está a PAZ. A paz só poderá ser construída tendo esse princípio em nossa mente e em nosso coração, nos refolhos de nosso Espírito. Precisamos de uma sociedade de paz alicerçada nesses valores internos que estão inscritos na Alma Humana: é só uma questão de Educação, Pedagogia e Método para despertá-los.

Aqui, eu preciso dizer-lhes que, tenho um quinto amigo, e esse é o último de meu pequeníssimo texto, Divaldo Pereira Franco. Esse, promove juntamente com um grupo de pessoas, o “Movimento Você e a Paz”. Para mim uma verdadeira via pulchritudinis, um caminho de beleza que nos conduz à verdade. Vejamos como ele tem uma profunda relação esponsal com o meu Amigo Excelso, Jesus, o Sol de Justiça que nos ilumina, o Alvorecer do Alto, com Gandhi, Bert Hellinger e Joanna de Ângelis. Ele afirma que, “o nosso sentido existencial é amar.” Assegura-nos ainda que, “a proposta do Movimento Você e a Paz é que partamos para a ação por intermédio da não violência – a maior arma contra a violência, em nome da caridade, do perdão, do amor ensinado por Jesus.” E ele continua apresentando-nos o objetivo pelo qual fora criado o Movimento: “Conclamar as pessoas a reflexionarem sobre a paz pessoal, a paz no lar, no trabalho, no grupo social, na comunidade, sobre a paz que tomará conta da terra.”

Deixemos que a bênção de paz brilhe para todos os homens e mulheres, para maus e bons, para justos e injustos, da mesma maneira. Lembrando-me do Espírito de Francisco Spinelli, arroteemos o terreno do nosso coração e da mente à nossa disposição, adubemo-los e atiremos neles as Sementes fecundas do Evangelho. Esforcemo-nos para sermos uma grande bênção de paz para nós mesmos e para o mundo. Deixemos Jesus fazer o resto. E Ele o fará com certeza!

Façamos, agora, um instante profundo de silêncio reflexionando e oremos. Agradeço imensamente a Deus e a dona Roseli Tardelli que proporcionaram a escrita desse pequeníssimo artigo! Graças! Possa ter ajudado a reflexionar e descobrir forças para o enfrentamento da realidade em que todos nós estamos mergulhados. Sim, a palavra hermenêutica será sempre resiliência.

Padre Manoel Olavo Amarante, é presbítero de tradição católica, ordenado presbítero em 1997. Atualmente Pároco da Paróquia Santa Ana, Itaquera, São Paulo